Pesquisa mostra que 58% das fumantes cariocas têm receio de ganhar peso ao parar de fumar: muitas voltam ao vício
Parar de fumar é uma tarefa mais difícil para as mulheres do que para os homens, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). E o medo de engordar é uma das principais barreiras que dificultam o tratamento contra a dependência. De acordo com pesquisa realizada pela Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil, 58% das fumantes têm receio de parar de fumar e ganhar peso em seguida. Hoje, no Dia Mundial sem Tabaco, o Inca lança a campanha com slogan “Mulher, você merece algo melhor do que cigarro”.
“O medo de engordar é recorrente e, muitas vezes, a mulher volta a fumar por isso. A ausência da nicotina faz com que o metabolismo fique mais lento e a ex-fumante pode engordar até 4 quilos, mesmo sem comer mais. Mas isso é uma questão de adaptação do organismo que vai passar. O ideal é que a mulher faça algum exercício físico, que além de reduzir o peso vai ajudar a parar de fumar devido à sensação de bem-estar”, recomenda a coordenadora de Controle do Tabagismo do município, Sabrina Presman.
MUDANÇA DE HÁBITO
De acordo com o Inca, parar de fumar requer mudança de hábitos. O importante é não desistir na primeira tentativa. “Geralmente, os que param de fumar definitivamente já tentaram anteriormente 3 ou 4 vezes” explica a psicóloga Cristina Perez, da divisão de Controle do Tabagismo do Inca. Ela lembra que fumar é um sério risco para quem usa pílulas anticoncepcionais. “As mulheres que usam pílulas e fumam têm risco duas vezes maior de sofrer derrame do que as não fumantes. A nicotina diminui o calibre dos vasos sanguíneos, dificultando a circulação. Já a pílula é um hormônio que compromete, em parte, a circulação. Uso conjugado é risco”, adverte.
Mas muitas mulheres não sabem do perigo. Segundo a pesquisa do município, que ouviu 300 fumantes nos últimos 30 dias, 20% delas usam pílulas mas nunca foram alertadas por seus médicos sobre o risco do uso associado dos dois produtos. O levantamento mostrou ainda que 91% das fumantes querem parar. Entre os motivos estão a preocupação com a saúde, os pedidos de familiares e pressão social.
Elas são o alvo da indústria
Treze em cada 100 brasileiras fumam. E segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a indústria do cigarro tem investido fortemente nesse público. “Há cigarros que, no lançamento, davam estojo de maquiagem com lugar para batom, sombra e cigarro. Outros maços trazem flores desenhadas” , afirma Cristina, acrescentando que esse ano a Organização Mundial de Saúde (OMS) elegeu o tema “Gênero, tabaco com ênfase no marketing para mulheres” como tema para o Dia Mundial sem Tabaco.
A médica Carla Moura Cazelli, 52 anos, começou a fumar aos 13 anos. Há 6 anos, ela não fuma. “Eu já estava com falta de ar e não percebia. Decidi parar de fumar porque estava me sentindo feia, com a pele, os dentes e os dedos amarelados. Hoje, me sito muito bem, tenho fôlego para fazer exercícios e dançar”, diz.
Ela admite, no entanto, que parar de fumar não é tarefa fácil. “Toda vez que pensava em fumar, lembrava dos motivos que eu tinha para não fumar. Não foi fácil, mas valeu a pena”.
O Dia
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