O juiz Sérgio Moro foi alvo de protestos durante palestra
nesta sexta (9) em Heidelberg, na Alemanha; um grupo de cerca de 30
juristas e acadêmicos enviou uma carta à Universidade de Heidelberg
argumentando que Moro não tem credibilidade para discursar sobre combate
à corrupção no Brasil, por ser "parcial" em favor do PSDB e PMDB; na
plateia, brasileiros levantaram cartazes com dizeres "Moro na cadeia" e
"parcialidade fere a democracia"; perguntado por que divulgou os áudios
de escutas telefônicas de Dilma, Moro afirmou que as pessoas têm o
direito de saber o que seus governantes fazem; sobre a criticada foto em
que aparece rindo ao lado de Aécio Neves (PSDB), Moro disse que foi
"uma foto infeliz, mas não há nenhum caso envolvendo ele"; Aécio é um
dos políticos mais citados nas recentes delações da Odebrecht e da
Andrade Gutierrez; confira vídeo do escracho
"O juiz federal Sergio Moro incorreu em posturas as quais foram determinantes para o clima político de derrubada de um governo legítimo servindo, desta forma, aos piores interesses antidemocráticos", diz o texto, em referência ao vazamento de uma escuta telefônica entre a então presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no período de crise pré-impeachment.
Na plateia, brasileiros levantaram cartazes com dizeres "Moro na cadeia" e "parcialidade fere a democracia". Ele chegou a ser chamado de juiz do PSDB e da Globo. Outros gritavam "Moro, meu herói". Os grupos trocaram insultos.
Perguntado por uma pessoa na plateia por que divulgou os áudios de escutas telefônicas de Dilma, Moro afirmou que as pessoas têm o direito de saber o que seus governantes fazem. "É estranho que numa democracia as pessoas reclamem de uma revelação como essa. Desde o início das investigações decidimos que não iríamos esconder nenhuma informação do público", declarou ao ressaltar que a atitude "não foi uma exceção à regra".
Questionado pela DW Brasil sobre a criticada foto em que aparece rindo ao lado do senador Aécio Neves (PSDB-MG) durante a premiação "Brasileiros do Ano de 2016", da revista "IstoÉ", Moro afirmou que o político não está sob sua jurisdição. "Foi um evento público, e o senador não está sob investigação da Justiça Federal de Curitiba. Foi uma foto infeliz, mas não há nenhum caso envolvendo ele", disse.
Aécio Neves é um dos políticos mais citados nas recentes delações de executivos da Odebrecht e de funcionários da Andrade Gutierrez.
O juiz disse discordar "totalmente" das críticas de que o processo legal não tem sido cumprido na Lava Jato. "A operação não é uma bruxa caçadora", justificou ao dizer que não "joga com a política". "Nenhuma prisão aconteceu com base em opiniões políticas, mas em evidências de que crimes foram cometidos."
Para Moro, a Lava Jato dá ao Brasil a oportunidade de superar a "prática vergonhosa" de pagamento de propinas. "Há uma profunda erosão na confiança na democracia", afirmou. "A Lava Jato revela que muito pode ser feito para combater a corrupção sistêmica."
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