Inseminação artificial: o que você precisa saber
Número de embriões congelados para reprodução assistida no Brasil dobrou no período de 2012 a 2016. Pacientes devem checar se clínica está legalizada.
Por: Ascom/Anvisa
08/05/2017
A
reprodução assistida começa com a estimulação ovariana da mulher, por
meio de hormônios, para a produção de óvulos (oócitos). Após essa etapa,
o espermatozoide do seu parceiro ou de um doador anônimo é inseminado
no óvulo. Quando esse procedimento tem sucesso é gerado um embrião que
pode ser transferido para o útero.
O
relatório da Anvisa mostra que, em 2016, foram realizados 33.790
procedimentos de estímulo para a produção de óvulos por mulheres que
querem passar por esse tipo de procedimento. Mas o número de pacientes é
menor, já que uma mulher pode passar por mais de um ciclo quando a
gravidez não tem sucesso.
No
mesmo período, 67.292 embriões foram transferidos para dar início a uma
gravidez e outros 55.381 foram descartados por serem inviáveis devido a
problemas de desenvolvimento.
Inseminação artificial tem risco?
Os
dados do relatório mostram que os indicadores no Brasil têm se mantido
estáveis e com padrões de qualidade comparáveis aos dados obtidos em
outros países. Esses indicadores são utilizados pela Anvisa e
pelas vigilâncias sanitárias de estados e municípios para direcionar
ações¿de inspeção sanitária nos bancos.
Uma
das maiores preocupações em relação às clínicas de reprodução assistida
é garantir a rastreabilidade de todo o processo, desde a retirada do
óvulo até a implantação do embriões no útero da paciente. Esse controle é
fundamental para se evitar a troca de embriões.
O risco
de transmissão de doenças é pequeno, mas pode ocorrer principalmente se
a clínica não fizer uma avaliação correta dos doadores
de espermatozoides. Outro risco é a contaminação cruzada que pode
ocorrer quando o material biológico de uma paciente entra em contado com
outro material, de forma indevida.
O que faço para me proteger?
A
primeira providência é verificar se a clínica está no relatório da
Anvisa e se ela enviou os dados em 2016. Se a clínica que você procurou
não informou dados em 2016 fique atento, isso significa que o serviço
pode ter algum problema de organização interna e não conseguiu enviar os
dados pelo sistema. O relatório traz dados atualizados até 10 de
fevereiro deste ano.
Atenção! Se o nome da clínica que você procura não aparece na lista do relatório, procure a Vigilância Sanitária local para saber se o estabelecimento está em processo de regularização, você pode estar diante de uma clínica clandestina.
Atenção! Se o nome da clínica que você procura não aparece na lista do relatório, procure a Vigilância Sanitária local para saber se o estabelecimento está em processo de regularização, você pode estar diante de uma clínica clandestina.
Entenda os números da reprodução assistida
O
relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões é um documento de
referência para a fiscalização das vigilâncias sanitárias, mas que
também pode auxiliar as pessoas que vão passar por esse tipo de
procedimento.
O
principal número utilizado para analisar a qualidade dos serviços é a
Taxa de Fertilização que indica o percentual de vezes em que a
inseminação do espermatozoide no óvulo deu certo. No Brasil, a média da
Taxa de Fertilização em 2016 ficou em 73%. Mesmo assim, o número não
deve ser utilizado de forma isolada para comparação entre as clínicas,
pois essa taxa também depende do perfil das pacientes e do número de
ciclos realizados pelo serviço.
Inseminação artificial no Brasil em 2016
- Brasil tem 160 serviços de reprodução assistida cadastrados. Desses, 141 mandaram informações sobre sua produção em 2016.
- São Paulo é o estado com maior número de serviços (43), seguido por Minas Gerais (19), Paraná (14) e Rio de Janeiro (12).
- 33.790 ciclos para produção de óvulos foram realizados.
- 67.292 embriões foram transferidos para o útero das pacientes.
- 55.381 embriões foram descartados.
- 83 embriões foram doados para pesquisa de células-tronco.
- 9 é a média de óvulos gerados por cada mulher que se submeteu ao procedimento no Brasil.
Acesse o Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio).
11/05/2013 06h30
- Atualizado em
31/05/2014 06h29
Quanto custa a reprodução assistida?
Preço pode variar de acordo com a técnica utilizada e o local do tratamento
Apesar
de ser mais barata do que já foi um dia, a reprodução assistida ainda é
inalcançável para muitas famílias (Foto: Thinkstock/ Getty Images)
saiba mais
Apesar de ter simplificado a gravidez de milhões de famílias ao redor
do mundo, as técnicas de reprodução assistida ainda contam com um grande
empecilho para transformarem ainda mais vidas: o preço. Em média, o
custo das técnicas pode variar de R$ 600 a R$ 15 mil, dependendo do
método utilizado para combater a infertilidade. “O preço também pode
variar de cidade para cidade. Um tratamento em São Paulo custa mais caro
que o mesmo aqui em Belo Horizonte”, comenta o Bruno Scheffer, diretor
clínico do Instituto Brasileiro de Reprodução Assistida.- Assista à íntegra do Globo Ciência sobre Reprodução Assistida
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Bruno explica que a reprodução assistida é cara por se tratar de um procedimento de alta tecnologia. “O meio de cultura onde os embriões se desenvolvem, por exemplo, não é barato. Além disso, os profissionais que a realizam são altamente treinados”. Existe ainda o alto custo dos medicamentos. Os hormônios mais baratos custam em média R$ 100. Os mais caros, podem chegar a R$ 5 mil.
Poucos hospitais com tratamento gratuito
Francisco de Assis Nunes Pereira, subcoordenador do Laboratório de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, explica que, atualmente, há apenas nove hospitais públicos brasileiros que realizam tratamentos de reprodução assistida de forma gratuita.
Segundo ele, o Ministério da Saúde discute implementar tratamentos de reprodução assistida de forma gratuita em todo o Brasil, porém ainda não há condições para que isso seja realizado. Apesar de disponibilizarem o tratamento de forma gratuita, os hospitais não conseguem garantir o acesso da população aos hormônios. “Algumas farmácias, por conta própria, oferecem descontos. Mas os hormônios e medicamentos exigidos para o tratamento não são distribuídos de forma gratuita e nem têm versões genéricas”.
A reprodução assistida pode ser feita de forma
gratuita em nove hospitais públicos do Brasil
(Foto: Reprodução de TV)
Além do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais,
em Belo Horizonte os outros hospitais que disponibilizam a reprodução
assistida de forma gratuita são: Hospital Materno Infantil de Brasília;
Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre; Hospital das
Clínicas de Porto Alegre; Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo; Centro de Referência da Saúde da Mulher
São Paulo - Pérola Byington; Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto
(SP); Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira em Recife
(PE).gratuita em nove hospitais públicos do Brasil
(Foto: Reprodução de TV)
Quanto custa a reprodução assistida?
Os preços variam de método para método. Enquanto os mais baratos podem custar, em média, R$ 400, os métodos mais caros chegam a, aproximadamente, R$ 8 mil.
Relação sexual assistida – de R$ 350 a R$ 600
Tratamento que inclui consultas ao ginecologista e ultrassom – de R$ 300 a R$ 500
Hormônios, simples, tomados de forma oral – de R$ 50 a R$ 100.
Inseminação artificial – de R$ 1,5 mil a R$ 3 mil
Tratamento que inclui consultas, recolhimento e tratamento do esperma e inserção no útero – de R$ 500 a R$ 2 mil
Hormônios injetáveis – R$ 1 mil
Fertilização in vitro clássica – de R$ 10,5 mil a R$ 14 mil
Tratamento que inclui consultas, exames, fertilização e inserção no útero – de R$ 7 mil a R$ 9 mil
Hormônios e medicamentos – de R$ 3 mil a R$ 5 mil
Fertilização in vitro com inserção de esperma – de R$ 11,3 mil a R$ 16,5 mil
É o valor da fertilização in vitro clássica, mais o procedimento de injeção do espermatozoide dentro do óvulo, que custa entre R$ 800 a R$ 2,5 mil.
Fertilização in vitro simplificada – aproximadamente R$ 5 mil
Tratamento que inclui consultas, exames, fertilização e inserção no útero – R$ 3,5 mil.
Hormônios e medicamentos – R$ 1,5 mil
Doação de óvulo – R$ 15 mil a R$ 18 mil
Além da fertilização in vitro e dos hormônios, os compradores pagam uma taxa referente ao tratamento da doadora do óvulo (a doadora não paga nada pela cessão do óvulo). No total, o valor varia entre R$ 15 mil e R$ 18 mil.
Doação de esperma – de R$ 8,3 mil a R$ 11,5 mil
Além da fertilização in vitro, é preciso comprar o sêmen em um banco de esperma. O valor varia entre R$ 800 e R$ 2,5 mil.
Doação do útero – aproximadamente R$ 15 mil
O casal que pretende ter o filho também é responsável por pagar o tratamento e os hormônios da doadora do útero. Vale lembrar que a legislação brasileira proíbe a chamada “barriga de aluguel”, isso é, pagar alguém para receber o embrião de um casal.
Diagnóstico pré-implantacional (PGD) – de R$ 16,5 mil a R$ 20 mil
Além do processo de fertilização in vitro clássico e seus hormônios, o casal paga pelo exame genético nos embriões. Para quatro embriões, o valor médio do exame é de R$ 6 mil.
