Foto: Rebeca Belchior/ CUCA da UNE
por Carlos Eduardo, editor do Cafezinho
Depois do
episódio lamentável na eleição para a presidência da Câmara dos
Deputados, em que as bancadas dos principais partidos de esquerda foram
incapazes de entrar em consenso para lançar uma única candidatura, o
ex-ministro Ciro Gomes, o ex-advogado-geral da União José Eduardo
Cardozo e o deputado federal Ivan Valente (PSol-SP) reforçaram a
necessidade das forças progressistas superarem suas divergências e
buscarem saídas para a crise política.
A desunião no
campo da esquerda e a ideia estapafúrdia do PT em apoiar um candidato
do PMDB, mesmo depois de tudo o que aconteceu e o golpe caminhando a
passos largos, rendeu um intenso debate no Cafezinho, relembre alguns
posts:
- Opinião: PT, PCdoB e Psol deveriam se unir em torno de uma única candidatura de esquerda (link)
- ‘O PT e a esquerda não podem cair na viagem mística do PSOL. Temos que ir para uma retórica além da denúncia do golpe’ (link)
- Já passou da hora de o PT entender que não é mais o gigante da esquerda que foi um dia (link)
- Méritos ao PSOL: entre os perdedores para presidente da câmara, Erundina é a grande vencedora (link)
- Esquerda vive dia de infâmia (link)
- O PT e a ilusão do ‘menos pior’ da canalhada golpista (link)
Após o 'dia
de infâmia' para a esquerda na Câmara, como bem descreveu o jornalista
Breno Altman, foi consenso entre debatedores e a plateia que a unidade
deve pautar os próximos passos das forças progressistas. Somente assim
conseguiremos barrar o golpe e os retrocessos impostos pelo governo
golpista de Michel Temer.
Será que finalmente agora os líderes da esquerda deixam suas desavenças e egos de lado, e se unem em prol de um bem maior?
Abaixo segue matéria do Correio do Brasil, com informações da CUCA da UNE.
***
Ciro Gomes, Cardozo e Valente falam em união das esquerdas diante do golpe
Foi consenso entre debatedores e
plateia, majoritariamente de estudantes, que a unidade deve pautar os
próximos passos das forças progressistas diante do golpe, em curso
no Correio do Brasil, com informações da CUCA da UNE
Reunidos na conferência do Conselho
Nacional de Entidades Gerais (Coneg) da União Nacional dos Estudantes
(UNE), que se encerra neste domingo, os ex-ministros Ciro Gomes e José
Eduardo Cardozo, com o deputado Ivan Valente (PSOL/SP) e representantes
partidários defenderam a unidade das legendas de esquerda em nome da
democracia. O golpe de Estado, em curso no país, foi a principal agenda
na última mesa do segundo dia e todos os oradores reforçaram a
necessidade de forças progressistas superarem divergências e buscar
saídas para a crise
Sob o tema “saídas para a crise”, o
ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes, o ex-advogado-geral da
União José Eduardo Cardozo, o líder do PSOL na Câmara, deputado Ivan
Valente, e Márcio Cabreira, representante do Partido Pátria Livre (PPL),
encerraram o segundo dia de debates do 64º Conselho Nacional de
Entidades Gerais (Coneg), da União Nacional dos Estudantes (UNE), na
noite passada.
Foi consenso entre debatedores e plateia,
majoritariamente de estudantes, que a unidade deve pautar os próximos
passos das forças progressistas, como forma de barrar o golpe e os
retrocessos impostos pelo governo interino de Michel Temer.
— Estamos perdendo a batalha da chama da
democracia não só para esse bando de picaretas golpistas, mas para os
nossos erros. Precisamos aclarar essa confusão e seguir o rumo da
unidade — disse Ciro Gomes.
O ex-ministro apoia o debate sobre a nação.
