7.18.2011

Problemas levantados no processo de trabalho na Industria Farmaceutica (Saúde do trabalhador e GMP)


 Controle sanitário e produção de medicamentos
Ao adentrar na indústria farmacêutica o trabalhador
depara-se com uma rotina que é marcada, em
primeiro lugar, pelos processos de higiene e cuidados
com o seu corpo; depois, com a assepsia do seu local
de trabalho e das máquinas com as quais irá lidar. Esses
cuidados são orientados por uma série de restrições,
proibições e normas a serem seguidas. Estas vão
desde a higienização correta das mãos, do uso apropriado
dos equipamentos de proteção até a restrição
ao seu deslocamento dentro do ambiente fabril. Toda
essa rotina é pautada pelas normatizações sanitárias
que orientam o cotidiano do trabalho e da produção
na indústria farmacêutica.
Tão importante quanto essas mudanças foram os avanços das exigências de controle
sanitário e a questão da qualidade prioridade  No passado a qualidade era pensada apenas
do ponto de vista do princípio ativo dos medicamentos,
sua correta identificação e pureza. A composição química
era vista como uma garantia da qualidade desse
medicamento. Posteriormente a técnica avançou para
a equivalência farmacêutica dos medicamentos. Com a
política de genéricos e a discussão sobre a bioequivalência,
outros aspectos físico-químicos, alguns aspectos
da tecnologia de produção e da farmacologia passam a
fazer parte da qualidade.
A regulamentação das Boas Práticas de Fabricação (BPF) que  regulamenta os
procedimentos a serem seguidos para a produção de medicamentos,
tendo como eixo a busca da qualidade na produção todos os
procedimentos devem ser realizados por meio do Procedimento
Operacional Padrão (POP), que orienta e controla todas as etapas da produção:
do armazenamento ao produto final.
As norma de GMP destaca, ainda, a importância
dos processos de sanitização e de higiene a serem
observados. Essas atividades abrangem não só as instalações,
equipamentos, materiais de produção, mas
também os trabalhadores.
Determina que todas as responsabilidades
individuais devem estar estabelecidas
em procedimentos escritos e claramente compreendidos
por todos os envolvidos. Preconiza ainda que todos
os trabalhadores devem conhecer os princípios da
Boas Práticas de Fabricação (BPF), o conceito de Garantia
da Qualidade e receber treinamento, incluindo
instruções de higiene e de suas atribuições pessoais.
No cumprimento dessas normas temos a definição
de uma série de elementos relativos aos processos
de trabalho e ao cotidiano dos trabalhadores dentro da
indústria farmacêutica.

Problemas (Saúde do Trabalhador): 

 a)Sobrecarga física :
- Armazenagem, pesagem e separação das matérias-primas; Transporte das matériasprimas
para o setor de Produção; Granulação úmida; Secagem; Granulação seca e o
Revestimento/Drageamento

b)Riscos de acidentes: esmagamento e lesão nas mãos e pés :
- Armazenagem, pesagem e separação das matérias-primas; Transporte das matériasprimas
para o setor de Produção; Granulação úmida; Secagem; Granulação seca e
Envelopamento

c)Riscos de incêndio e explosão :
- Armazenagem, pesagem e separação das matérias-primas

d)Respingos de materiais sobre o corpo e olhos :
- Armazenagem, pesagem e separação das matérias-primas; Granulação úmida;
Secagem ; Granulação seca e Envelopamento

e) Ritmo de trabalho intenso com movimentação contínua e repetitiva de partes do corpo,
posturas forçadas, rotações intensas de tronco e cabeça, e flexões de pernas :
- Armazenagem, pesagem e separação das matérias-primas; Granulação
úmida;Secagem; Granulação seca; Compressão;Revestimento/Drageamento;
Envelopamento e Acondicionamento/Armazenagem final

f) Exposição a grandes concentrações de particulados :
- Armazenagem, pesagem e separação das matérias-primas;Granulação úmida;
Secagem ; Granulação seca; Compressão; Revestimento/Drageamento;
Envelopamento e Acondicionamento/Armazenagem final

g) Condições sanitárias precárias para asseio pessoal :
- Armazenagem, pesagem e separação das matérias-primas

h) Transportes e deslocamentos constantes em área interna reduzida :
- Armazenagem, pesagem e separação das matérias-primas e Envelopamento

i) Inadequação da porta de acesso quanto aos fluxos de entrada e saída de materiais e
pessoas :
- Armazenagem, pesagem e separação das matérias-primas

j)Risco de quedas pela forma de utilização da empilhadeira na retirada de material da
estante, durante o transporte dos materiais pesados ou devido ao desnível do piso :
- Armazenagem, pesagem e separação das matérias-primas e Secagem

k) Queda de objetos sobre o corpo devido a carrinho inadequado (sem contenção), ou por
estarem soltos na carroceria do veículo :
- Transporte das matérias-primas para o setor de Produção e Granulação úmida

l) Ruído elevado :
-Granulação úmida; Secagem; Granulação seca ; Compressão ; Revestimento/
Drageamento e Envelopamento

m) Inexistência de tratamento dos resíduos (destino final é o esgoto comum) :
- Secagem e Granulação seca

n) Ventilação insuficiente :
- Compressão e Revestimento/Drageamento

o) Instalações elétricas expostas, com cabos elétricos pelo piso :
- Compressão e Revestimento/Drageamento

p) Trabalho realizado na postura em pé :
- Revestimento/Drageamento

q) Iluminação natural insuficiente, necessidade de iluminação artificial :
- Revestimento/Drageamento

r) Derrame da solução de revestimento no piso :
- Revestimento/Drageamento

s) Riscos de acidentes de cortes com o manuseio dos envelopes de alumínio :
- Envelopamento

t) Trabalho excessivamente monótono e repetitivo :
- Acondicionamento/Armazenagem final

u) Exposição a particulados, solventes e ruídos, provenientes de outros locais :
- Acondicionamento/Armazenagem final

