Por Drauzio Varella
As cirurgias bariátricas evoluíram muito nas últimas décadas. Os métodos atuais de redução do estômago são bem mais seguros do que os “desvios” feitos nas alças intestinais na década de 1950. As técnicas progrediram das simples reduções das dimensões do estômago para as reduções associadas a “desvios” do trânsito intestinal e das secreções biliares e pancreáticas necessárias para a digestão dos alimentos.
Esses procedimentos que causavam tantas complicações até a década de 1990, hoje são realizados com índices de mortalidade comparáveis aos das grandes cirurgias abdominais. As cirurgias bariátricas são indicadas para a redução do peso corpóreo nos casos de obesidade refratária às mudanças do estilo de vida e aos medicamentos. Para evitar indicações abusivas, as associações médicas brasileiras e internacionais estabeleceram critérios rígidos baseados no Índice de Massa Corpórea (IMC).
O IMC é calculado dividindo-se o peso corpóreo (em quilograma) pela altura (em metro) elevada ao quadrado. O consenso inicial era considerar a possibilidade de operar apenas os pacientes com IMC igual ou maior que 40 kg/m2. Em seguida, essa indicação foi estendida para aqueles com IMC de pelo menos 35 kg/m2, que apresentassem problemas médicos como diabetes, doença coronariana, hipertensão grave, apneia do sono, limitações ortopédicas etc.
Nos últimos 20 anos, diversos ensaios clínicos demonstraram que esse tipo de intervenção não apenas provocava perdas de peso significantes e duradouras, mas tinha grande impacto no controle da glicemia nos pacientes com diabetes do tipo 2 (o mais comum), muitos dos quais ficavam livres dos remédios que haviam tomado durante anos.
Apesar dos resultados contundentes, os médicos demoraram pelo menos duas décadas para aceitar que uma intervenção cirúrgica fosse capaz de curar diabetes. A relutância em aceitar o óbvio tem uma explicação simples: todos nós aprendemos na faculdade que diabetes é incurável. Neste ano foram publicados dois estudos muito bem conduzidos, nos quais ficou demonstrado que a cirurgia bariátrica é mais eficaz no controle do diabetes do que as medidas convencionais de dieta, atividade física e medicamentos.
Esses resultados despertaram a curiosidade dos especialistas: se é assim, a cirurgia não deveria ser indicada mais cedo no curso da enfermidade? Um grupo sueco acaba de publicar no The New England Journal of Medicine um estudo prospectivo, iniciado em 1987, em que 1658 pacientes obesos submetidos à cirurgia bariátrica (diversas técnicas) foram comparados com um grupo de 1.771 obesos tratados com dieta, atividade física e medicamentos.
Os participantes tinham entre 37 e 60 anos de idade. Os homens apresentavam IMC acima de 34 kg/m2 e as mulheres IMC acima de 38 Kg/m2. No início do acompanhamento, nenhum deles tinha diabetes. Cerca de dois terços dos participantes não entraram na análise final por não terem completado os 15 anos de evolução.
Entre os que foram seguidos por esse número de anos, 502 desenvolveram diabetes: 392 no grupo controle e 110 no grupo submetido à cirurgia. A diferença em favor da cirurgia foi altamente significante: redução de incidência igual a 78%.
O valor do IMC inicial não fez diferença nos resultados finais; o tipo de técnica operatória também não.
Diabetes é uma doença que progride lentamente, na qual a sensibilidade à insulina e a capacidade de produzi-la diminuem com o tempo. O estudo sueco sugere que cirurgias bariátricas podem impedir que as anormalidades do metabolismo da glicose progridam para a instalação do diabetes. Apesar dos resultados intrigantes, é impraticável pretender prevenir diabetes por meio de cirurgia entre os milhões de obesos do mundo inteiro.
No Brasil, praticamente metade da população adulta está acima do peso saudável, número que cresce a cada censo. Há 12 milhões de brasileiros com diabetes.
As cirurgias bariátricas evoluíram muito nas últimas décadas. Os métodos atuais de redução do estômago são bem mais seguros do que os “desvios” feitos nas alças intestinais na década de 1950. As técnicas progrediram das simples reduções das dimensões do estômago para as reduções associadas a “desvios” do trânsito intestinal e das secreções biliares e pancreáticas necessárias para a digestão dos alimentos.
Esses procedimentos que causavam tantas complicações até a década de 1990, hoje são realizados com índices de mortalidade comparáveis aos das grandes cirurgias abdominais. As cirurgias bariátricas são indicadas para a redução do peso corpóreo nos casos de obesidade refratária às mudanças do estilo de vida e aos medicamentos. Para evitar indicações abusivas, as associações médicas brasileiras e internacionais estabeleceram critérios rígidos baseados no Índice de Massa Corpórea (IMC).
O IMC é calculado dividindo-se o peso corpóreo (em quilograma) pela altura (em metro) elevada ao quadrado. O consenso inicial era considerar a possibilidade de operar apenas os pacientes com IMC igual ou maior que 40 kg/m2. Em seguida, essa indicação foi estendida para aqueles com IMC de pelo menos 35 kg/m2, que apresentassem problemas médicos como diabetes, doença coronariana, hipertensão grave, apneia do sono, limitações ortopédicas etc.
Nos últimos 20 anos, diversos ensaios clínicos demonstraram que esse tipo de intervenção não apenas provocava perdas de peso significantes e duradouras, mas tinha grande impacto no controle da glicemia nos pacientes com diabetes do tipo 2 (o mais comum), muitos dos quais ficavam livres dos remédios que haviam tomado durante anos.
Apesar dos resultados contundentes, os médicos demoraram pelo menos duas décadas para aceitar que uma intervenção cirúrgica fosse capaz de curar diabetes. A relutância em aceitar o óbvio tem uma explicação simples: todos nós aprendemos na faculdade que diabetes é incurável. Neste ano foram publicados dois estudos muito bem conduzidos, nos quais ficou demonstrado que a cirurgia bariátrica é mais eficaz no controle do diabetes do que as medidas convencionais de dieta, atividade física e medicamentos.
Esses resultados despertaram a curiosidade dos especialistas: se é assim, a cirurgia não deveria ser indicada mais cedo no curso da enfermidade? Um grupo sueco acaba de publicar no The New England Journal of Medicine um estudo prospectivo, iniciado em 1987, em que 1658 pacientes obesos submetidos à cirurgia bariátrica (diversas técnicas) foram comparados com um grupo de 1.771 obesos tratados com dieta, atividade física e medicamentos.
Os participantes tinham entre 37 e 60 anos de idade. Os homens apresentavam IMC acima de 34 kg/m2 e as mulheres IMC acima de 38 Kg/m2. No início do acompanhamento, nenhum deles tinha diabetes. Cerca de dois terços dos participantes não entraram na análise final por não terem completado os 15 anos de evolução.
Entre os que foram seguidos por esse número de anos, 502 desenvolveram diabetes: 392 no grupo controle e 110 no grupo submetido à cirurgia. A diferença em favor da cirurgia foi altamente significante: redução de incidência igual a 78%.
O valor do IMC inicial não fez diferença nos resultados finais; o tipo de técnica operatória também não.
Diabetes é uma doença que progride lentamente, na qual a sensibilidade à insulina e a capacidade de produzi-la diminuem com o tempo. O estudo sueco sugere que cirurgias bariátricas podem impedir que as anormalidades do metabolismo da glicose progridam para a instalação do diabetes. Apesar dos resultados intrigantes, é impraticável pretender prevenir diabetes por meio de cirurgia entre os milhões de obesos do mundo inteiro.
No Brasil, praticamente metade da população adulta está acima do peso saudável, número que cresce a cada censo. Há 12 milhões de brasileiros com diabetes.
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