6.03.2010

'Consumo Verde' EUA fica em útimo lugar


Brasil fica em 2º lugar em ranking de 'consumo verde'

Consumo verde: tarefa difícil mas necessária

Tempo e paciência são alguns dos atributos que todo consumidor verde deve ter. Não importa o alvo da compra, será preciso investigar informações (na loja, na internet, na fábrica e onde mais você puder) que possam balizar sua opção por um ou outro produto. O tempo ajuda a combater as compras por impulso e é fundamental para as pesquisas que devem preceder suas compras. A paciência, por sua vez, segura a onda quando as informações que você busca não existem e o impulso de comprar "no escuro" parece mais forte que sua consciência ecológica.

No Brasil, essa tarefa não é fácil. Muitos produtos apenas se proclamam ecológicos, mas sequer imprimem algumas linhas na embalagem para explicar o porquê desse título. Um consumidor desatento pode acreditar na tarja verde e achar que fez a melhor escolha. Mas não é bem assim que funciona. Muitas empresas sabem que ser mais ecológico ou sustentável faz diferença na hora da compra e tiram proveito desse marketing verde tentando "encaixar" seu produto nessa categoria.

Outro ponto importante é que um produto é sempre mais ou menos sustentável em relação a outro. E isso traz mais uma dificuldade para o consumidor: avaliar vários produtos antes de escolher um – ou desistir da compra, simplesmente, por falta de opções razoáveis.

Nas minhas tentativas de buscar o produto mais adequado, procuro seguir uma espécie de check list. Em primeiro lugar, pergunto-me se eu realmente preciso daquele produto ou apenas quero levá-lo para casa. Muitas vezes desisto da compra quando percebo que era só um impulso bobo de comprar algo inútil e desnecessário.

Depois, procuro pensar se eu posso substituir aquele produto por outro que eu já tenho em casa. Por exemplo, quando montei uma pequena central de triagem de materiais recicláveis em casa, o primeiro impulso foi o de comprar aqueles cestos plásticos coloridos, para deixar o canto da casa mais bonitinho. Mas aí vi que eu já tinha alguns cestos disponíveis, prontos para serem usados. Mesmo sem as cores da reciclagem, eles funcionam perfeitamente e, futuramente, podem ser pintados para seguir o padrão, embora isso não seja o mais importante na tarefa de cuidar do lixo gerado em casa...

Quando a compra é inevitável, procuro botar na balança:

1- Quais as matérias-primas do produto e que tipo de impacto a extração desses materiais provoca no meio ambiente. Nesse sentido, o legal é priorizar os materiais reciclados e os produtos que têm certificados de boa procedência e manejo sustentável (como é o caso das madeiras com selo do Conselho de Manejo Florestal, o FSC);

2- Onde o produto é fabricado e quanto ele viajou até chegar à loja. Quanto mais regional for o produto, melhor, porque você fortalece a economia local e reduz a queima de combustível no transporte da mercadoria.

3- Como o produto é produzido. Esse tópico é fundamental para que você não corra o risco de "patrocinar" uma empresa que mantém trabalho infantil, precário ou mesmo escravo. De nada adianta vender um produto de qualidade se, por trás da marca, houver centenas de pessoas sendo exploradas.

4- Qual a embalagem do produto. Já viu aqueles pacotes de biscoito que vêm em saquinhos com dez unidades, com papel, alumínio e plástico, dentro de outro saco plástico? Pra que tanta embalagem?! É melhor comprar um que gere apenas um resíduo, não? Ah, e tem outra coisa: normalmente, muita embalagem significa que o produto foi protegido para viajar longas distâncias sem se deteriorar ou permanecer em condições de consumo até o fim do prazo de validade (cada vez mais longo, graças aos conservantes que vêm de brinde...). É aqui também que entram as sacolas de pano para levar ao supermercado e à feira... Ser um consumidor verde também implica reduzir a compra quase compulsória de embalagens!

5- Como é o descarte do produto. Se o produto gera um lixo não reciclável ou que contamina o solo, a água ou o ar, mau sinal. Prefira aqueles que possam voltar ao ciclo produtivo ou se decompor sem prejuízo ao meio ambiente. Também vale aqui avaliar o tempo de vida da mercadoria. Produtos descartáveis (como os terríveis copos e talheres plásticos) devem ser evitados sempre. Já parou para pensar na quantidade de lixo que se produz numa única festa infantil ou pedido de comida entregue em casa por motoboy?

