3.16.2011

Japão: Cenário de Apocalipse

Vazamento veio de usinas nucleares a 238 km. Autoridades europeias dizem que cenário em Fukushima é de ‘apocalipse’

Agência Internacional de Energia Atômica afirmou que a câmara de contenção primária do reator nuclear 2 de Fukushima 1 pode estar danificada. Além disso, novo incêndio ontem no reator 4 da usina pode aumentar o risco de vazamentos. O governo japonês admitiu que o nível de radiação poderá causar danos à saúde da população.
Terremoto deixa milhares de mortos e desaparecidos
Um terremoto atingiu nesta sexta-feira a costa nordeste do Japão e deixou um total de 2,7 mil mortos e 3,7 mil desaparecidos, de acordo com autoridades do país. De acordo com a Agência Geológica dos EUA (USGS), o abalo foi de 8,9 graus na escala Richter, que vai até nove. O potente tremor, que sacudiu edifícios em Tóquio, foi seguido por duas réplicas, ambas de 6,4 graus, informou o USGS em seu site.

O terremoto teve epicentro no Oceano Pacífico, a 130 km da península de Ojika, e a uma profundidade de dez km, na mesma região onde há dois dias ocorreu um tremor de 7,3 graus que não deixou danos. O sismo ocorreu às 14h46 da hora local (2h46 de Brasília) e alcançou 7 graus na escala japonesa - o nível máximo.

A Polícia de Miyagi, uma das províncias afetadas, informou que há "vários feridos" na região devido ao terremoto, segundo a agência local Kyodo. A emissora de TV local NHK transmitiu imagens que mostram colunas de fumaça saindo de edifícios na ilha de Odaiba, na baía de Tóquio.

A Agência Meteorológica do Japão emitiu um alerta de alto risco de tsunamis, com ondas de até seis metros em Miyagi e de até três metros em Iwate, onde os habitantes que se encontram perto do litoral foram orientados a se dirigir para terrenos elevados.

A mesma recomendação foi lançada nas províncias de Fukushima, Ibaraki e Aomori, além da costa da província de Chiba, contígua a Tóquio. Na capital japonesa, o terremoto, um dos mais fortes dos últimos anos, disparou os alarmes dos edifícios e fez com que as pessoas saíssem assustadas às ruas, ao tempo que interrompeu as linhas de telefonia celular.

Radiação chega a Tóquio e causa pânico na cidade

Tóquio (Japão) - A crise nuclear que assusta o Japão chegou a Tóquio, capital do país, ontem. Pela primeira vez desde o início da sequência de acidentes em usinas japonesas — em especial no complexo de Fukushima, a 238 km da capital — foi detectado aumento nos níveis de radiação de Tóquio, o que fez o governo orientar os moradores a ficarem em casa. A Comissão Europeia qualificou a situação de “apocalipse”, por considerar que as autoridades locais perderam o controle da situação na central de Fukushima.

“Fala-se de apocalipse e acredito que é um termo particularmente bem escolhido”, declarou o comissário europeu de Energia, Günther Oettinger, no Parlamento Europeu em Bruxelas. “Praticamente tudo está fora de controle”, acrescentou.
As explosões e incêndios em usinas atômicas são decorrência do terremoto da última sexta-feira, que também causou tsunami que arrasou outras áreas do Japão.
Foto: AFP
Imagem, feita meses atrás, do interior do prédio do reator 3 da usina de Fukushima, que explodiu duas vezes só na segunda-feira | Foto: AFP
Até ontem à noite, os índices detectados perto de Tóquio — cidade em que vivem milhares de brasileiros — não eram alarmantes, mas a notícia espalhou o pânico. As ruas ficaram vazias e moradores estocam comida em casa.
Empresas multinacionais já começaram a se mobilizar para tirar seus funcionários de Tóquio e os aeroportos já registravam aumento no movimento de saída da cidade. Por outro lado, algumas empresas europeias cancelaram voos para a capital japonesa, ou os desviaram para outras cidades.

A agência de segurança nuclear da França disse ontem que o acidente agora pode ser classificado como nível seis (acidente sério), em uma escala internacional que vai até sete (acidente grave). Na segunda-feira, a agência havia considerado o acidente na usina como sendo de nível quatro (acidente com consequências locais). O nível sete foi usado apenas uma vez, para o desastre de Chernobyl, na Ucrânia (1986).

Nenhum comentário: