Na entrevista que concedeu a Jorge Bastos Moreno, Michel Temer
também tentou responsabilizar o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) pela
votação das propostas que desfiguraram as chamadas "dez medidas contra a
corrupção", tirando o corpo fora da polêmica; ele disse ter recebido um
apelo da ministra Cármen Lúcia e transmitido a questão ao Congresso; "O
senador Renan Calheiros e alguns parlamentares, aos quais transmiti
esse apelo, apresentaram fortes argumentos para que a matéria não fosse
retirada da pauta. Eu tinha dito a eles que endossava totalmente as
preocupações da presidente Cármen Lúcia. Mas eles, em função de seus
argumentos, mantiveram-se irredutíveis"; Temer, no entanto, sabe que foi
colocado no poder com a missão de "estancar a sangria" da Lava Jato,
como disse seu líder Romero Jucá (PMDB-RR), mas agora tenta colocar tudo
na conta dos parlamentares
247 – Na entrevista a Jorge Bastos Moreno (leia aqui),
Michel Temer também tentou tirar o corpo fora da polêmica sobre a
reação do Congresso Nacional contra a operação Lava Jato, embora tenha
sido colocado na presidência justamente com a missão de "estancar a
sangria".
Temer disse ter recebido um apelo da ministra Cármen Lúcia e transmitido a questão ao Congresso.
"O senador Renan
Calheiros e alguns parlamentares, aos quais transmiti esse apelo,
apresentaram fortes argumentos para que a matéria não fosse retirada da
pauta. Eu tinha dito a eles que endossava totalmente as preocupações da
presidente Cármen Lúcia. Mas eles, em função de seus argumentos,
mantiveram-se irredutíveis", disse ele. "Por
temperamento, não tenho por hábito constranger ninguém. Como presidente
da República é imperioso que eu respeite as decisões e a independência
de outros Poderes. Aliás, essa também foi a preocupação da ministra
Cármen Lúcia ao fazer esse apelo. Sendo assim, tive a cautela de não
insistir no assunto."
"A ministra e eu somos
amigos de longa data, e isso facilita também a nossa relação
institucional. E ela me ligou nestes termos: 'Olha, temos que salvar o
país, evitando essas crises'. Respondi-lhe: 'Concordo inteiramente'.
Hoje, por exemplo, com a colaboração do presidente da Câmara e do
Senado, acho que conseguimos conter a justa indignação popular contra o
caixa 2", afirmou ainda Temer.
No entanto, a reação à
Lava Jato no Congresso, onde mais de 200 parlamentares serão afetados
pelas delações da Odebrecht, foi comandada pela base aliada de Temer –
ao que tudo indica, com o seu aval – o que levou o procurador Deltan
Dallagnol a denunciar o esforço para "estancar a sangria".
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