5.16.2010

A viagem mais dificil de Lula



Principais potências mundiais observam com atenção a viagem do presidente ao Irã. Brasileiro vai tentar convencer Ahmadinejad a entrar em acordo com a comunidade internacional sobre programa nuclear de seu país

Doha - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou à capital do Irã neste sábado e deve se encontrar no domingo com o presidente Mahmoud Ahmadinejad. Americanos e russos qualificaram a viagem de Lula como a última esperança nas complexas negociações entre a comunidade internacional e o país persa sobre seu programa nuclear. Segundo analistas, a visita de 48 horas do brasileiro ao isolado país asiático pode representar muita coisa, como a consolidação de Lula como um líder influente globalmente, ou o risco de virar piada, caso o projeto nuclear iraniano se mostre não-pacífico no futuro.
Durante visita a Doha, no Qatar, Lula disse que não entende o ceticismo da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, sobre a possibilidade de o Irã mudar sua postura em relação ao seu programa nuclear através do diálogo. “Eu não sei com base no que as pessoas falam (isso). Não é porque o meu time não ganhou o jogo de ontem que ele não pode ganhar o jogo de amanhã”, afirmou Lula.O Irã está envolvido numa polêmica com grande parte da comunidade internacional, que acusa o regime iraniano de esconder, sob seu programa nuclear energético, outro projeto com ambições militares para montar um arsenal atômico.O conflito se agravou no fim do ano passado, após Teerã pedir combustível nuclear para seu reator e colocar impedimentos contra a proposta de Rússia, Estados Unidos e Reino Unido para enviar ao exterior seu urânio a 3,5% e recuperá-lo depois enriquecido a 20%. O Brasil apresentou proposta de regra à crise, segundo a qual o Irã entregaria urânio levemente enriquecido para a Turquia em troca de material nuclear de maior pureza destinado a fins civis. Ao ajudar a resolver a confusão, o governo espera angariar apoio para obter um assento fixo no Conselho de Segurança da ONU.
Horas antes da chegada de Lula ao Irã, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores iraniano, Ramin Mehmanparast, disse à emissora local Al Alam: “Há um entendimento sobre o momento e a quantidade de combustível a trocar. Falta um acordo sobre o lugar (da troca). O Irã está disposto a discutir esse ponto, caso existam garantias concretas”. Ele assegurou que receberá o combustível necessário para seu reator de pesquisas de Teerã, mas não informou como o país chegou a esse acordo.
Comércio entre os dois países cresceu
Em parelelo à questão nuclear, outro assunto pode ser influenciado pela viagem de Lula: a relação comercial do Brasil com o Irã e com outros países do Oriente Médio. No ano passado, o Brasil exportou para o Irã US$ 1,218 bilhão em produtos e comprou apenas US$ 18,9 milhões. Já nos primeiros quatro meses deste ano, o Brasil exportou ao Irã US$ 513,9 milhões, o que significa aumento de 62% em relação ao mesmo período de 2009, e importou US$ 68 milhões, representando um aumento de 230% no setor.“O Irã é um grande produtor de petróleo e um parceiro comercial importante para o País. Tem fama de ótimos compradores e bons pagadores”, define o professor Williams Gonçalves. Já Heni Ozi Cukier tem uma visão diferente. A questão comercial é um pano de fundo. Essas relações são ínfimas”, diz o analista, acrescentando que elas precisariam crescer muito para justificar a viagem.

O Dia

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