Jovem alega ter cometido o crime porque mãe reprovava seu namoro
Rio - ‘Tão fria e calculista que matou a
mãe carbonizada e foi para o shopping”. Assim o delegado Antônio
Ricardo Nunes, da 32ª DP (Taquara), definiu a adolescente de 17 anos que
matou a mãe com as próprias mãos, queimou o corpo, fingiu com lágrimas
uma dor que não sentia e depois foi ao shopping, como se nada houvesse
acontecido. O crime bárbaro, que veio à tona nesta quinta-feira, chocou o
país.
O nível de brutalidade lembrou o Caso
Richthofen, de 2002, de uma jovem milionária paulista que matou os pais.
Desta vez, porém, não houve fortuna envolvida. A vítima, Adriana, de 43
anos, tinha apenas um seguro que pagaria em torno de R$ 15 mil à filha
em caso de sua morte.
A polícia investiga se o interesse no
bônus motivou a morte, embora a jovem alegue que cometeu o crime porque
Adriana reprovava seu namoro. Foi com a ajuda do namorado, Daniel Duarte
Peixoto, 21 anos, que a jovem executou a mãe.
A crueldade espantou os policiais. “Ela dormia
com a mãe quando aplicou um mata-leão (golpe onde há o enforcamento da
vítima) e chamou o namorado para terminar de sufocá-la com um saco
plástico. Eles embrulharam o corpo num cobertor, colocaram na mala do
carro do Daniel e o levaram para Imbariê, em Caxias. Lá, atearam fogo ao
corpo e o deixaram num matagal”, contou o delegado.Romance de quatro meses
Segundo as investigações, o crime ocorreu no dia 25 de maio. L. queria se relacionar com o namorado, com quem estaria há quatro meses, sem as reprovações da mãe.
“Ela não mostrou reação nem quando viu as fotos da mãe em estado de decomposição. Mostrou total desprezo. O namorado mostrou arrependimento, mas ela não. Estava tão tranquila que matou a mãe de madrugada e foi ao shopping pouco depois”, disse Antônio Ricardo Nunes.
A jovem confessou o crime e ontem mesmo foi encaminhada ao Departamento-Geral de Ações Socioeducativas (Degase).
Por ser menor, ficará detida por até
três anos. Daniel foi para o Complexo de Gericinó e será indiciado por
homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver, devendo
cumprir pena, se condenado, de 20 a 30 anos.
Daniel põe toda culpa na namorada
Um vídeo obtido pelos policiais da
32ªDP mostra o momento em que o casal de namorados parou num posto de
combustíveis no Cachambi, às 4h50m do último dia 25, onde comprou a
gasolina usada para atear fogo ao corpo de Adriana.
Na delegacia, ao ser apresentado à
imprensa, o técnico em refrigeração Daniel Duarte Peixoto negou ter
assassinado a mãe da namorada.
“Eu apenas conduzi o corpo. Não matei ninguém e
nem vi ninguém matar ninguém. É apenas isso que eu tenho a declarar”,
disse o rapaz, que em seguida confessou estar arrependido “de tudo”. Ele
não entrou em mais detalhes sobre o caso.
No início da noite desta quinta, um
vídeo repassado pela Polícia Civil ao “RJTV”, da Rede Globo, mostrou
parte do depoimento de Daniel Duarte na delegacia.
Nele, o assassino diz que a jovem ateou
fogo na própria mãe. “No caso, quem foi e acendeu o fósforo foi ela. A
gente foi, pegou, ficou ali um pouco até pegar fogo, entendeu? E fomos
embora”, diz o rapaz no vídeo.
Barbaridade por causa de dinheiro
Caso chocou o país há 11 anos. Suzane está presa; cúmplices, no regime semiaberto
O assassinato do casal Manfred e Marísia von Richthofen, no dia 31 de outubro de 2002, tornou-se um dos mais conhecidos do país.
Dias depois do crime, a exemplo do que
aconteceu no Cachambi, a filha do casal, Suzane Richthofen, confessou
ter sido a assassina junto com o namorado, Daniel, e o irmão dele,
Cristian Cravinhos. De acordo com a polícia, eles estariam de olho na
herança de R$ 10 milhões.
Manfred e Marísia foram espancados com
barras de ferro até a morte enquanto dormiam. Marísia ainda foi
asfixiada com uma toalha e um saco plástico. Em juízo, o trio contou que
Suzane levou o irmão, Andras, a um cybercafé na noite do crime.
Em seguida, ela e o namorado
encontraram Cristian e foram para a casa dos Richthofen. Suzane entrou
primeiro e checou se os pais estavam dormindo. Logo depois, os irmãos
invadiram o quarto e mataram o casal com golpes de barras de ferro.
Os três reviraram a biblioteca e
roubaram dólares guardados na casa para fingir que o crime foi cometido
por assaltantes. Cristian foi para casa com o dinheiro, e Suzane e
Daniel, para um motel para despistar a polícia.
Depois de duas horas, eles pegaram o irmão de Suzane no cybercafé e foram para a casa dos Richthofen.Em julho de 2006, a Justiça condenou Suzane e Daniel a 39 anos de prisão. Cristian foi condenado a 38 anos, mas em fevereiro os irmãos Cravinhos receberam o direito de cumprir o restante da pena em regime semi-aberto.
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