Mais de meio milhão de adolescentes americanos têm transtornos alimentares, mas poucos procuram tratamento, segundo uma pesquisa do governo dos EUA.
A pesquisa é uma das maiores já feitas sobre esse problema e envolveu dados de mais de 10 mil adolescentes de 13 a 18 anos.
Comer em excesso ("binge eating") foi o transtorno mais comum, afetando 1,5% dos jovens. Menos de 1% dos jovens sofrem de bulimia e 0,3%, de anorexia.
Ao todo, 3% têm um dos três problemas. Outros 3% tinham sintomas de transtornos.
O estudo foi publicado na revista "Archives of General Psychiatry".
As taxas observadas ficaram acima das calculadas em estudos anteriores. Mais da metade dos jovens afetados sofre de depressão, ansiedade ou outros transtorno mental. Muitos deles já tentaram suicídio.
Folha
Saiba mais sobre Transtornos Alimentares:
Os chamados de transtornos alimentares (a anorexia e a bulimia são os mais conhecidos), eles fazem o paciente desenvolver uma relação doentia com a comida - ou empanturram-se com até 15 mil calorias em uma única refeição para depois colocar tudo para fora (caso da bulimia) ou ficam dias sem comer (na anorexia).
Os portadores da doença também desenvolvem uma obsessão pela forma física e distorcem a auto-imagem a tal ponto que se sentem gordos mesmo estando com 38 kg. O resultado é a paulatina deterioração física e mental, que começa com sintomas leves como queda dos cabelos até complicações cardiovasculares, renais e endócrinas graves que podem levar a morte (veja o artigo todo).
Educadores, professores, pais devem ter noção dos fatores de risco da Anorexia Nervosa e da Bulimia:
- Meninas adolescentes e adultas jovens de classe média e média-alta;
- Meninas que aspiraram trabalhar em atividades que privilegiam e enfatizam o estado de magreza do corpo (atores, modelos, bailarinas e desportistas);
- Ex- gordas ou com excesso de peso que se tornam obsessivas por práticas freqüente de dietas;
- História familiar de transtorno obsessivo-compulsivo;
- Baixa auto-estima, expectativa de grandes desempenhos (feitos), perfeccionismo, insegurança no relacionamento social, dificuldade em identificar e expressar sentimentos;
- Meninas adolescentes e adultas jovens de classe média e média-alta;
- Meninas que aspiraram trabalhar em atividades que privilegiam e enfatizam o estado de magreza do corpo (atores, modelos, bailarinas e desportistas);
- Ex- gordas ou com excesso de peso que se tornam obsessivas por práticas freqüente de dietas;
- História familiar de transtorno obsessivo-compulsivo;
- Baixa auto-estima, expectativa de grandes desempenhos (feitos), perfeccionismo, insegurança no relacionamento social, dificuldade em identificar e expressar sentimentos;
Concomitantemente podem ser traços característicos da personalidade para a Anorexia Nervosa o seguinte: preocupações e cautela em excesso, medo de mudanças, hipersensibilidade e gosto pela ordem;
Para a Bulimia Nervosa esses traços característicos da personalidade seriam: Impulsividade, desorganização, preferência pelo novo, fácil desmotivação, extroversão, preocupação com modismos.
Essa patologia, é significativamente agravada pela valorização desmedida que algumas culturas modernas emprestam à estética corporal, sugerindo à pessoas mais vulneráveis que seria praticamente impossível conciliar a felicidade com uma discreta "barriguinha".
Todos estes Transtornos Alimentares compartilham alguns sintomas em comum, tais como, desejar uma imagem corporal perfeita e favorecer uma distorção da realidade diante do espelho. Isto ocorre porque, nas últimas décadas, ser fisicamente perfeito tem se convertido num dos objetivos principais (e estupidamente frívolos) das sociedades desenvolvidas. É uma meta imposta por novos modelos de vida, nos quais o aspecto físico parece ser o único sinônimo válido de êxito, felicidade e, inclusive, saúde.
Em países desenvolvidos, 93% das mulheres e 82 % dos homens entrevistados estão preocupados com sua aparência e trabalham para melhorá-la. De um modo geral, desejar ardentemente ter uma imagem corporal perfeita não implica sofrer de alguma transtorno emocional, porém as possibilidades de que esta apareça é fortemente aumentada. É na adolescência, quando a personalidade ainda não está plenamente configurada, que este tipo de obsessão se converte num pesadelo, agravado pelos modelos de perfeição e beleza que os meios de comunicação enfática e constantemente transmitem. Os jovens se sentem na obrigação de ter corpos perfeitos, extremamente "saudáveis", ainda que para tal se sacrifique a saúde e seu bem estar (veja La nueva epidemia del culto al cuerpo...).
