3.10.2011

Novo ramo da psicologia mostra efeito da autocompaixão na saúde


Você se trata tão bem quanto trata seus amigos e familiares?
Essa pergunta está na base de uma nova e crescente área de pesquisa psicológica intitulada autocompaixão, que avalia a benevolência com que as pessoas se veem.
Pesquisas sugerem que aceitar as próprias imperfeições é o primeiro passo para uma saúde melhor. Pessoas com notas altas em testes de autocompaixão têm menos depressão e ansiedade.
Dados preliminares sugerem que a autocompaixão ajuda até a perder peso.
Essa ideia parece contradizer os conselhos de médicos e livros de autoajuda, que sugerem que autodisciplina leva a uma saúde melhor.
Segundo Kristin Neff, pioneira nesse campo, a maior razão pela qual as pessoas não têm mais compaixão por si mesmas é o medo de se tornarem autoindulgentes.
"Elas acreditam que é a autocrítica que as mantém na linha. A maioria das pessoas se equivoca, porque nossa cultura recomenda que sejamos intransigentes", afirma Neff, professora de desenvolvimento humano da Universidade do Texas, em Austin
EXCESSO DE CRÍTICA
Imagine como você reagiria a uma criança com problemas na escola ou que come junk food demais. Muitos pais ofereceriam ajuda a ela.
Mas quando adultos se encontram em situações semelhantes, muitos caem em um ciclo de autocrítica e negatividade. Isso os deixa ainda menos motivados para efetuar mudanças.
"A razão pela qual você não deixa seu filho comer cinco potes de sorvete é que você se preocupa com ele. Se você se preocupa consigo mesmo, faz o que é saudável e não o que fará mal."
O livro da psicóloga, "Self-Compassion: Stop Beating Yourself Up and Leave Insecurity Behind" ("Autocompaixão: pare de se criticar e deixe a insegurança para trás") será publicado nos EUA em abril.
A obra traz 26 afirmações que visam determinar a frequência com que as pessoas se tratam com bondade e descobrir se elas reconhecem o fato de que altos e baixos fazem parte da vida.
Uma resposta positiva à afirmação "desaprovo minhas próprias falhas e inadequações e me avalio mal por isso", por exemplo, aponta para falta de autocompaixão. Nesse caso, ela sugere escrever uma carta de apoio para si mesmo ou listar suas qualidades e defeitos, lembrando que ninguém é perfeito.
Se tudo isso soa um pouco tolerante demais, há evidências científicas que confirmam a validade da teoria.
Uma pesquisa na Universidade Wake Forest convidou 84 mulheres a comer donuts.
Para um grupo, o instrutor disse: "Todo o mundo que participa do estudo come isto, então não há razão para você se sentir mal por isso." Para outro grupo, ele não disse nada. Resultado: o primeiro grupo, com menos culpa, comeu menos.
"O problema é que é difícil desaprender os hábitos de toda uma vida", afirma Neff.



Tradução de CLARA ALLAIN "NEW YORK TIMES"

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