  Conclusão
Além dos problemas gerais apontados pela literatura consultada, foram encontrados
problemas específicos relacionados a fadiga (ritmo de trabalho,postura,esforço físico), riscos
de acidentes(relacionado ao transporte,manuseio e armazenamento de materiais; com
operação de máquinas e ferramentas), condições sanitárias precárias, problemas de
dimensionamento do espaço físico (área de circulação e postos de trabalho),iluminação,ruído,temperaturas elevadas,não-tratamento de resíduos e sistema
insuficiente de ventilação/exaustão, acarretando alta concentração de particulados e
vapores nos locais de trabalho. Este trabalho permitiu identificar a relação entre os ciclos de
produção e os níveis de exposição dos trabalhadores aos principios ativos utilizados,
conforme preconiza a literatura apresentada. No caso estudado constatamos que esta
situação torna-se agravada a medida que não existe uma sequência definida de produção
que se modifica a cada ano, dificultando o estabelecimento da relação de causa e efeito
entre a exposição e os casos ocorridos.
EPI é todo e qualquer dispositivo ou produto, de uso individual, utilizado pelo trabalhador, destinado a proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. Sendo, a empresa, obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que, as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho; enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e para atender a situações de emergência.
Cabe ainda para a empresa, exigir o uso dos EPIs pelos seus funcionários durante a jornada de trabalho, realizar orientações e treinamentos sobre o uso adequado e a devida conservação, além de substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado. Como em todas as relações empregador – empregado, os trabalhadores têm seus direitos e deveres, nessa situação não é diferente, sendo responsabilidade dos empregados, usar corretamente o EPI, e, apenas durante o trabalho, mantendo sempre em boas condições de uso e conservação.
Abaixo, estão listados os principais itens de EPI disponíveis, além de informações importantes para assegurar a sua identificação e o uso correto.
PROTEÇÃO DA CABEÇA
Capacete – proteção do crânio contra impactos, choques elétricos e no combate a incêndios.
Capuz - Proteção do crânio contra riscos de origem térmica, respingos de produtos químicos e contato com partes móveis de máquinas.
PROTEÇÃO DOS OLHOS E FACE
Óculos - Proteção contra partículas, luz intensa, radiação, respingos de produtos químicos.
Protetor facial - Proteção do rosto
PROTEÇÃO DA PELE
Proteção da pele contra a ação de produtos químicos em geral;
Grupo 1 - creme água resistente;
Grupo 2 - creme óleo resistente;
Grupo 3 - cremes especiais.
PROTEÇÃO DOS MEMBROS SUPERIORES
Luvas de proteção, mangas, mangotes, dedeiras - Proteção de mãos, dedos e braços de riscos mecânicos, térmicos e químicos.
PROTEÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES
Calçados de segurança, botas e botinas - Proteção de pés, dedos dos pés e pernas contra riscos de origem térmica, umidade, produtos químicos, quedas.
PROTEÇÃO CONTRA QUEDAS COM DIFERENÇA DE NÍVEL
Cintos de segurança tipo páraquedista e com talabarte, trava quedas, cadeiras suspensas - Uso em trabalhos acima de 2 metros.
PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA
Máscaras de proteção respiratória - Proteção do sistema respiratório contra gases, vapores, névoas, poeiras ou partículas tóxicas.
PROTEÇÃO PARA O CORPO EM GERAL
Calças, conjuntos de calça e blusão, aventais, capas - Proteção contra calor, frio, produtos químicos, umidade, intempéries.
Muitos trabalhadores e empresas, que não utilizam o EPI se baseiam em alguns mitos como desculpa que não mais servem como argumento. O mito mais constante, “EPI são desconfortáveis” já está ultrapassado, pois hoje em dia eles são confeccionados com materiais leves e confortáveis, a sensação de desconforto está associada a fatores como a falta de treinamento e ao uso incorreto. Outro comum, “EPI são caros” também não comporta com a não-utilização, estudos comprovam que os gastos relativos a eles representam em média, menos de 0,05% dos investimentos.
O trabalhador recusa-se a usar, somente quando não está consciente do risco e da importância de proteger sua saúde. Assim como na década de 80, quase ninguém usava cinto de segurança nos automóveis, com a divulgação dos benefícios e a conscientização da população, hoje, a maioria dos motoristas usa e reconhece a importância deste dispositivo.
Usar corretamente dos EPIs é um tema em constante evolução, exigindo reciclagem contínua dos profissionais responsáveis, para assim, encontrarem medidas cada vez mais econômicas e eficazes para proteção dos trabalhadores, além de evitar problemas trabalhistas.
O desenvolvimento da percepção do risco aliado a um conjunto de informações e regras básicas de segurança são ferramentas fundamentais para evitar à exposição e assegurar o sucesso das medidas individuais de proteção a saúde das pessoas.Fonte: Fisioterapeuta especialista em Ergonomia pela UFPR. Contato: thakarina@ibest.com.br <http://www.ilustrado.com.br/>Antonio Celso Brandão

Um comentário:

Anônimo disse...

Qual o procedimento correto para Acidentes de corte com o manuseio dos envelopes de alumínio.