Os Transtornos Alimentares são definidos como desvios do comportamento alimentar que podem levar ao emagrecimento extremo (caquexia) ou à obesidade, entre outros problemas físicos e incapacidades. Os principais tipos de Transtornos Alimentares são a Anorexia Nervosa e a Bulimia Nervosa. Essas duas patologias são intimamente relacionadas por apresentarem alguns sintomas em comum: uma idéia prevalente envolvendo a preocupação excessiva com o peso, uma representação alterada da forma corporal e um medo patológico de engordar. Em ambos os quadros os pacientes estabelecem um julgamento de si mesmos indevidamente baseado na forma física, a qual freqüentemente percebem de forma distorcida.
O impacto que os Transtornos Alimentares exercem sobre as mulheres é mais prevalente, ainda que a incidência masculina esteja aumentando assustadoramente. A Vigorexia, por exemplo, tem sido predominante nos homens, mas já se estão detectando casos de mulheres obcecadas pelo músculo. Já os Transtornos Dismórficos acometem igualmente ambos sexos.
Os Transtornos Alimentares são todos aqueles que se caracterizam por apresentar alterações graves na conduta alimentar e os mais freqüentes são Anorexia e Bulimia nervosas.
ANOREXIA NERVOSA
A Anorexia nervosa é um transtorno emocional que consiste numa perda de peso derivada e num intenso temor da obesidade. Esses sentimentos têm como conseqüência uma serie de condutas anômalas. A Anorexia Nervosa acomete preferentemente a mulheres jovens entre 14 e 18 anos.
Os sintomas mais freqüentes são:
Os sintomas mais freqüentes são:
- medo intenso a ganhar peso, mantendo-o abaixo do valor mínimo normal.
- pouca ingestão de alimentos ou dietas severas
imagem corporal distorcida - sensação de estar gorda quando se está magra
grande perda de peso (freqüentemente em um período breve de tempo) - sentimento de culpa ou depreciação por ter comido
- hiperatividade e exercício físico excessivo
- perda da menstruação
- excessiva sensibilidade ao frio
- mudanças no caráter (irritabilidade, tristeza, insônia, etc.)
BULIMIA NERVOSA
A Bulimia Nervosa é um transtorno mental que se caracteriza por episódios repetidos de ingestão excessiva de alimentos num curto espaço de tempo (as crises bulímicas), seguido por uma preocupação exagerada sobre o controle do peso corporal, preocupação esta que leva a pessoa a adotar condutas inadequadas e perigosas para sua saúde. A Bulimia Nervosa também acomete preferentemente a mulheres jovens ainda que algo maiores que em Anorexia.
Os sintomas mais freqüentes são:
- Comer compulsivamente em forma ataques de fome e a escondidas,
- Preocupação constante em torno da comida e do peso,
- Condutas inapropiadas para compensar a ingestão excessiva com o fim de não ganhar peso, tais como o uso excessivo de fármacos, laxantes, diuréticos e vômitos auto-provocados.
- Manutenção do peso pode ser normal ou mesmo elevado,
- Erosão do esmalte dentário, podendo levar à perda dos dentes,
- Mudanças no estado emocional, tais como depressão, tristeza, sentimentos de culpa e ódio para si mesma.
- Preocupação constante em torno da comida e do peso,
- Condutas inapropiadas para compensar a ingestão excessiva com o fim de não ganhar peso, tais como o uso excessivo de fármacos, laxantes, diuréticos e vômitos auto-provocados.
- Manutenção do peso pode ser normal ou mesmo elevado,
- Erosão do esmalte dentário, podendo levar à perda dos dentes,
- Mudanças no estado emocional, tais como depressão, tristeza, sentimentos de culpa e ódio para si mesma.
Vários estudos epidemiológicos demonstram um aumento na incidência de alguns dos Transtornos Alimentares (Hsu, 1996) concomitante à evolução do padrão de beleza feminino em direção a um corpo cada vez mais magro (Garner & Garfinkel, 1980), notadamente da Anorexia e da Bulimia nervosas. A Anorexia e a Bulimia parecem ser mais prevalentes em países ocidentais e são claramente mais freqüentes entre mulheres jovens, especialmente aquelas pertencentes aos estratos sociais mais elevados destas sociedades, o que fortalece sua conexão com fatores sócio-culturais.
É por isso que alguns pesquisadores entendem os Transtornos Alimentares como síndromes ligadas à cultura. As síndromes ligadas à cultura são constelações de sinais e sintomas que se restringem a determinadas culturas em função das características peculiares das mesmas.
De acordo com esta concepção, a pressão cultural para emagrecer é considerada um elemento fundamental da etiologia desses transtornos, os quais, juntamente com fatores biológicos, psicológicos e familiares acabam gerando uma preocupação excessiva com o corpo, um medo anormal de engordar e uma ansiedade marcantemente acompanhada de alterações do esquema corporal. Essas são, pois, as características da Bulimia e da Anorexia.
Em nível pessoal e neurológico, as condutas de alimentação estão normalmente reguladas por mecanismos automáticos no sistema nervoso central (SNC). A sensação de fome tem origem dupla; tanto em estímulos metabólicos, quanto em receptores periféricos situados na boca e no tubo digestivo. Induz-se a sensação de apetite, que desencadeia conduta de alimentação. A sensação de saciedade faz cessar os estímulos da fome e se detém o processo. As pessoas normais apresentam algumas reações adaptadas aos estímulos de fome e de sede, com respostas corretas para a saciedade.
Há tempos se reconhece o hipotálamo como o local onde se situam os centros da fome e da saciedade mas, será no córtex cerebral o local onde se desenvolvem mecanismos mais complexos relacionados à alimentação.
Embora o processo da alimentação (fome, sede, saciedade) possa parecer fisiologicamente automático e elementar, como dissemos, eles não ocorrem apenas nos elementos neurobiológicos que regulam a conduta alimentar. Eles também estão vinculados à experiências vivenciais prévias. Portanto, existem outros mecanismos mais complexos e relacionados com nossas experiências psicológicas (sentimentos de segurança, bem estar e afeto que se experimentam a através do peito materno na lactação, antecedentes pessoais de carência extrema, etc.) regulando o processo da alimentação.
Também se relacionam ao ato de comer, nossas experiências sociais, tomando-se por base o fato de que o ato de comer tenha um aspecto eminentemente social e cultural. Normalmente as características dos alimentos definem os diferentes grupos culturais. Assim, culturalmente se diz "dieta mediterrânea, comida americana, italiana, indiana..., pratos típicos, menus tradicionais...., etc". Dessa forma, o ato de comer sempre foi e continua sendo um fenômeno de comunicação social. Através da comida o grupo social se sente reúne e se identifica, de tal forma que na maioria dos atos sociais a comida ocupa um lugar de destaque.
Devido a esses múltiplos aspectos atrelados ao comensalismo, existem muitas possibilidades de que o processo natural de alimentar-se varie no tempo e na cultura. Em algumas ocasiões a causa dos Transtornos Alimentares pode ser física, decorrente de doenças que dificultam o processo da alimentação ou alteram o aproveitamento normal dos alimentos, outras vezes, entretanto, o processo da alimentação pode alterar-se por fatores sociais, tais como a religião, cultura, status, moda etc...
Assim sendo, além da Anorexia e da Bulimia, existem outros Transtornos Alimentares importantes, tais como a obesidade ou a falta de apetite conseqüente a doenças que físicas e transtornos emocionais, ou simplesmente desencadeadas por uma serie de fatores psicológicos, sócio-culturais e educativos. Vejamos alguns exemplos de outros Transtornos Alimentares.
As pessoas que sofrem dessa síndrome vivem preocupadas (mais que o normal) com a preparação, compra, apresentação e ingestão de pratos especiais, diferentes e e/ou exóticos. Podem continuar com esse tipo de preocupação e atividade, muito embora tenham perdido o interesse nas suas relações sociais, familiares e ocupacionais.
Acredita-se que tal alteração possa ser conseqüência de lesões ou alterações funcionais no hemisfério cerebral direito, tais como tumores, traumatismos, hemiplegia, etc.
É grande a incidência - de 1 a 3% da população – das pessoas que se levantam a comer pela noite, ainda que continuam dormidos. No são conscientes do que fazem e não lembram de nada ao despertar. Quando contamos o que fizeram, negam contundentemente. A despeito desse "assaltos" noturnos à cozinha, a maioria desses pacientes faz regime durante o dia. Também ocorre em alcoolistas, drogadictos e pessoas com transtornos do sono.
As pessoas com este transtorno se sentem impulsionadas a ingerir sustâncias não comestíveis: sabonete, argila, gesso, casquinhas de pintura, alumínio, cera, tijolo, etc. Isso pode acontecer em mulheres com tendência histérica, grávidas e como conseqüência de déficits alimentares sérios. Também é um hábito cultural de certos povos.
A Síndrome de Prader-Willi é um defeito que pode afetar as crianças independentemente do sexo, raça ou condição social, de natureza genética e que inclui baixa estatura, retardo mental ou transtornos de aprendizagem, desenvolvimento sexual incompleto, problemas de comportamento característicos, baixo tono muscular e uma necessidade involuntária de comer constantemente, a qual, unida a uma necessidade de calorias reduzida, leva invariavelmente à obesidade.
Essa Síndrome deve seu nome aos doutores A. Prader, H. Willi e A. Labhart que, em 1956, descreveram pela primeira vez suas características. Acredita-se que haja um bebê com a síndrome para cada 10.000-15.000 nascimentos.
É um problema congênito associado à um tipo de retrardo mental. Essas pessoas não têm controle ao aceso à comida, comem sem parar até que acabam morrendo. Parece estar relacionado com um mau funcionamento do hipotálamo. O Prozac ajuda controlar o problema que, de momento, não tem cura.
Veja Síndrome de Prader-Willy (completo)
Veja Síndrome de Prader-Willy (completo)
Atualmente acha-se em estudo uma terceira categoria comum de Transtorno Alimentar; o Transtorno do Comer Compulsivo ("binge-eating disorder"), na qual os pacientes apresentam episódios de voracidade fágica (episódios bulímicos) mas sem se utilizarem de métodos purgativos depois, como acontece na Bulimia Nervosa.
No Transtorno do Comer Compulsivo também não há preocupação mórbida e irracional com o peso e a forma do corpo, assim como acontece na Bulimia e na Anorexia. Estes pacientes são na maioria das vezes obesos e parecem se distinguir de obesos que não apresentam esses episódios de comer compulsivo por apresentarem mais co-morbidade psiquiátrica e pelo fato da obesidade ser de maior gravidade.
O transtorno do comer compulsivo acomete três mulheres para cada dois homens e tem uma prevalência de 2% na população geral e de 30% entre as pessoas obesas que procuram tratamento para emagrecer.
As pessoas com este transtorno apresentam freqüentes crises, durante as quais sentem que não podem parar de comer. Comem depressa e às escondidas, ou não deixam de comer o dia todo. Apesar desses pacientes se sentirem culpados e envergonhados por sua falta de controle, eles não apresentam atitudes compensatórias e compulsivas (vômito, laxantes...) típicas dos pacientes com Bulimia. Normalmente eles têm um histórico completo de fracassos em diversas dietas e regimes para emagrecimento. Normalmente são pessoas depressivas e obesas.
Esta compulsão alimentar incontrolável leva os pacientes a ingerir quantidades exageradas de alimentos em um curto espaço de tempo. Estes ataques de comer (binge eating) devem ocorrer com uma freqüência mínima de 2 vezes por semana para que seja diagnosticada a síndrome. PAra o diagnóstico do Transtorno do Comer Compulsivo sugere-se os seguintes critérios:
1 - Episódios repetidos de "binge eating" (ataques de comer)
2 - Durante os episódios, 3 dos indicadores abaixo devem estar presentes:
-Comer muito mais rápido do que o normal
-Comer até se sentir desconfortavelmente empanturrado
-Comer grandes quantidades de comida, mesmo sem fome.
-Comer sozinho, com vergonha da quantidade.
-Sentir-se culpado e/ou deprimido depois do episódio
2 - Durante os episódios, 3 dos indicadores abaixo devem estar presentes:
-Comer muito mais rápido do que o normal
-Comer até se sentir desconfortavelmente empanturrado
-Comer grandes quantidades de comida, mesmo sem fome.
-Comer sozinho, com vergonha da quantidade.
-Sentir-se culpado e/ou deprimido depois do episódio
Por que os Transtornos Alimentares aumentaram e acometeram preferentemente as mulheres?
Dos séculos XVII a XIX a Anorexia Nervosa recebia nomes de Anorexia Histérica, Apepsia Histérica e Compunção Nervosa, com inúmeras descrições científicas de autores famosos, como Morton (1689), Gull (1874) e Lassegue. Nestas épocas esse transtorno era considerado próprio de mulheres.
Em 1914 o doutor Simod descreveu este transtorno com o nome de Caquexia Hipofisária, ressaltando que era uma doença que acometia mulheres no pós-parto, as quais começavam a perder peso e acabavam morrendo. Em 1939, Otto Sheehan realizou o diagnóstico diferencial entre Caquexia Hipofisária (de origem eminentemente orgânica) e a Anorexia Nervosa.
Para entender porque vem aumentando a incidência dos Transtornos Alimentares e porque eles têm especial predileção pelo público feminino, temos que entender a "História do Comer Mal" e a "História do Valor da Magreza".
A partir de 1925, os padrões de beleza feminina deram uma guinada muito importante. Desapareceram totalmente os tais espartilhos (usado por quase 4 séculos) do vestuário feminino, e a mulher começa a mostrar seu corpo de outra maneira. Neste ano aparecem pela primeira vez os figurinos de moda, nos quais se prega uma estilização progressiva. Essa mudança coincide com a incorporação da mulher ao esporte e começa a moda de mulheres delgadas.
Esta nova exibição do corpo feminino é definitivamente contínua e progressiva, fazendo com que a mulher se preocupe mais com sua estética corporal visível, a qual passa a ser objeto de observação e crítica sociais. Entretanto o modelo de beleza dos anos cinqüenta, como fora Marilin Monroe ou Ava Gadner, continua sendo representado por uma mulher mais cheia de curvas, mais palpável mas não gorda. E, a contar pelo entusiasmo que a imagem de Monroe provoca ainda hoje, há razões para crer-se que boa parcela da população masculina tem essa mesma preferência. Mas parece que as mulheres estão se importando cada vez menos com as preferências masculinas...
A partir dos anos 50 aumenta a preocupação com os Transtornos Alimentares. Começa o estudo das diferentes tendências de pensamento sobre esses transtornos, não só das idéias representadas pelos fatores biológicos e psicológicos, senão também dos elementos sociais e educativos que influenciavam a nova cultura da magreza.
O papel da mulher também passa a ser melhor analisado a partir dos anos 60, não só em relação à moda, mas também em relação à mudança social que se produz a partir de sua incorporação maciça no panorama ocupacional. Suspeita-se que dessa ocasião o surgimento de algumas dietas errôneas. Para isso contribuíram alguns fatores da cultura da época, tais como, a ausência de uma pessoa que se responsabilize pelos horários familiares de comida (papel tradicionalmente atribuído à mãe), o desaparecimento do hábito de comer em família e supressão da merenda e da ceia.
Todas essas alterações da conduta alimentar sofreram ainda a influência dos diferentes estilos de vida que surgiam em conseqüência das jornadas prolongadas de trabalho (tanto para homens como para mulheres), das dificuldades para traslados dos bairros distantes para os centros de trabalho e do frenético ritmo urbano que propiciava a necessidade de se comer fora de casa.
Portanto, as facilidades para se alimentar mal, juntamente com a cultura do emagrecimento, podem ter favorecido o aumento dos Transtornos Alimentares. E eles se tornaram mais comuns entre as mulheres, talvez porque a cultura da magreza fosse mais forte entre elas. Uma das características da Anorexia e da Bulimia nervosas é o medo patológico e obsessivo de engordar (mais comum entre mulheres), juntamente com um peculiar transtorno do esquema corporal.
Todas as estatísticas apontam que 90% das pessoas portadoras de Transtornos Alimentares são mulheres e, entre elas, aquelas com idade entre 14 e 18 anos, embora, hoje em dia, cada vez mais essa idade venha decrescendo perigosamente para meninas menores de 12 anos.
Os padrões de beleza atuais e a rejeição social à obesidade feminina fazem com que as adolescentes sintam um impulso incontrolável de estar tão delgadas como as "top models" que a publicidade e os meios de comunicação apresentam diariamente no glamour da glória e do sucesso.
As mensagens educativas dirigidas às jovens estimulam, sobretudo, que estas sejam muito responsáveis para conseguir êxito na vida social, profissional e familiar. Portanto, seguindo essas regras, não é casual que o perfil da jovem anoréxica (ou anorética) seja preferentemente de uma menina responsável e estudiosa, que deseja realizar corretamente seu relacionamento social e que tenha um perfeccionismo exagerado.
Um dos requisitos para se ter êxito e aceitação social é ter um físico apropriado, portanto, pelos valores culturais (das top models) é estar magra. A perda de peso, condição para se estar magra, pode realizar-se com vontade e esforço, portanto, é aqui que a jovem pode começar a ser responsável, meritosa, participativa e, incrivelmente magra.
