E
se os discursos usados para convencer os trabalhadores que a legislação
trabalhista deve ser reduzida e as regras de aposentadorias alteradas
no meio do jogo fossem aplicados de uma outra forma?
“O Brasil precisa, urgentemente, da socialização dos meios de produção. Garantir que a coletividade e não indivíduos controlem indústrias, fazendas, bancos aumentará nossa competitividade e nos empurrará ao futuro.''
“Já passou da hora do país refletir seriamente a respeito da concentração do capital na mão de algumas poucas famílias.''
“Os ricos devem entender que ninguém vai mexer nos seus direitos, mas o confisco de bens ocorrerá em nome de um bem maior, do crescimento do país. Precisam compreender que, sem essas mudanças, talvez não existirá mais um país.''
“Sem uma reforma profunda que distribua a terra e crie comunas autogestionadas, o país não fará frente aos desafios do século 21.''
“A legislação que trata da propriedade privada no Brasil remonta o início do século 20. Ela precisa ser atualizada para o bem de todos.''
Alguém que vai a público professar tais discursos é, hoje, tratado como lunático, processado como incitador de violência, preso como subversivo. Afinal, está tentando acabar com a ordem estabelecida e pulverizar direitos garantidos. Tachado de “ideológico'', é relegado à latrina da sociedade. O contrário, contudo, é visto como uma surpreendente normalidade, como algo “natural'' ou “lógico''.
Não existe posicionamento sem ideologia. Nossa ideologia vai conosco para toda parte. Essa matriz de interpretação do mundo que abraçamos, consciente ou inconscientemente, diz muito sobre como vemos os fatos e o que eles significam para nós e para os outros.
Aliás, não há discurso mais ideológico do que aquele que diz que não possui ideologia. Ao tentar naturalizar relações sociais, culturais e econômicas como se fossem “naturais'' ou “lógicas'' ele está construindo, na verdade, uma complexa rede de estruturas.
Para que alguém continue ganhando e alguém continue perdendo. Para que todos achem isso normal. Ou, no limite, para que você seja tão bem doutrinado que se torne um cão de guarda daquele que te explora.
Em tempos difíceis economicamente, saídas que rifam direitos dos mais pobres e preservam os dos mais ricos (que tal aumentar impostos e taxar dividendos?) são vendidas como a única alternativa para preservar a qualidade de vida de muitos. Quando elas, por sua própria natureza, significam a proteção de poucos.
Uma discussão ampla e que envolva todos ao invés de medidas tomadas de cima para baixo seria um ato sensato. Mas a sensatez anda sumida por aqui.
Como bem disse Paulo Freire, todos são orientados por uma base ideológica. A discussão é se a sua é includente ou excludente.
Mas se as pessoas que mais precisariam fazer essa reflexão chamam Paulo Freire de “lixo'' e “burro'', será uma grande caminhada até que percebam o tamanho da corrente que prende seus pés.
“O Brasil precisa, urgentemente, da socialização dos meios de produção. Garantir que a coletividade e não indivíduos controlem indústrias, fazendas, bancos aumentará nossa competitividade e nos empurrará ao futuro.''
“Já passou da hora do país refletir seriamente a respeito da concentração do capital na mão de algumas poucas famílias.''
“Os ricos devem entender que ninguém vai mexer nos seus direitos, mas o confisco de bens ocorrerá em nome de um bem maior, do crescimento do país. Precisam compreender que, sem essas mudanças, talvez não existirá mais um país.''
“Sem uma reforma profunda que distribua a terra e crie comunas autogestionadas, o país não fará frente aos desafios do século 21.''
“A legislação que trata da propriedade privada no Brasil remonta o início do século 20. Ela precisa ser atualizada para o bem de todos.''
Alguém que vai a público professar tais discursos é, hoje, tratado como lunático, processado como incitador de violência, preso como subversivo. Afinal, está tentando acabar com a ordem estabelecida e pulverizar direitos garantidos. Tachado de “ideológico'', é relegado à latrina da sociedade. O contrário, contudo, é visto como uma surpreendente normalidade, como algo “natural'' ou “lógico''.
Não existe posicionamento sem ideologia. Nossa ideologia vai conosco para toda parte. Essa matriz de interpretação do mundo que abraçamos, consciente ou inconscientemente, diz muito sobre como vemos os fatos e o que eles significam para nós e para os outros.
Aliás, não há discurso mais ideológico do que aquele que diz que não possui ideologia. Ao tentar naturalizar relações sociais, culturais e econômicas como se fossem “naturais'' ou “lógicas'' ele está construindo, na verdade, uma complexa rede de estruturas.
Para que alguém continue ganhando e alguém continue perdendo. Para que todos achem isso normal. Ou, no limite, para que você seja tão bem doutrinado que se torne um cão de guarda daquele que te explora.
Em tempos difíceis economicamente, saídas que rifam direitos dos mais pobres e preservam os dos mais ricos (que tal aumentar impostos e taxar dividendos?) são vendidas como a única alternativa para preservar a qualidade de vida de muitos. Quando elas, por sua própria natureza, significam a proteção de poucos.
Uma discussão ampla e que envolva todos ao invés de medidas tomadas de cima para baixo seria um ato sensato. Mas a sensatez anda sumida por aqui.
Como bem disse Paulo Freire, todos são orientados por uma base ideológica. A discussão é se a sua é includente ou excludente.
Mas se as pessoas que mais precisariam fazer essa reflexão chamam Paulo Freire de “lixo'' e “burro'', será uma grande caminhada até que percebam o tamanho da corrente que prende seus pés.
Leonardo Sakamoto
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