7.18.2016

Será que agora vai? Ciro Gomes, José Cardozo e Ivan Valente falam em unir a esquerda contra o golpe

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Foto: Rebeca Belchior/ CUCA da UNE
por Carlos Eduardo, editor do Cafezinho
Depois do episódio lamentável na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, em que as bancadas dos principais partidos de esquerda foram incapazes de entrar em consenso para lançar uma única candidatura, o ex-ministro Ciro Gomes, o ex-advogado-geral da União José Eduardo Cardozo e o deputado federal Ivan Valente (PSol-SP) reforçaram a necessidade das forças progressistas superarem suas divergências e buscarem saídas para a crise política.
A desunião no campo da esquerda e a ideia estapafúrdia do PT em apoiar um candidato do PMDB, mesmo depois de tudo o que aconteceu e o golpe caminhando a passos largos, rendeu um intenso debate no Cafezinho, relembre alguns posts:
Após o 'dia de infâmia' para a esquerda na Câmara, como bem descreveu o jornalista Breno Altman, foi consenso entre debatedores e a plateia que a unidade deve pautar os próximos passos das forças progressistas. Somente assim conseguiremos barrar o golpe e os retrocessos impostos pelo governo golpista de Michel Temer.
Será que finalmente agora os líderes da esquerda deixam suas desavenças e egos de lado, e se unem em prol de um bem maior?
Abaixo segue matéria do Correio do Brasil, com informações da CUCA da UNE.
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Ciro Gomes, Cardozo e Valente falam em união das esquerdas diante do golpe

Foi consenso entre debatedores e plateia, majoritariamente de estudantes, que a unidade deve pautar os próximos passos das forças progressistas diante do golpe, em curso
no Correio do Brasil, com informações da CUCA da UNE
Reunidos na conferência do Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg) da União Nacional dos Estudantes (UNE), que se encerra neste domingo, os ex-ministros Ciro Gomes e José Eduardo Cardozo, com o deputado Ivan Valente (PSOL/SP) e representantes partidários defenderam a unidade das legendas de esquerda em nome da democracia. O golpe de Estado, em curso no país, foi a principal agenda na última mesa do segundo dia e todos os oradores reforçaram a necessidade de forças progressistas superarem divergências e buscar saídas para a crise
Sob o tema “saídas para a crise”, o ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes, o ex-advogado-geral da União José Eduardo Cardozo, o líder do PSOL na Câmara, deputado Ivan Valente, e Márcio Cabreira, representante do Partido Pátria Livre (PPL), encerraram o segundo dia de debates do 64º Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg), da União Nacional dos Estudantes (UNE), na noite passada.
Foi consenso entre debatedores e plateia, majoritariamente de estudantes, que a unidade deve pautar os próximos passos das forças progressistas, como forma de barrar o golpe e os retrocessos impostos pelo governo interino de Michel Temer.
— Estamos perdendo a batalha da chama da democracia não só para esse bando de picaretas golpistas, mas para os nossos erros. Precisamos aclarar essa confusão e seguir o rumo da unidade — disse Ciro Gomes.
O ex-ministro apoia o debate sobre a nação.
— Não temos como afirmar nada sobre o futuro do país. Nós precisamos conversar sobre o Brasil mais profundamente. É preciso iluminar a confusão de maneira que a gente saia do gueto, de falar de nós para nós mesmos, e celebrar novamente consensos — disse.
Para o virtual candidato à Presidência da República pelo PDT, é fundamental começar a discutir um novo modelo de desenvolvimento.
— Eu advogo que (o motor do desenvolvimento) é o Estado Nacional, recuperado, saneado, restaurado na sua condição de financiador, o que quer dizer uma batalha política depois da outra. Isso tem a ver com política industrial de comércio exterior, tem a ver com uma política de relações internacionais completamente diferente dessa que está aí. O desenvolvimento que precisa ser criado no Brasil tem a ver com a superação da desigualdade e o investimento em gente, em que o gasto per capita em educação não decline — afirmou.

Golpe em curso

Para José Eduardo Cardozo, advogado de defesa da presidenta Dilma, no processo do impeachment em curso contra o seu mandato “há uma ilegalidade e uma ilicitude”. Para ele, “diante dessa situação, é uma desobediência à Constituição, uma ruptura constitucional e, portanto, um golpe”.
Para Cardozo, o governo ilegítimo de Michel Temer nasce com o rompimento democrático, “por meio de uma situação que é claramente golpista e, além disso, nasce dentro de um projeto conservador, negador daquilo que foi aprovado nas urnas nas eleições de 2014.”
— Só a Democracia pode gerar forças suficientes para pactuações, para caminhos que façam com que o Brasil venha a ter novos e melhores momentos”, disse Cardozo. Ele defendeu que, neste momento, é urgente e necessário a esquerda brasileira ter um projeto de unidade, deixando as diferenças de lado, em nome da retomada da democracia no país. “No futuro, teremos que respeitar as nossas divergências para potencializar de fato a unidade e construirmos algo em comum — disse.
O pré-candidato à vice-prefeito de São Paulo, Ivan Valente, destacou que a saída para a crise é atuar na base, aliado às massas.
— É hora de a esquerda ser generosa e compreender a gravidade do momento. Talvez a gente tenha pensado que a democracia estava completamente consolidada no país, mas como confiar numa elite retrógrada, liderada pela bancada da bala? Não se pode governar sem pressão de baixo para cima. Precisamos parar de falar com o mercado e focar (sic) nos trabalhadores — avaliou.
Por sua vez, Cabreira reforçou a necessidade de reformular as prioridades econômicas, sobretudo as que favorecem exclusivamente ao chamado mercado.
— Temos que parar de dar dinheiro para as multinacionais. Não dá para fazer uma nação justa aliada a uma política de juros que favorece aos banqueiros. O Brasil pode e deve crescer nesse momento de crise, mas as alianças políticas precisam ser repactuadas com o rompimento da lógica do capital estrangeiro — destacou.

Governo popular

Em sua fala, o pré-candidato à vice-prefeito de São Paulo, Ivan Valente, destacou que a saída para a crise é atuar na base, aliado às massas.
— É hora da esquerda ser generosa e compreender a gravidade do momento. Talvez a gente tenha pensado que a democracia estava completamente consolidada no país, mas como confiar numa elite retrógrada liderada pela bancada da bala? Não se pode governar sem pressão de baixo pra cima. Precisamos parar de falar com o mercado e focar nos trabalhadores — avaliou.
Já Cabreira lembrou que as esquerdas precisam se unir para fazer uma transformação.
— Temos que parar de dar dinheiro para as multinacionais. Não dá para fazer uma nação justa aliada a uma política de juros que favorece aos banqueiros. O Brasil pode e deve crescer nesse momento de crise,  mas as alianças políticas precisam ser repactuadas com o rompimento da lógica do capital estrangeiro — destacou.

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