— Não temos como afirmar nada sobre o
futuro do país. Nós precisamos conversar sobre o Brasil mais
profundamente. É preciso iluminar a confusão de maneira que a gente saia
do gueto, de falar de nós para nós mesmos, e celebrar novamente
consensos — disse.
Para o virtual candidato à Presidência da
República pelo PDT, é fundamental começar a discutir um novo modelo de
desenvolvimento.
— Eu advogo que (o motor do
desenvolvimento) é o Estado Nacional, recuperado, saneado, restaurado na
sua condição de financiador, o que quer dizer uma batalha política
depois da outra. Isso tem a ver com política industrial de comércio
exterior, tem a ver com uma política de relações internacionais
completamente diferente dessa que está aí. O desenvolvimento que precisa
ser criado no Brasil tem a ver com a superação da desigualdade e o
investimento em gente, em que o gasto per capita em educação não decline
— afirmou.
Golpe em curso
Para José Eduardo Cardozo, advogado de
defesa da presidenta Dilma, no processo do impeachment em curso contra o
seu mandato “há uma ilegalidade e uma ilicitude”. Para ele, “diante
dessa situação, é uma desobediência à Constituição, uma ruptura
constitucional e, portanto, um golpe”.
Para Cardozo, o governo ilegítimo de Michel
Temer nasce com o rompimento democrático, “por meio de uma situação que
é claramente golpista e, além disso, nasce dentro de um projeto
conservador, negador daquilo que foi aprovado nas urnas nas eleições de
2014.”
— Só a Democracia pode gerar forças
suficientes para pactuações, para caminhos que façam com que o Brasil
venha a ter novos e melhores momentos”, disse Cardozo. Ele defendeu que,
neste momento, é urgente e necessário a esquerda brasileira ter um
projeto de unidade, deixando as diferenças de lado, em nome da retomada
da democracia no país. “No futuro, teremos que respeitar as nossas
divergências para potencializar de fato a unidade e construirmos algo em
comum — disse.
O pré-candidato à vice-prefeito de São Paulo, Ivan Valente, destacou que a saída para a crise é atuar na base, aliado às massas.
— É hora de a esquerda ser generosa e
compreender a gravidade do momento. Talvez a gente tenha pensado que a
democracia estava completamente consolidada no país, mas como confiar
numa elite retrógrada, liderada pela bancada da bala? Não se pode
governar sem pressão de baixo para cima. Precisamos parar de falar com o
mercado e focar (sic) nos trabalhadores — avaliou.
Por sua vez, Cabreira reforçou a
necessidade de reformular as prioridades econômicas, sobretudo as que
favorecem exclusivamente ao chamado mercado.
— Temos que parar de dar dinheiro para as
multinacionais. Não dá para fazer uma nação justa aliada a uma política
de juros que favorece aos banqueiros. O Brasil pode e deve crescer nesse
momento de crise, mas as alianças políticas precisam ser repactuadas
com o rompimento da lógica do capital estrangeiro — destacou.
Governo popular
Em sua fala, o pré-candidato à
vice-prefeito de São Paulo, Ivan Valente, destacou que a saída para a
crise é atuar na base, aliado às massas.
— É hora da esquerda ser generosa e
compreender a gravidade do momento. Talvez a gente tenha pensado que a
democracia estava completamente consolidada no país, mas como confiar
numa elite retrógrada liderada pela bancada da bala? Não se pode
governar sem pressão de baixo pra cima. Precisamos parar de falar com o
mercado e focar nos trabalhadores — avaliou.
Já Cabreira lembrou que as esquerdas precisam se unir para fazer uma transformação.
— Temos que parar de dar dinheiro para as
multinacionais. Não dá para fazer uma nação justa aliada a uma política
de juros que favorece aos banqueiros. O Brasil pode e deve crescer nesse
momento de crise, mas as alianças políticas precisam ser repactuadas
com o rompimento da lógica do capital estrangeiro — destacou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário