3.07.2014

Mas é a TV a mídia preferida, escolhida por 76,4% dos entrevistados, seguida da internet 13%

Redes sociais são os sites mais acessados; Rio é o estado que mais lê jornais diariamente

Catarina Alencastro
Internet está ganhando a briga com a TV Foto: Reprodução
Internet está ganhando a briga com a TV Reprodução
BRASÍLIA - O brasileiro passa mais tempo na internet todos os dias do que em qualquer outro veículo de comunicação. Em média, são 3h39 diárias. Apesar disso, a TV é meio preferido da maior parcela da população, e os jornais impressos são os mais confiáveis como fonte de informação. Já blogs, redes sociais e notícias publicadas na web contam com a menor taxa de confiança da população. É o que revela uma pesquisa inédita feita pelo Ibope a pedido da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.
Entre os entrevistados, 53% dizem confiar sempre ou muitas vezes no que leem nos jornais impressos. 50% confiam nas notícias que ouvem no rádio; 49% confiam nas notícias televisivas; 40% nas publicadas em revistas; 28% nas que saem nos sites; 24% nas divulgadas pelas redes sociais e 22% confiam nos blogs.
Segundo o estudo, o brasileiro fica em média 3h29 por dia assistindo televisão. E a TV é a mídia preferida da população, escolhida por 76,4%. O aparelho está presente em 97% dos lares brasileiros. A segunda colocada na preferência nacional é a internet, com 13%, seguida do rádio, 8%, ouvido em média durante 3h07 diárias; os jornais são o veículo preferido por 1,5% dos entrevistados. De acordo com a pesquisa, o tempo dedicado à leitura diária de jornal é de 1h05. Já para as revistas os entrevistados dizem dedicar 1h06 do dia, e 0,3% indicaram o meio como preferido.
As redes sociais são os sites mais acessados. Nos fins de semana, 71% clicam nelas. O Facebook é o site mais citado pelos entrevistados, seguido pelo globo.com e G1. Curiosamente, o Facebook também é o campeão de acessos entre os que querem se informar. 32% dos entrevistados recorrem às redes sociais para essa finalidade.
Entre os programas televisivos mais citados espontaneamente, o Jornal Nacional é o campeão, lembrado por 35% dos entrevistados. A novela Amor à Vida, que ocupava o horário das 21h na época da pesquisa, ficou em segundo lugar e o Jornal da Record, em terceiro. Nos fins de semana, programas de auditório são os preferidos. As rádios mais citadas foram a O Dia FM; Beat 98 FM e Band FM.
Os jornais mais lembrados são o Extra, em primeiro, o Super Notícia, o Meia Hora e O Globo. O Rio de Janeiro é o estado que mais lê jornais diariamente, com 16%. As revistas mais citadas são Veja, Caras, Época e Istoé.
Já os programas transmitidos por veículos públicos e estatais são pouco conhecidos ou não contam com a preferência da população. 74% não conhecem o programa semanal de rádio Café com a Presidente e 66% não ouvem a Voz do Brasil. Já a TV Brasil é conhecida por 37% dos entrevistados.
A televisão é assistida diariamente por 65% dos entrevistados. O rádio é o segundo meio de comunicação mais utilizado, ouvido por 61%, e a internet ocupa a terceira posição, com o acesso de 47% dos entrevistados. Na outra ponta, 75% disseram que não leem jornais impressos e apenas 6% têm o hábito de ler jornais diariamente. Revistas são a mídia menos presente na vida dos entrevistados: 85% dizem nunca ler e 1% apenas o fazem diariamente.
O levantamento foi realizado entre os dias 12 de outubro e 6 de novembro do ano passado com 18.312 entrevistados maiores de 16 anos em 848 cidades nos 26 estados e Distrito Federal. A publicação, cuja primeira edição é divulgada em ano eleitoral, será reeditada anualmente e servirá como referência para as ações de comunicação do governo.
Embora a maioria da população (53%) ainda não tenha acesso à rede mundial de computadores, ela tem grande adesão dos jovens: 77% dos entrevistados com menos de 25 anos têm contato com a rede, contra apenas 3% dos maiores de 65. Outro dado é que quanto maior a escolaridade e a renda do brasileiro, maior o acesso à web. Entre as famílias com renda superior a cinco salários mínimos, 78% têm internet em casa, enquanto que entre as com renda de até um salário mínimo somente 16% têm o serviço disponível em suas residências. Quem tem diploma universitário também tem grande probabilidade de contar com internet em casa: 84% têm. Já entre os que estudaram até a quarta série do ensino fundamental, só 20% têm. As regiões metropolitanas e de maior renda per capita também têm mais usuários de internet. O DF é o campeão, com 63% de internautas, seguido do estado de São Paulo (62%).
“Percebe-se uma estreita correlação entre renda e acesso à web”, constata a publicação, intitulada “Pesquisa Brasileira de Mídia 2014: Hábitos de Consumo de Mídia Pela População Brasileira”.
Ações do governo
Ao comentar a Pesquisa Brasileira de Mídia 2014 - Hábitos de Consumo de Mídia Pela População Brasileira, o ministro de Comunicação Social, Thomas Traumann, disse que embora o levantamento não traga nenhuma informação surpreendente, mostra que o retrato dos hábitos de informação dos brasileiros é complexo. Segundo ele, ao mesmo tempo que a internet é usada por um número muito maior de pessoas, ela conta com baixo grau de confiança dos usuários, enquanto que o jornal impresso conta com menos leitores, mas mantém sua credibilidade histórica.
— Quase metade dos brasileiros usa a internet como meio cotidiano de informação. Ao mesmo tempo, você tem outro dado em relação à confiabilidade, que é exatamente o oposto. Ou seja: quando você coloca qual é a informação mais confiável, os jornais sobem e a internet cai, o que mostra que toda a história e a credibilidade do meio impresso continua sendo um referencial para as pessoas. A internet é muito mais acessada, porém o grau de confiabilidade dela ainda é muito mais baixo comparado ao número de pessoas que a utilizam — ponderou Traumann.
O ministro afirmou que o estudo mostra que a internet é um espaço privilegiado onde as ações do governo devem estar e que o governo focará suas políticas nesse meio.
O chefe da Assessoria de Pesquisa de Opinião Pública e Planejamento do Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Vladimir Gramacho, disse que a pesquisa custou R$ 2,4 milhões e que a decisão de realizá-la foi tomada em agosto de 2012 para suprir o governo de dados confiáveis para otimizar o processo de comunicação e prestação de contas à população. Campanhas sobre saúde, trânsito e outras políticas levarão os resultados da pesquisa em consideração.

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