3.12.2011

Acúmulo de gordura na barriga


Todo mundo conhece uma receita para emagrece e perder a barriga. Apelar para cintas compressoras, roupas que estimulem o suor na região da cintura e equipamentos específicos para fazer abdominais são algumas medidas recomendadas por aí. Mas será que elas surtem efeito? Para tirar a dúvida, o UOL Ciência e Saúde ouviu especialistas no assunto e conta, a seguir, o que é mito ou verdade.

1 - Vinagre de maçã não ajuda a diminuir a gordura e afinar a silhueta

 Segundo o endocrinologista Marcio Mancini, do Hospital das Clínicas de São Paulo e da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), nehum tipo de vinagre ajuda a diminuir a gordura. O mesmo vale para o suco de limão.

2 – A Caralluma Fimbriata e outros produtos vendidos para emagrecimento não possibilitam a perda de peso sem regime
 Mancini avisa que a Caralluma não é remédio, mas um suplemento alimentar que nem possuía registro na Anvisa e estava sendo vendido ilegalmente no Brasil. Ele explica que outros remédios existentes no mercado tentam, de alguma forma, ajudar a controlar os hábitos alimentares, ou a eliminar parte da gordura ingerida (sem deixar que seja absorvida). De acordo com o médico, eles auxiliam, mas não resolvem o problema sozinhos.

3 - É possível perder gordura numa parte específica do corpo com exercícios localizados


Mito. Exercícios localizados utilizam gordura fornecida pela corrente sanguínea e não pelo tecido adiposo da região que está sendo trabalhada. O que é possível com esse tipo de exercícios é fortalecer a musculatura da área treinada. Com a musculatura tonificada, a região fica mais “durinha”, o que pode melhorar a aparência. Segundo Mancini, se a pessoa vai emagrecer mais no abdômen ou nas coxas, isso vai depender da predisposição genética de cada um.

4 -Não  é possível perder gordura só na barriga
. Mancini explica que as pessoas primeiro engordam na periferia do corpo (embaixo da pele, nos membros, nádegas, quadris), mas elas têm uma capacidade determinada geneticamente para ganhar peso nessas regiões. Depois que as células gordurosas da periferia ficam repletas, começa a ser armazenada gordura no abdômen, tanto embaixo da pele como profundamente, nos vasos e nos órgãos.

Algumas pessoas praticamente não ganham peso na periferia (em geral homens de pernas finas, que quando engordam ganham peso no abdômen) e outras podem ganhar muito peso na periferia (em geral mulheres de quadris e coxas avantajados, que não engordam muito no abdômen). Para emagrecer, o processo é o mesmo.

5 - A caminhada é melhor que a corrida



Mancini comenta que caminhar é ótimo e que correr aumenta mais o gasto calórico do que andar. A corrida é um exercício mais intenso que a caminhada e por isso causa um maior gasto calórico e consequente emagrecimento.

É claro que tudo depende de quem está praticando. Para os mais sedentários, com menor condicionamento físico, a corrida pode ser um exercício intenso demais, e a pessoa não consegue manter o tempo suficiente para o emagrecimento. Nesse casos, a caminhada é mais indicada.

Também em obesos e pessoas com problemas no aparelho locomotor, a corrida pode ser contraindicada por causa do impacto, sendo a caminhada uma boa opção (dentre outras).

6 - Os exercícios aeróbios são melhores pra perder gordura que os exercícios anaeróbios (como a musculação)

Parcialmente verdade. Os exercícios aeróbios são muito importantes para a saúde cardiovascular e, especialmente nos dois primeiros meses, muito eficientes para e perda de peso.

Mas, como mostra o professor Paulo Gentil, do Grupo de Estudos Avançados em Saúde e Exercícios (Gease), em seu livro “Emagrecimento: quebrando mitos e mudando paradigmas”, os exercícios anaeróbios intervalados (como por exemplo alternar 1 minuto de corrida na maior intensidade possível e 1 minuto de caminhada para descanso) se mostraram mais eficientes que os aeróbios em períodos superiores a dois meses. Mesmo nos dois primeiros meses, os exercícios intervalados apresentaram resultados semelhantes aos aeróbios, mas com menor perda de massa muscular.

