O governo se
movimenta para fortalecer os laços que o unem aos partidos da base
aliada. Agora mais do que nunca. A subida de prestígio do PMDB, que deve
passar a contar com os três principais postos na linha sucessória da
presidência, muda radicalmente o jogo no tabuleiro político. Além do
vice Michel Temer, a virtual eleição de Renan Calheiros (AL) para a
presidência do Senado e de Henrique Eduardo Alves (RN) para a
presidência da Câmara coloca o comando do Congresso – e, por tabela, da
pauta de votações – no colo do PMDB. Sem ele, o caminho do Executivo na
aprovação de seus projetos será difícil em 2013. Qualquer ruído colocará
tudo a perder. E mesmo a reeleição de Dilma Rousseff deverá depender de
maneira vital dessa sintonia. Experiente na arte do entendimento, o
ex-presidente Lula, diante do cenário, tomou pessoalmente as rédeas da
negociação e iniciou uma série de encontros com parlamentares cujo
objetivo é a consolidação da aliança. Sabe que o apoio a um candidato
petista em 2014 (seja Dilma, seja ele mesmo) pode custar, em
contrapartida, a inversão de papéis nas urnas de 2018, com o PT cedendo
espaço e apadrinhando um escolhido das siglas que lhe dão sustentação.
Nesse caso, o nome do governador de Pernambuco (PSB-PE), Eduardo Campos,
sai na frente. Tido como a nova estrela do Nordeste, detentor de um
capital de votos capaz de arrastar hordas de correligionários ao poder,
Campos encontra-se na confortável condição de ser cobiçado inclusive
pelos opositores, que sonham com uma chapa formada por ele e o tucano
Aécio Neves. Nesse primeiro estágio de conversas, Campos tem pleiteado a
indicação de seu nome como vice na chapa de Dilma para 2014. A
presidenta resiste porque já se comprometeu com Michel Temer a manter a
mesma formação ao lado dele no caso de uma eventual corrida ao segundo
mandato. Para abrandar ânimos, a própria Dilma resolveu, há alguns dias,
chamar Campos para uma conversa. Na ocasião arrancou uma declaração
pública de apoio do governador. Não satisfeita e determinada a recuperar
espaço e prestígio na região, tem feito uma cruzada de visitas ao
Nordeste nos últimos dias, espécie de road show político que vem
surtindo efeito. Dilma é ovacionada por onde passa, mas sabe que deve
cuidar dos atuais aliados para que, lá na frente, eles não virem seus
inimigos nas urnas.
Isto é.
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