6.26.2010

O sentido do trabalho e a construção da subjetividade

Há décadas, pesquisadores de todo o mundo se voltam para a compreensão sobre o sentido que o trabalho possui na vida das pessoas.
Que ele é indiscutivelmente fonte de subsistência, isso já se sabe.
Porém, seu sentido vai além da questão econômica e difere de indivíduo para indivíduo, de sociedade para sociedade, de cultura para cultura, ocupando o lugar de eixo central da vida e da construção do sujeito.
O trabalho precisa fazer sentido para o próprio sujeito, assim como para com os seus pares e para a sociedade.
Um mesmo trabalho pode ser portador de distintos sentidos para diferentes sujeitos e representar fonte geradora de prazer e sofrimento.
Ao destacarmos o trabalho como possível fonte de prazer ou, ainda, de sofrimento deve-se considerar não somente a atividade realizada a que chamamos de trabalho ou tarefa, mas, do mesmo modo, incluir os demais aspectos que estão diretamente associados a uma simples tarefa. Para tanto, do ponto de vista da saúde do trabalhador, se buscamos compreender o sentido do trabalho e sua relação com os processos de saúde/doença, nossas indagações devem estar para além daquilo que podemos ver e medir.
Assim, é fundamental contemplar o “O que se faz?
O que não se faz?
Como? Por quê? Quando? Com quem? Onde? Para que?”.
Da mesma forma, a história de vida do trabalhador e as relações que ele estabelece com o seu meio necessitam ser consideradas já que "não é possível quantificar a vivência, que é em primeiro lugar qualitativa" (Dejours, C. 1994, p. 22).
Essas reflexões coletivas são cruciais, pois transformam aquilo que no dia-a-dia apresenta-se como mera reprodução automática e robotizada tanto de movimentos, de comportamentos e de falas, em novas formas de agir no trabalho, geradoras de novos sentidos.
Nenhum trabalho se resume à realização de uma tarefa. Há uma correlação de fatos, de forças, de formas e que imprime no sujeito uma identidade pessoal e social a partir da qual derivam inúmeros sentidos.
A própria identidade do sujeito muitas vezes se confunde com o seu trabalho, já que ela é também efeito do encontro de seu corpo com sua atividade laboral.
Considerando que o processo de trabalho e seus resultados ajudam o indivíduo a formar sua identidade, podemos descrever o trabalho como o lugar de construção de subjetividade e de modos de existencialização envolvendo percepções, valores, dimensões, sentimentos, diferenças e renormatizações.
A subjetividade é entendida aqui como uma dimensão própria a cada indivíduo e que se produz no seu encontro com o mundo.
Nesse encontro com o mundo é que se inventam os modos de ser, sentir, viver e agir sempre peculiares, singulares.
Esses diferentes modos expressam as várias possibilidades de existência no mundo social. Nesta direção, a subjetividade é de natureza mutável, dinâmica, plástica e, por isso, porta a capacidade de se transformar a partir dos encontros e experiências tecidas na relação com o mundo, criando um processo contínuo de ressingularização do sujeito. (Guattari. F, 1991)
Portanto, torna-se urgente avaliarmos como vêm sendo produzidas essas subjetividades no âmbito do trabalho, na contemporaneidade.
Isto porque as relações de poder, as formas de produção, as transformações tecnológicas atuais modelam os modos de ser, pensar, sentir, agir, as formas de vida e de trabalho. Isso também é pensar saúde, no seu sentido mais amplo.
Liamara Nunes Carvalho
Nota boaspraticasfarmaceuticas:
Subjetividade é entendida como o espaço íntimo do indivíduo (mundo interno) com o qual ele se relaciona com o mundo social (mundo externo), resultando tanto em marcas singulares na formação do indivíduo quanto na construção de crenças e valores compartilhados na dimensão cultural que vão constituir a experiência histórica e coletiva dos grupos e populações.
A psicologia social utiliza freqüentemente esse conceito de subjetividade e seus derivados como formação da subjetividade ou subjetivação.
A subjetividade é o mundo interno de todo e qualquer ser humano. Este mundo interno é composto por emoções, sentimentos e pensamentos.
Através da nossa subjetividade construímos um espaço relacional, ou seja, nos relacionamos com o "outro".
Wikipedia

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