Um dos símbolos do Carnaval carioca, o gari Renato Luiz
Lourenço, 48 anos - mais conhecido como "gari Sorriso" devido às suas
participações sambando durante o trabalho na Marquês de Sapucaí -,
participou nesta quinta-feira do protesto
promovido pela categoria, em greve desde o começo do Carnaval. Há 18
anos na Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), ele,
que participou do encerramento das Olímpiadas em Londres, quando o Rio
de Janeiro foi apresentado como sede dos próximos jogos, caminhou com os
colegas da Tijuca ao centro da capital fluminense.
“Não sou gari apenas para sambar, eu apoio os meus
colegas”, afirmou Renato, que trabalhou durante todo o Carnaval na
Marquês de Sapucaí. Durante o protesto, ele chegou a sambar, repetindo a
performance que o tornou famoso no sambódromo.
Mais cedo, cerca de 500 garis se reuniram em frente à
Comlurb e decidiram manter a greve da categoria, que começou no último
sábado. Depois eles caminharam da Tijuca a Câmera de Vereadores cantando
“Acelera Comlurb!/ Que eu quero ver/ Esse lixo vai feder/A prefeitura
não deu aumento não/ E esse lixo vai ficar todo no chão”, uma paródia do
samba-enredo da Unidos da Tijuca, ganhadora do carnaval carioca deste
ano.
O movimento quer um encontro com representantes da
prefeitura para negociar nova proposta de ajuste salarial e melhores
condições de trabalho, em vez da que foi acordada pelo sindicato e pela
empresa na segunda-feira e que prevê aumento de cerca de R$ 70. Os garis
reivindicam um reajuste de R$ 400.
Eles negam as acusações de envolvimento politico do
movimento. "Isso não tem a ver com politica, mas com salário. Eu quero
um salário justo", afirmou o gari Celio Viana, há 12 anos na Comlurb.
Segundo ele, a diretoria do sindicato dos garis é a mesma há décadas e
não representa os interesses dos trabalhadores. Ele não soube precisar,
no entanto, qual é a adesão da greve. "É só você olhar a sujeira da
cidade."
Equipes da Companhia Municipal de Limpeza Urbana
(Comlurb) que não aderiram à greve saíram para trabalhar escoltados por
seguranças privados e policiais militares. Segundo a assessoria de
imprensa da companhia, nem todas as equipes estão sendo escoltadas. A
prioridade foi dada aos grupos que estão trabalhando em áreas onde houve
piquetes ontem.
Em nota, a Comlurb negou a existência da greve e diz não
ter contabilizado o número de garis que não foram trabalhar hoje.
Segundo a empresa, nas gerências da zona sul, norte e centro o efetivo
compareceu quase integralmente e caminhões estão na rua realizando os
serviços. A categoria se reúne novamente nesta sexta-feira às 10h em
frente à prefeitura pra decidir os rumos da paralisação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário