Rio -  A duas semanas do Carnaval e em meio ao verão há quem faça de tudo para ficar em forma rapidamente, sem sofrimento. Isso aumenta os riscos para a saúde. É o caso de pessoas que recorrem às chamadas hidrolipo, lipolight, minilipo, entre outras variações da lipoaspiração, a plástica mais realizada no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Em 2011, foram 211.108 contra 91.800 em 2007, quase 130% a mais.
Foto: Arte: O Dia
Arte: O Dia
Para o cirurgião plástico José Horácio Aboudib, presidente da SBPC, está havendo banalização desse tipo de procedimento. A técnica é indicada para eliminar gordura localizada no culote, nas coxas, nos quadris, nas costas, nas nádegas, no pescoço, no abdômen, nas panturrilhas e no rosto. A lipo não emagrece, nem acaba com a flacidez.
Portanto, todo cuidado é pouco. Nos últimos dois meses, ocorreram pelo menos três casos de problemas com lipoaspiração.
Em janeiro, a manicure Nayara Patracão, de 24 anos, sofreu parada cardíaca durante cirurgia, numa clínica no interior de São Paulo e está em coma. No fim de dezembro, a candidata à miss Amazonas Luciana Souza, de 21 anos, teve séria complicação após uma lipo. Em outubro, Pamela Baris do Nascimento morreu, depois de ter seu fígado perfurado.
Aos olhos do leigo, a lipo pode parecer uma operação simples, na qual basta ao médico enfiar uma cânula com soro, adrenalina e anestésico e aspirar a gordura. Mas, como qualquer plástica, requer cirurgião qualificado e cuidados no pré-operatório.
A SBCP alerta que hidrolipo, minilipo e lipolight são peças de marketing. “Uma irresponsabilidade por parte de quem oferece esses tratamentos”, afirma Aboudib.
Essas plásticas chamadas hidro ou minilipos são feitas com anestesia local e em consultórios, sem anestesista, o que diminui a segurança e aumenta o risco de infecção e de outros problemas graves de saúde. “É prática condenada por todos que têm um mínimo de responsabilidade. O único atrativo delas é o baixo preço”, alerta Aboudib.
Um tratamento barato,mas que pode custar muito caro à saúde de quem se arrisca a fazê-lo. A técnica em enfermagem Yilka Ulisses, de 31 anos, fugiu dessas novidades.
Ela se submeteu a uma lipo na barriga e no culote, mas procurou um especialista pela SBCP. O profissional exigiu todos os exames pré-operatórios, e ela seguiu à riscas as recomendações. “Só volto ao trabalho em uma semana, e às atividades físicas em 45 dias”.
Saiba como escolher o seu cirurgião
A lipoaspiração, como qualquer plástica, deve ser feita por cirurgião habilitado pela SBCP. Desconfie de tratamentos baratos. A lipo feita em hospital e com todos os cuidados de pré e pós-operatório chega a custar R$ 15 mil. E nada adianta a cirurgia se a pessoa não se cuidar. Para saber mais: www2.cirurgiaplastica.org.br.
RESULTADO
O resultado da lipo demora um pouco para aparecer, diz o cirurgião Luiz Victor Carneiro Jr., da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica e da SBCP. Há inchaço por cerca de dois meses e em cinco, já dá para ver melhor a plástica.
Por isso, não adianta fazer a operação agora pensando em estar em forma para o Carnaval ou o verão. Além disso, as manchas roxas decorrentes da cirurgia pioram se a pessoa se expuser ao sol. Os pontos são retirados em dez dias.
Normalmente, o paciente volta ao trabalho em cinco dias e aos exercícios em um mês. Precisa usar cinta elástica por cerca de um mês e meio e fazer drenagem linfática. Mulheres que tiveram filhos devem esperar pelo menos seis meses após o parto.
Reportagem de Antônio Marinho