Bom, vou parar em cinco tópicos para não assustar muito. Daria para estender muuuuuito mais essa listinha. No começo, pode parecer inviável pensar em tudo isso, mas com o tempo fica bem mais fácil. O treino constante ajuda e muito. Aos poucos, você vai formando um rol de produtos e fornecedores mais ecológicos e deixa de consumir tempo na escolha de boa parte da sua lista de compras. A lição que eu tiro dessa história é que não basta ter boas intenções; é preciso se informar para rejeitar falsas promessas e apoiar opções verdadeiramente mais interessantes para você e o planeta. É uma boa promessa de começo de ano, hein? Especialmente em 2008, o ano do Planeta Terra.
Desempenho do Brasil melhorou neste ano, mas ficou pior que em 2008; EUA ficaram em último.
O Brasil ficou em segundo lugar em um ranking de "consumo verde" compilado pela National Geographic Society, uma instituição científica e educacional com sede nos Estados Unidos.

A lista foi elaborada por meio de entrevistas com 17 mil pessoas em 17 países, entre emergentes e avançados, e mediu os hábitos em relação a consumo e estilo de vida em 65 quesitos.

O ranking elaborado a três anos, chamado Greendex - uma fusão das palavras "índice" (index) e "verde" (green) em inglês -, foi novamente encabeçado pelas economias emergentes, com Índia, Brasil, China, México e Argentina à frente.

Americanos e canadenses ficaram na lanterna, embora esses dois países venham registrando progressos em termos de comportamento ambiental desde o início da medição, em 2008.

Comparações
A "nota" do Brasil foi 58 pontos, maior do que no ano passado (57,3), mas menor do que no ano anterior (58,6). Refletindo uma tendência geral, o melhor desempenho brasileiro foi na questão da moradia, que procura avaliar o impacto ambiental das residências.

Em geral, afirmou a National Geographic Society, os brasileiros tendem a morar em casas relativamente pequenas dentro da amostragem (91% dos entrevistados disseram morar em residências com menos de quatro cômodos) e usam pouco ar condicionado e aquecimento.

Nos Estados Unidos e Canadá, por exemplo, cerca de 16% dos ouvidos disseram morar em casas com dez cômodos - uma incidência muito maior que a média. Nesses países, as residências também tendem a ser equipadas com infraestrutura de aquecimento e ar condicionado.

Por outro lado, disse a National Geographic, os americanos foram os que mais disseram ter feito mudanças e adaptações para aumentar a eficiência energética em suas casas, tal como consertar janelas e criar condições de isolamento térmico.

No quesito alimentação, o desempenho brasileiro foi prejudicado pelo alto consumo de carne - 60% dos brasileiros, 57% dos argentinos e 41% dos americanos e mexicanos comem carne diversas vezes por semana. Enquanto isso, 81% dos indianos ouvidos se disseram vegetarianos.

Transporte
Outro quesito medido pelo índice foi o de transporte, um setor que responde por quase 20% das emissões de gases que causam o efeito estufa.

Aqui os americanos foram os últimos colocados, com 19% dos americanos afirmando ter pelo menos três carros em casa (a média geral foi 7%). Essa tendência é piorada pelo fato de, na metade dos casos, esses veículos serem de grande porte, como tratores e utilitários esportivos.

Nesse quesito os brasileiros tiveram desempenho pior do que há três anos. Entretanto, ainda assim ficaram em 6º lugar, porque tendem a ter carros mais compactos e mais frequentemente motocicletas, menos poluentes que automóveis.

O índice também avaliou as atitudes em relação ao meio ambiente. Por um lado, os brasileiros não são os que mais citam a questão espontaneamente como um dos grandes desafios do país.

Por outro lado, quando perguntados, os entrevistados no país manifestam preocupação com problemas ambientais como a poluição de água e do ar, a mudança climática e a destruição de ecossistemas e biodiversidade.

"As melhorias em todo o mundo são positivas, mas ainda existe uma necessidade urgente de que as pessoas percebam como o seu comportamento afeta o meio ambiente e encontrem maneiras de reduzir sua pegada ambiental", disse o vice-presidente executivo para os programas da National Geographic, Terry Garcia.

"No curto prazo, nossa esperança é incentivar o consumo sustentável por meio de um aumento na conscientização dos consumidores."
BBC

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