5.20.2010

Coquetel para sexo de risco

Ministério da Saúde estuda liberação de uso de medicamentos contra o vírus HIV para prevenir a transmissão da Aids em casos de relações desprotegidas. Se aprovado, tratamento será submetido a avaliação médica
Rio - O Ministério da Saúde quer ampliar o acesso de coquetel anti-HIV para prevenção da Aids. A discussão gira em torno do uso de antirretrovirais em casos de ‘acidentes’ em relações sexuais entre casais sorodiscordantes (em que um é portador do vírus e o outro não), como rompimento de preservativos. De acordo com o assessor do Departamento de DST / Aids do Ministério da Saúde, Ronaldo Helal, também está sendo discutido o uso do coquetel para quem teve relação sexual casual sem proteção e para soropositivos com quantidade de células de defesa maior do que o padrão adotado hoje. Pelo critério, o coquetel é indicado quando o exame mostra que o número de células de defesa do organismo está inferior a 350 a cada mililitro de sangue. Hoje, os antirretrovirais são usados como estratégia de prevenção em casos de violência sexual, exposição acidental ao vírus por profissionais de saúde e redução de risco de transmissão vertical entre gestante e bebê. E, nos dois primeiros casos, os medicamentos devem ser administrados em até 72h.
Segundo Helal, no mês que vem deve ser publicada recomendação do Ministério da Saúde sobre a estratégia de redução de transmitabilidade na reprodução e na relação de casais sorodiscordantes. Ele afirma que, se a ideia for aprovada, não haverá distribuição indiscriminada de antirretroviral. Cada caso deverá ser analisado por médicos.Para o o superintendente de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde, Alexandre Chiappe, porém, “é preciso balancear se os riscos de transmissão do HIV são piores do que as consequências do uso de antirretrovirais”.
Entre os efeitos colaterais do coquetel estão problemas gástricos. O uso a longo prazo pode aumentar o risco doenças cardiovasculares, lipodistrofia e resistência ao tratamento.
“De forma alguma o preservativo será substituído pelo coquetel. O objetivo da discussão é ampliar formas de prevenir a contaminação”, ressalta Helal.
Drogas para ajudar na reprodução natural
Segundo Ronaldo Hallal, também estão sendo discutidas formas de prevenir a transmissão do HIV entre casais sorodiscordantes que querem ter filhos. Uma possibilidade é a reprodução natural (relação sexual sem preservativo). “Hoje é recomendada reprodução assistida, mas muitos casais não têm acesso”, diz. “Evidências mostram que o risco de transmissão sexual diminui se a pessoa faz uso correto do coquetel e tem carga viral baixa. Queremos fazer recomendações que permitam aos casais tomarem decisões sabendo dos riscos e diminuindo chances de transmissão entre casal e bebê”.
Clarissa Melo
O Dia

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