Inseminação Artificial
A inseminação artificial ou inseminação intrauterina (IIU) consiste em
uma técnica de reprodução assistida na qual o sêmen é depositado dentro
da cavidade uterina. Considerada uma técnica de baixa complexidade, pode
ser realizada no próprio consultório e é indicada para alguns casos de infertilidade do casal, sendo os principais:
- Mulheres com distúrbios de ovulação/ não ovulam adequadamente: geralmente são mulheres que têm irregularidade da menstruação. A causa mais comum é a Síndrome dos Ovários Policísticos.
- Presença de muco espesso (fator cervical): todas as mulheres produzem um muco no colo do útero que muda suas características de acordo com a fase do ciclo menstrual. No período ovulatório (período fértil), essa secreção se torna mais líquida e permite a entrada dos espermatozoides para dentro da cavidade uterina. Em algumas mulheres, esse muco produzido continua espesso e torna-se hostil para a subida dos espermatozoides, que não conseguem chegar as trompas.
- Homens com sêmen discretamente alterados: alguns homens apresentam uma concentração no limite inferior da normalidade e uma porcentagem razoável de espermatozoides móveis progressivos com morfologia normal. Nesses casos, a gravidez espontânea é mais difícil devido a essas pequenas alterações no sêmen, mas na inseminação artificial, a chance de gravidez aumenta, pois há um processamento seminal, onde são separados os melhores espermatozoides para serem depositados no interior do útero.
Condições para realizar a inseminação artificial
A
mulher deve ter pelo menos uma tuba uterina (trompa) normal. Como a
fertilização do espermatozoide no óvulo ocorre no interior da tuba
(tanto em condições naturais como na inseminação), a tuba deve permitir o
encontro do óvulo com os espermatozoides. O melhor exame para avaliar
essas condições das tubas uterinas é a histerossalpingografia. Para
mulheres com laqueadura tubária o tratamento indicado é a fertilização
in vitro ou a cirurgia de reversão de laqueadura.
Já o homem deve possuir um sêmen com pelo menos 5 milhões de
espermatozoides móveis progressivos para cada mL de sêmen. Para que
tenhamos esse número, devemos avaliar a quantidade total dos
espermatozoides no espermograma e avaliar a porcentagem de
espermatozoides móveis rápidos e lentos. Quando a motilidade estiver bem
abaixo de 40% e a morfologia estrita de Kruger estiver abaixo de 5%, a
chance de sucesso com a inseminação artificial diminui consideravelmente
e nesses casos está indicado a fertilização in vitro com a técnica de
ICSI.
Vale lembrar que homens com vasectomia prévia não podem realizar a
inseminação artificial, nesses casos, é possível a gestação através de
uma cirurgia de reversão da vasectomia ou da fertilização in vitro com a
obtenção dos espermatozoides por meio de uma punção do epidídimo ou
testículo seguida da técnica de ICSI (PESA ou TESE).
Inseminação Artificial
O
tratamento da inseminação artificial intrauterina se inicia a partir do
início da menstruação (ciclo menstrual). No segundo dia do ciclo
menstrual, a mulher começa a aplicar um hormônio chamado FSH que irá
recrutar alguns folículos dos ovários e estimular o crescimento desses
folículos contendo óvulos em seu interior. Cada folículo contém um
óvulo.
Essas doses são diárias por cerca de 9 a 10 dias. Durante esses dias,
são realizados exames de ultrassons a cada 2 a 3 dias para
acompanhamento do crescimento dos folículos e é possível o ajuste da
dose utilizada do medicamento. Quando um ou dois folículos atingirem o
tamanho de 18mm, então é aplicado um segundo hormônio chamado hCG
(coriogonadotrofina humana). Esse hormônio promove o amadurecimento do
óvulo e o rompimento dos folículos (ovulação) após cerca de 36 horas de
sua aplicação.
Cerca de 2 horas antes da ovulação, o homem faz a coleta do sêmen
através de masturbação. Esse sêmen então é levado ao laboratório que irá
separar os espermatozoides mais bem formados, móveis e concentrá-los
após o processamento seminal.
O sêmen preparado e “turbinado” é depositado no interior do útero no
momento da ovulação usando um fino cateter. Esse procedimento é indolor e
se assemelha à coleta do Papanicolau. A mulher permanece deitada por 20
a 30 minutos para que os espermatozoides atinjam as tubas uterinas.
Após esse tempo, pode seguir suas atividades habituais.
Informações importantes:
- A inseminação artificial apresenta taxas de sucesso de 25% a 35%, a depender da idade da mulher e de cada caso específico.
- A chance de gêmeos depende do número de óvulos liberados. Esse controle é realizado através das doses dos hormônios utilizados.
- Quando o número de folículos acima de 18mm é maior de 4, o risco de gravidez múltipla com a inseminação artificial é grande e nesses casos o procedimento é cancelado.
- O custo do tratamento de inseminação artificial é bem mais acessível que os tratamentos mais complexos, como a fertilização in vitro
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