Estudo desenvolvido na Universidade da Pensilvânia mostrou que o sabor dos alimentos nem sempre é fator decisório na hora de escolher a marca. Quem faz a melhor embalagem é quem vende mais
Um estudo feito pela Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, descobriu que as crianças são altamente influenciáveis pelos desenhos contidos nas embalagens de produtos alimentícios, e tendem sempre a preferir aqueles que contenham representações de seus personagens preferidos, não importando qual seja o sabor do alimento. Embalagens com desenhos famosos, como Shrek ou os penguins do filme Happy Feet, fazem as crianças terem hábitos errados de alimentação.“Personagens comerciais fazem com que seja mais fácil para as crianças lembrarem e identificarem os produtos. São uma identidade visual”, afirma Sarah Vaala, uma das autoras da pesquisa. O problema, diz ela, é que a indústria de alimentos usa isso de forma errada, colocando nas embalagens dos produtos menos saudáveis e nutritivos os desenhos mais populares entre as crianças.
“As crianças transferem sua preferência pelo personagem para o produto, e querem comprá-lo mais (que outro que até tenha um gosto melhor)”, disse Vaala. “O que queríamos saber era se essa preferência se refletia também no sabor do produto; se colocando esses personagens as empresas estavam, na verdade, influenciando subconscientemente o julgamento das crianças”.
Para comprovar a tese, os pesquisadores convidaram 80 crianças entre quatro e seis anos para fazer um teste de sabor cego. Colocaram, em quatro embalagens, o mesmo cereal - um tipo saudável e que não costuma ser vendido em super mercados -, sendo que em duas dessas embalagens lia-se “flocos saudáveis” e, nas outras duas, “flocos doces”. Também em uma embalagem de cada suposto tipo de flocos foram desenhados personagens do filme Happy Feet.
O resultado mostrou que as crianças tendiam a preferir o conteúdo das embalagens com os desenhos e, dentre essas duas, aquela que continha o aviso “flocos saudáveis”. Segundo os pesquisadores, esse fato talvez seja explicado pelo fato de que, desde muito pequena, a criança é ensinada que comer produtos com mais açúcar faz mal.
“Há algo desconcertante acontecendo hoje em dia. Nós nos preocupamos em dizer às crianças para comer algo saudável, e isso parece fazer sentido. Mas, na verdade, estamos enganando-as, porque é, de fato, o desenho que elas vêem na embalagem que influencia na decisão final”, afirmou Vaala.
Por mais que o produto seja saudável e, supostamente, não atraente para uma criança, o que o estudo mostrou é que isso pouco interessa quando ela se sente atraída pela embalagem. O que pode estar errado, segundo a representante da Associação Dietética Americana, Keri Gans, é que a indústria precisa usar esses personagens nas embalagens dos produtos saudáveis, não dos pouco nutritivos. “Esta pode ser uma oportunidade para os produtores que se dizem preocupados com a epidemia de obesidade nas gerações mais novas”
Época
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