A maioria das crianças e adolescentes que sofrem de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) no Brasil nunca foi diagnosticada com a doença, segundo levantamento com 5.961 mil brasileiros de 4 a 18 anos, coordenado pelo Instituto Glia.
Trata-se do primeiro estudo epidemiológico desse porte sobre TDAH no País, que encontrou uma incidência de 4,4% para a doença. Essa e outras conclusões serão apresentadas no final deste mês no 3º Congresso Mundial de TDAH, na Alemanha. Diretor do Instituto Glia e coordenador do estudo, o médico Marco Antônio Arruda acredita que a falha no diagnóstico para TDAH, presente em 58,2% de sua amostra, é um dos achados mais importantes da pesquisa.
A médica Maria Conceição do Rosário, psiquiatra da infância e adolescência e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), lembra que o distúrbio, ao passar despercebido, traz muito sofrimento para a criança. “Ela sofre preconceito, é considerada preguiçosa, desinteressada”, afirma.
Segundo Arruda, no estudo do Glia, mesmo entre os que tiveram a doença detectada, apenas 13,35% estava sob medicação adequada. Por outro lado, uma parcela de 6,14% dos entrevistados que não apresentavam o TDAH tinham recebido um falso diagnóstico da doença – e 1,63% tomava remédios mesmo sem ter necessidade.
A ‘medicalização’ é ainda mais frequente entre famílias de maior poder aquisitivo: apenas 25% das crianças das classes A e B medicadas tinham realmente um quadro de TDAH.
A relação entre a doença e a condição socioeconômica foi, aliás, outra descoberta do estudo. Arruda diz que o uso desnecessário de remédios ocorre nas famílias das classes A e B, justamente nas quais o TDAH é menos frequente, atingindo 2,8% das crianças. Já nas classes D e E esse índice chega a 7,4%.
Na classe C, a parcela corresponde a 4,9%. “O componente genético é forte, mas também há influências ambientais. Condições maternas inadequadas na gestação, sofrimento intrauterino e desnutrição podem aumentar os riscos”, diz.
O pesquisador acrescenta que, segundo os dados colhidos, crianças cujas mães fumaram ou ingeriram álcool durante a gestação têm risco três vezes maior para a doença.
As entrevistas que levaram ao levantamento, que também teve participação de pesquisadores da USP, da Unicamp, da Albert Einstein College of Medicine e da Universidade de Roma, foram feitas em 2009 por 124 professores de 87 cidades, em 18 Estados brasileiros.
No caso de Henrique, de 10 anos, filho da cirurgiã plástica Cynthia Mirilli Rolo Martini, o diagnóstico veio aos 6, quando suas professoras perceberam que ele trocava as letras na hora de escrever e falar. O menino foi encaminhado a uma fonoaudióloga.
“Nele, o que fica mais evidente é a falta de atenção”, conta Cynthia. Henrique também é acompanhado por uma psicopedagoga, que o ajuda a lidar com a dispersão. Mas foi uma psiquiatra que fechou o diagnóstico de TDAH. “Caso ela avalie que o remédio é a melhor alternativa, começaremos com a medicação”
Estadao
Trata-se do primeiro estudo epidemiológico desse porte sobre TDAH no País, que encontrou uma incidência de 4,4% para a doença. Essa e outras conclusões serão apresentadas no final deste mês no 3º Congresso Mundial de TDAH, na Alemanha. Diretor do Instituto Glia e coordenador do estudo, o médico Marco Antônio Arruda acredita que a falha no diagnóstico para TDAH, presente em 58,2% de sua amostra, é um dos achados mais importantes da pesquisa.
A médica Maria Conceição do Rosário, psiquiatra da infância e adolescência e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), lembra que o distúrbio, ao passar despercebido, traz muito sofrimento para a criança. “Ela sofre preconceito, é considerada preguiçosa, desinteressada”, afirma.
Segundo Arruda, no estudo do Glia, mesmo entre os que tiveram a doença detectada, apenas 13,35% estava sob medicação adequada. Por outro lado, uma parcela de 6,14% dos entrevistados que não apresentavam o TDAH tinham recebido um falso diagnóstico da doença – e 1,63% tomava remédios mesmo sem ter necessidade.
A ‘medicalização’ é ainda mais frequente entre famílias de maior poder aquisitivo: apenas 25% das crianças das classes A e B medicadas tinham realmente um quadro de TDAH.
A relação entre a doença e a condição socioeconômica foi, aliás, outra descoberta do estudo. Arruda diz que o uso desnecessário de remédios ocorre nas famílias das classes A e B, justamente nas quais o TDAH é menos frequente, atingindo 2,8% das crianças. Já nas classes D e E esse índice chega a 7,4%.
Na classe C, a parcela corresponde a 4,9%. “O componente genético é forte, mas também há influências ambientais. Condições maternas inadequadas na gestação, sofrimento intrauterino e desnutrição podem aumentar os riscos”, diz.
O pesquisador acrescenta que, segundo os dados colhidos, crianças cujas mães fumaram ou ingeriram álcool durante a gestação têm risco três vezes maior para a doença.
As entrevistas que levaram ao levantamento, que também teve participação de pesquisadores da USP, da Unicamp, da Albert Einstein College of Medicine e da Universidade de Roma, foram feitas em 2009 por 124 professores de 87 cidades, em 18 Estados brasileiros.
No caso de Henrique, de 10 anos, filho da cirurgiã plástica Cynthia Mirilli Rolo Martini, o diagnóstico veio aos 6, quando suas professoras perceberam que ele trocava as letras na hora de escrever e falar. O menino foi encaminhado a uma fonoaudióloga.
“Nele, o que fica mais evidente é a falta de atenção”, conta Cynthia. Henrique também é acompanhado por uma psicopedagoga, que o ajuda a lidar com a dispersão. Mas foi uma psiquiatra que fechou o diagnóstico de TDAH. “Caso ela avalie que o remédio é a melhor alternativa, começaremos com a medicação”
Estadao
Nenhum comentário:
Postar um comentário