12.03.2014

Compra de material escolar antecipada evita alta de 8%

Sindicato do setor estima aumento no início do ano. Saída é pesquisar preços e buscar ofertas

Stephanie Tondo
Rio - A temida lista de material escolar vai pesar mais no orçamento das famílias a partir de janeiro. Projeção do Sindicato das Livrarias e Papelarias do Distrito Federal (Sindipel) mostra que o preço dos livros e materiais vai subir até 8% em 2015. No Rio de Janeiro, a categoria teve aumento de 10,49% entre dezembro de 2013 e o mês passado, variação acima da inflação média para a cidade, de 8,62% no mesmo período. Para economizar, a saída é antecipar as compras e aproveitar a concorrência para conseguir preços mais baixos.
“Estou até com medo de receber a lista de material da escola do meu filho. Todo ano o preço sobe. E depois eu passo o ano inteiro pagando o material que meu filho já até gastou”, critica a empresária Laura Leite, 37 anos.
Economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz afirma que todo ano os preços sofrem reajustes. “Em cima desse aumento acumulado de quase 10,5% no Rio, haverá outros movimentos no início do ano”, explica.
A médica Laura Leite, 37 anos, conta que gasta cerca de R$ 500 só em livros para o filho no início do ano. “Minha saída é parcelar”, conta
Foto:  Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Por isso, o ideal é que os pais façam as compras antes que os estoques nas papelarias e livrarias sejam renovados e tenham os preços reajustados. É o caso da médica Juliene Martins, 37, que já começou a buscar os materiais que sabe que a escola vai pedir. “Acredito que os preços devam ficar mais altos, então me antecipei”, conta ela, que é mãe de duas filhas.
Outra dica é pesquisar para encontrar as melhores ofertas. “A concorrência pode ajudar a segurar o aumento e o consumidor pode se valer disso para conseguir melhores condições de pagamento”, diz Braz. Além disso, ele sugere que os pais não cedam aos pedidos dos filhos no que se refere aos personagens da moda. Mochilas, cadernos e lancheiras com a temática de desenhos animados, como Monster High, Ben 10, Galinha Pintadinha e Peppa, entre outros, costumam ser muito mais caros.
“Em vez disso, os pais podem comprar um caderno simples e customizar. Os supermercados entraram recentemente no segmento de material escolar e têm preços competitivos, pois compram em grande escala”, informa André Braz.
Outro gasto que costuma deixar os pais indignados é a famosa taxa de material das escolas. Para o consultor financeiro e CEO do MoneyGuru, Stanlei Bellan, essa cobrança deve ser avaliada de forma crítica. “O consumidor tem o direito de comprar o material onde quiser. Deve prestar atenção ainda na quantidade usada ao longo do ano. Se achar que muita coisa não está sendo aproveitada, deve pedir uma prestação de contas à escola”, sugere o especialista.
Inflação e dólar motivaram aumento
A expectativa de aumento de 8% no preço do material escolar é motivada pela alta da inflação e pela oscilação do dólar, segundo o Sindicato das Livrarias e Papelarias. Mas a Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE) critica ainda a alta tributação desses artigos no país.
Recentemente, o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) divulgou que canetas, por exemplo, têm 47% de taxas embutidas. Itens como apontador e a borracha escolar têm alíquota de 43%, enquanto caderno e lápis são taxados em 35%.
Segundo a associação, há projetos que tramitam há mais de cinco anos na Câmara que poderiam reduzir ou eliminar os impostos sobre o material escolar. “Em um país que diz tratar a educação como prioridade, é contraditório haver elevada carga tributária sobre canetas, borrachas, lápis, apontadores, cadernos e outros materiais. É fundamental lembrar que ainda nos dias de hoje há estudantes que não completam o Ensino Básico, pois famílias de menor renda têm dificuldades em formar seus filhos”, argumenta Rubens Passos, presidente ABFIAE.

Internet ajuda a economizar

Hoje em dia, o consumidor conta com uma ferramenta eficiente para pesquisar preços, sem precisar sair de casa: a internet. Para o consultor financeiro Stanlei Bellan, vale a pena comprar o que estiver mais barato em cada site. “O consumidor pode até gastar alguns minutos a mais, mas as pequenas economias fazem uma boa diferença no mês, ainda mais em janeiro”, argumenta.

Segundo o Sindicato dos Lojistas (Sindilojas), o preço de um mesmo produto na internet pode variar até R$ 80. Os itens mais procurados nos sites são cadernos, fichários, lápis de cor, papel sulfite, merendeiras e mochilas. Na hora de comparar os preços com os valores encontrados nas lojas físicas, é importante considerar gastos com transporte, combustível e estacionamento, além de lanches e compras por impulso. No fim das contas, a economia pode ser ainda maior.
Fundador da Sua Lista Escolar, loja online especializada na venda de itens escolares, Marcelo Azevedo recomenda que os pais tomem alguns cuidados antes de fechar a compra. “Consulte na internet se o site tem reclamações, pesquise nas redes sociais e órgãos de defesa do consumidor (Procons) sobre possíveis problemas”, diz.
Outra dica é buscar relatos de clientes que já tiveram experiências de compras nessas lojas. “Quando a loja for segura, um cadeado aparecerá na barra de navegação”, ensina Azevedo. Por fim, é importante verificar se a loja oferece canais de atendimento ativos e se o site tem informações como Razão Social, CNPJ, endereço e telefone.

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