USP testa 'preservativo intestinal' para tratar casos graves de obesidade
Manga endoscópica, colocada pela boca, limita absorção do alimento.Em um ano, pacientes conseguiram emagrecer em média 30%.
Uma prótese semelhante a uma camisinha, instalada no intestino sem a necessidade de cirurgia, está ajudando pacientes que sofrem de obesidade a emagrecer.
O equipamento tem 62 cm de comprimento e impede cerca de 20% da absorção do alimento depois que a comida passa pelo estômago.
O produto foi testado pelo Hospital das Clínicas da USP em 78 pessoas. "Tivemos uma média de perda de 30% do excesso de peso nos pacientes", conta o médico Eduardo Guimarães Hourneaux de Moura, diretor do serviço de endoscopia gastrointestinal do hospital.
Além de emagrecer, 90% das pessoas que tinham diabetes tipo 2 conseguiram controlar a doença. Isso ocorre, segundo o pesquisador, porque a prótese estimula a produção de insulina e diminuiu a resistência do corpo a essa substância.
O teste foi realizado com pacientes que já tinham indicação de cirurgia do estômago, mas que não podiam fazê-la por causa das más condições de saúde causadas pela obesidade. Participaram da pesquisa pessoas que tinham obesidade mórbida (com índice de massa corporal, IMC, maior que 40) ou obesidade grave (IMC entre 35 e 39,9) com diabetes ou hipertensão.
Segundo Eduardo de Moura, a colocação da prótese não substitui a cirurgia, mas pode ser uma boa alternativa para pacientes que são obesos, mas o caso não é grave o suficiente para exigir a retirada de parte do estômago.
Sem cortes
Para a colocação da manga endoscópica, como é chamada tecnicamente, é necessária a aplicação de anestesia geral. Como o aparelho entra pela boca com a ajuda de cabos e câmeras, nenhum corte é feito no paciente, o que acelera a recuperação.
Por enquanto, é possível ficar com o "preservativo intestinal" por no máximo um ano. De acordo com o médico do Hospital das Clínicas, mais pesquisas são necessárias para saber se o dispositivo pode causar prejuízos à saúde se ficar por mais tempo.
Dentro do intestino, o tubo plástico pode causar alguma irritação. "Eu tive uma reação nos primeiros 40 dias, quando ainda era necessário ingerir apenas líquidos. Quando eu andava de carro, começava a vomitar", conta o consultor financeiro Jose Correa Garcia Junior, de 57 anos, que retirou a prótese em março.
Por causa da menor absorção de nutrientes, quem usa o aparelho pode ter que tomar suplementos alimentares. "É necessário repor ferro, cálcio e vitaminas",
O que diz quem já usou
Jose Correa já pesou 240 quilos.
Jose Correa Garcia Junior, 57 anosPeso antes do procedimento: 194 kgPeso após o procedimento: 139 kg
"Sou criador de cavalos 'mini-horse'. Como eu não conseguia me pesar em balanças comuns, media meu peso em balanças de cavalo. Cheguei pesar 240 quilos e usar roupa número 80. Hoje tenho 147 quilos e como um quinto do que comia antes. Pena que [a prótese] ficou só um ano."
Ederson perdeu 30 kg em 4 meses.
Ederson Fleming, 32 anosPeso antes do procedimento: 207 kgPeso após o procedimento: 177 kg
"Fiquei menos de quatro meses [com a prótese] porque soltou um grampo. Nesse período, emagreci 30 quilos, e a diabetes acabou. Foi um aparelho que, quando tirei, chorei muito. No anos passado, em julho, fiz a cirurgia [no estômago]. Fui para a cirurgia com taxa de glicose de uma pessoa normal."
Paulo Tarso, 57 anosPeso antes do procedimento: 116 kgPeso após o procedimento: 92 kg
"Eu não era um paciente de obesidade mórbida, mas estava com diabetes. Minha pressão sempre foi alta, em torno de 20 por 12, mas chegou a 12 por 6 [com a prótese]. Antigamente eu era um cara que comia muito, e comida muito gordurosa. Hoje eu penso para comer. Agora o que falta é arrumar um tempo para fazer atividades físicas.
Volta à normalidade
A remoção do aparelho também é realizada pela boca, sem cirurgia. Sem o equipamento, o corpo volta a absorver os alimentos normalmente, exigindo disciplina dos pacientes para manter o peso.
"Você não pode deixar de ser acompanhado pelo endocrinologista, cirurgião de obesidade, nutricionista, e não vai deixar de ter sua atividade física, seu apoio emocional", alerta Eduardo de Moura.
Chegada ao mercadoA pesquisa estimulou a procura pela instalação da manga endoscópica, mas o produto pode demorar a chegar aos hospitais, pois a empresa que o produz ainda não tem capacidade para fabricá-lo de forma comercial.
G1.com
Sobre balão gástrico
BALÃO INTRAGÁSTRICO PODE AUXILIAR NO COMBATE AO FUMO
A implantação de Balão Intragástrico é uma técnica alternativa na perda de peso indicada a pessoas que estão no sobrepeso, na obesidade leve ou obesidade moderada.
Procedimento minimamente invasivo, ele tem como princípio diminuir a cavidade gástrica, ocupando lugar no estômago e transmitindo à pessoa sensação de saciedade, o que leva o paciente a uma menor ingestão de alimentos e, acarretando, finalmente, na perda de peso.
Introduzido por via endoscópica e sem a necessidade de intervenção cirúrgica, o Balão pode permanecer no estômago por até seis meses.
Além da ajuda na perda de peso e consequente benefício para a saúde, outro fator positivo é a possibilidade de o Balão auxiliar o paciente a parar de fumar. “Para chegar a essa conclusão, é preciso entender o funcionamento de nossa digestão e da relação cerebral entre comer e fumar.
A ação do tabaco mimetiza a liberação de substâncias que geram prazer ao organismo; a presença do balão no estômago gera efeito de saciedade, que também libera tais substâncias prazerosas no corpo e é aí que o tratamento se interpõe ao fumo, pois ambos acabam gerando uma fonte alternativa de prazer e saciedade.
Segundo Dr. Matz, de cada 10 pacientes que se submeteram à colocação do Balão Intragástico com ele, seis afirmam que o procedimento possui um bom efeito antitabagismo, dois dizem que perderam completamente a vontade de fumar, enquanto os outros dois não perceberam nenhum efeito relacionado. “Muitos já me disseram que a vontade e a procura pelo fumo diminuíram drasticamente. É claro que, para parar de fumar de forma definitiva, o paciente precisa de muita motivação e força de vontade, já que ainda não foi descoberta uma maneira para cessar com o tabagismo sem a necessidade de grande esforço por parte do fumante”.
Quando questionado sobre a possibilidade de o paciente substituir o cigarro por alguma outra compulsão, o médico é bastante direto.
“A sensação de plenitude gástrica e de prazer do tabagismo geram a mesma linguagem no organismo.
E esse prazer desenvolvido no corpo pode não ser contido e virar um transtorno compulsivo. Qualquer pessoa portadora de uma compulsão pode substituí-la com grande facilidade.
É por esse motivo que o tratamento deve ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar, incluindo o acompanhamento psicológico, já que o paciente passará por transformações marcantes e deverá adquirir novos hábitos para que não haja perda no resultado do tratamento a longo prazo”, finaliza Dr. Matz.
Fonte: Endodiagnostic
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