6.04.2010

HIPOGLICEMIA na Diabetes

HIPOGLICEMIA na Diabetes

A hipoglicemia é a complicação mais comum e freqüente do uso de insulina pelos diabéticos.

A hipoglicemia representa um transtorno para essas pessoas, pois faz com que algumas passem a temer a hipoglicemia de tal forma que preferem se acostumar a manter glicemias mais altas ou se tornam resistentes ao uso da insulina quando prescritas pela primeira vez pelo médico. Em decorrência, têm-se uma enorme dificuldade na introdução da insulina para o tratamento e o controle do Diabetes.

A hipoglicemia é a diminuição da taxa de glicose no sangue abaixo de 60 mg%, quando os níveis de glicose estão normais. Ou pode representar uma baixa abrupta de glicemia para aqueles que se mantêm com glicemias mais elevadas. Por exemplo, para uma pessoa que se mantenha com glicemia por volta de 300 mg%, se ocorre uma queda repentina a 100 mg%, ela pode apresentar sintomas de hipoglicemia.

A hipoglicemia está principalmente associada a erros e irregularidades alimentares, a atividade física excessiva e mal executada e a doses elevadas de insulina. Porém, pessoas que utilizam medicações orais contra a diabetes, como as sulfoniluréias, a repaglinida ou a nateglinida também podem apresentar o quadro.

Todas as pessoas que iniciam o tratamento com insulina devem ser orientadas em relação ao diagnóstico precoce da hipoglicemia, sua correção e sua prevenção.

A hipoglicemia pode ser confirmada através do exame de glicemia capilar, porém ela não depende disso para ser tratada. Isto é, o tratamento da hipoglicemia deve ser imediatamente ministrado assim que for levantada a suspeita, independente de exame confirmatório.

As pessoas que variam muito seu padrão dietético e a realização de atividade física, as que são portadoras de diabetes há muitos anos e os que já apresentam neuropatia diabética grave, têm um risco maior de apresentar hipoglicemia.

São situações comuns que acontecem no dia-a-dia das pessoas e que podem provocar uma hipoglicemia:

Não realizar refeições no horário programado, comer pouco ou, simplesmente, não se alimentar;
Realizar exercícios ou atividades físicas pesadas ou que não estão acostumados a realizar;
Consumir bebida alcoólica em excesso, em jejum ou fora da dose segura;
Erro na utilização da insulina (por problemas visuais, por exemplo) ou das outras medicações anti-diabéticas.
Visando o controle dessas situações, a pessoa diabética deve:

Aprender a se alimentar, a balancear a dieta e seguir rigorosamente os horários, sem pular refeições de acordo com o plano alimentar prescrito;
Realizar atividade física compatível com suas necessidades e possibilidades sempre sob supervisão de um profissional de saúde, entendendo seus limites e, principalmente, respeitando-os;
Evitar o consumo de álcool. Se isso não for possível, não ultrapassar o limite de uma dose por dia ou duas doses uma vez na semana. Entendo que uma dose é igual a 12 g de álcool, ou seja:
1 tulipa de chope = 350 ml = 12 g de álcool;
1 taça de vinho = 140 ml = 12 g de álcool;
1 dose de pinga, conhaque, uísque, etc = 40 ml = 12 g de álcool;

Aprender a administrar corretamente o medicamento injetável ou oral. Se isso não for possível, receber auxílio de familiares ou amigos;
Aprender a reconhecer os sintomas precoces da hipoglicemia.
As hipoglicemias podem ser assintomáticas ou sintomáticas. As primeiras ocorrem sem que a pessoa perceba, pois os sintomas são muito sutis. Essas são muito perigosas. As sintomáticas, isto é, as que apresentam sintomas, são subdivididas em leves e graves.

A grande maioria das hipoglicemias é sintomática e leve, sendo facilmente tratáveis pelos próprios pacientes.

Os sintomas são decorrentes da falta de açúcar no sistema nervoso e, são eles: fome, tontura, fraqueza, dor de cabeça, confusão, alteração de comportamento, convulsão e coma. Percebe-se um agravamento gradativo desses sintomas. Quanto mais importante a falta de glicose, mais grave o sintoma.

As outras manifestações serão decorrentes da liberação de adrenalina pelo sistema simpático, são elas: sudorese, palidez, tremores, taquicardia, apreensão, medo.

O ideal é evitar que as hipoglicemias se tornem graves. Isso é possível, reconhecendo precocemente os sintomas leves e tratando-os adequadamente o mais rápido possível, sustando o agravamento da hipoglicemia.

A detecção precoce ocorre quando se está atento a sinais como sudorese, dor de cabeça, palpitações, tremores, sensação de medo ou apreensão.

Familiares, amigos, colegas de escola ou trabalho também devem ser orientados a colaborar, pois eles também podem ajudar a identificar um sintoma que pode não ser conscientizado pelo paciente, como a sudorese e a alteração de comportamento.

O tratamento deve ser imediato e não deve depender de exame confirmatório, pois este pode demorar muito a ser realizado e agravar a hipoglicemia.

Se a pessoa estiver consciente, o tratamento é realizado com carboidrato de liberação rápida, ou seja, açúcar. Ingerir uma colher de sopa de açúcar (aproximadamente 10 a 15 g) diluído em meio copo d’água ou meia lata de refrigerante normal ou utilizar sachets contendo 15g de açúcar, que são vendidos em lojas especializadas para diabéticos.

Esse tratamento varia conforme a idade:

Menos de 6 anos, de 5 a 10 gramas de açúcar;
De 6 a 10 anos, de 10 a 15 gramas de açúcar;
Acima de 10 anos, de 10 a 15 gramas de açúcar.
A remissão dos sintomas é o parâmetro de melhora a ser utilizado.

Se, os sintomas persistem, repete-se a ingestão das 15g de açúcar após 15 minutos da primeira dose.

Erros comuns do tratamento da hipoglicemia são retardar o tratamento, pois se está no meio de uma tarefa e queremos terminá-la, ou no meio de uma corrida, ou exagerar na dose inicial de açúcar, que pode levar a um quadro de hiperglicemia subseqüente.

Se a pessoa está inconsciente, ela deve ser tratada por pessoal treinado, por isso chame o SAMU (ligação gratuita no número 192).

Atitude muito importante é o fato do diabético portar uma carteirinha de identificação com o relato de sua condição de diabético e de seu risco de hipoglicemia, pois algumas vezes, seu comportamento pode ser confundido, o que leva ao retardo do tratamento e agravamento da hipoglicemia.

Bibliografia:

- Blackbook de Clínica Médica, Pedroso, E.R. e Oliveira, R.G., Editora Bleckbook, 2007.

- Cadernos de Atenção Básica, Diabetes Mellitus, Ministério da Saúde, 2006.

Fonte: Orientações médicas
Dra. Sonia Orquiza

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