Nos países industrializados, aos 15 anos de idade, uma a cada quatro meninas fazem regime para emagrecer, sem que, em quase nenhum caso, se constatem problemas de peso acima de uma faixa de normalidade. Respondendo a pergunta se "você se vê gorda, mesmo que os outros te vejam magra?", 58 % das meninas de 15 anos contestaram afirmativamente a opinião dos outros que as consideravam normais, magras ou não gordas. Seria esse um indício de Distorção do Esquema Corporal?
É muito curioso observar que as lésbicas têm um índice de Transtornos Alimentares tão baixo quanto dos meninos, enquanto os meninos homossexuais têm este índice próximo ao das meninas.
Não obstante, existe um fundo de perfeccionismo corporal latente, tanto em meninos como em meninas, mas os homens têm (no momento) alguns modelos mais masculinizados, não tão delgados. É neste ponto que surge, atualmente, uma nova doença chamada "Vigorexia", que consiste numa obsessão para atividade física exagerada nos meninos, especialmente em academias. Nesses casos, mais ou menos como acontece na Anorexia das mulheres, pode haver também alguma alteração no esquema corporal, de tal forma que, apesar de sua evidente massa muscular, eles se olham no espelho e se vêm enfraquecidos.
Não obstante, existe um fundo de perfeccionismo corporal latente, tanto em meninos como em meninas, mas os homens têm (no momento) alguns modelos mais masculinizados, não tão delgados. É neste ponto que surge, atualmente, uma nova doença chamada "Vigorexia", que consiste numa obsessão para atividade física exagerada nos meninos, especialmente em academias. Nesses casos, mais ou menos como acontece na Anorexia das mulheres, pode haver também alguma alteração no esquema corporal, de tal forma que, apesar de sua evidente massa muscular, eles se olham no espelho e se vêm enfraquecidos.
O impacto entre a população adolescente de programas de TV, sobretudo das novelas para jovens e dos vídeos musicais, influi fortemente nestas tendências supermusculares. Por outro lado, ao contrário do que podem pensar muitos, a Anorexia e a Bulimia nervosas não são doenças de meninas tontas que desejam ser magras. Esses Transtornos Alimentares acometem pessoas com graves perturbações emocionais e que precisam muita ajuda.
Alterações Cerebrais e Transtornos Alimentares
Os pacientes com Anorexia Pura têm aspectos clínicos comuns com os pacientes portadores de Bulimia, principalmente da Bulimia do tipo restritivo (de ingestão alimentar restrita), tais como, por exemplo, a distorção da imagem corporal, alterações na percepção das sensações internas, fobia do ganho de peso, preocupação em manter um peso de corpo subnormal.
Estudos com tomografia por emissão de pósitrom (SPECT) mostraram haver um hipometabolismo (metabolismo abaixo do normal) em determinada região cerebral, mais precisamente na área frontal e parietal nos pacientes com Anorexia Nervosa (Tetsuro).
Esses estudos funcionais cerebrais têm mostrado que estímulos visuais de alimentos de alto teor calórico aumentam o fluxo sangüíneo cerebral regional do sangue no do giro do cíngulo, nas áreas para-límbicas de pacientes com Anorexia Nervosa.
Os pacientes selecionados por Tetsuro foram divididos em três grupos: aqueles com Anorexia Nervosa, outros com com Bulimia e voluntários saudáveis. Todas as imagens foram submetidas à comparação com o espaço anatômico padrão do cérebro e alisadas a seguir. Após a análise estatística de cada imagem do cérebro, os relacionamentos entre imagens foram avaliados.
Esta análise das imagens do SPECT revelou que o fluxo do sangue da área frontal, principalmente na região do giro do cíngulo (bilateralmente), esteve diminuído significativamente no grupo de pacientes com Anorexia Nervosa, quando comparado com o grupo portador de Bulimia e com o grupo dos saudáveis.
Tais achados sugerem, possivelmente, a existência de alguma alteração funcional cerebral relevante na psicopatologia da Anorexia Nervosa. Entretanto, os trabalhos de Tetsuro mostraram também, que os pacientes com Bulimia podem apresentar uma ativação específica em determinadas regiões corticais anteriores, notadamente no hemisfério cerebral direito, quando estimulados com alimentos calóricos.
para referir:
Ballone, GJ - Transtornos Alimentares, in. PsiqWeb, Internet, disponível em <http://www.psiqweb.med.br/anorexia.html>,
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