É importante não confundir perda de peso absoluto e emagrecimento. A perda de massa muscular diminui o peso, mas também diminui o metabolismo, podendo aumentar a tendência a engordar. A manutenção da massa magra é importante para a saúde do indivíduo (como massa magra entendemos tudo que não é gordura, em especial estamos falando de ossos e músculos que são pesados e podem causar diferenças significativas na balança).

Os exercícios resistidos (como os de musculação) normalmente não são tão eficientes para a perda de peso quanto os aeróbios e os intervalados. Mas o Mancini explica que, quando se aumenta a massa muscular com os exercícios de resistência, o corpo passa a queimar mais calorias (os músculos utilizam muita energia para se manter). Portanto, os dois são importantes.

7 - Beber chope e cerveja aumentam a barriga
Não.. Chope e cerveja têm calorias. Segundo o personal trainer Beto Fernandes, cada grama de álcool tem aproximadamente 7 calorias, e um copo de 300 ml de chope tem algo em torno de 120 calorias. Logo, a bebida ingerida em excesso engorda.

Mas, como explica Mancini, o indivíduo engorda nas regiões em que é predisposto geneticamente.

Vale lembrar que os petiscos que acompanham a cerveja também participam desse aumento de consumo calórico.

8 - Usar cintas compressoras de abdômen ajudam a perder barriga

Não,. A cinta causa uma compressão local temporária, pode ser a solução para aquela festa onde você precisa estar com a aparência perfeita, mas a longo prazo é preciso se esforçar, cuidando da alimentação e fazendo exercícios. Não há milagres. Mancini diz que com a cinta você só perde barriga na silhueta.

Além disso, o uso constante dessas cintas pode causar falta de força na musculatura postural, que acostuma com o suporte extra. O ideal é tentar se policiar para manter a postura e a barriga para dentro, fortalecendo os músculos do abdômen que sustentam a barriga, ajudando a diminuir o volume.

9 - Fazer longos períodos de jejum ajudam a emagrecer e perder barriga

Parcialmente verdade. O jejum emagrece, os os quilos voltam rapidamente assim que a pessoa volta a comer, como explica Mancini. Além disso, o jejum prolongado pode oferecer risco de vida.

10 - Fazer exercício em jejum potencializa a perda de gordura

Parcialmente verdade. Não há ainda comprovações sobre a eficiência dos exercícios feitos em jejum. Algumas pessoas parecem não se adaptar, apresentando até mesmo desmaios (o corpo induz o desmaio devido a falta de energia disponível) e algumas pessoas apresentam menor desempenho no exercício, pois o corpo diminui o metabolismo.

Já outros se adaptam bem a esse tipo de treino. Existem pesquisas que demonstram que em jejum a mobilização de gordura para a atividade é maior, mas esse efeito é muito pequeno. Segundo o professor Paulo Gentil, uma forma de explicar por que algumas pessoas conseguem emagrecer se exercitando em jejum é a redução da ingestão calórica diária, pois a pessoa precisa se programar para passar de 8 a 12 horas sem comer, além disso, é necessária força de vontade e disciplina, que podem ajudar na dieta e treinos.

Para Mancini, o sacrifício não vale à pena: há risco de mal estar, tontura, hipoglicemia.

11 - Fazer exercício com muitas roupas para manter o calor ajuda a emagrecer

Não. Mancini explica que simplesmente suar não emagrece. O mesmo vale para a sauna. Com o suor você perde água, por isso muitas vezes observamos efeito na balança logo depois do exercício, mas você terá que repor posteriormente essa água perdida.

12 - Exercícios abdominais diminuem a gordura da barriga

Não. Fernandes explica que, se a barriga proeminente for fruto de flacidez, o exercício abdominal faz o músculo voltar à posição anatômica normal e o volume diminui. Agora, se a barriga for causada por excesso de gordura, o abdominal não vai adiantar. O gasto calórico nos exercícios abdominais é pequeno, por isso não exerce grande influência no emagrecimento.

Como resume Mancini, exercícios abdominais fortalecem os músculos. Já os exercícios aeróbicos diminuem a barriga.

Fontes: Uol ( Ciência e Saúde)

Nenhum comentário: