O juiz Sérgio Moro comportou-se como um bárbaro ao mandar prender no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, o professor Guido Mantega, que acompanhava a mulher, doente de câncer, numa cirurgia.
Dizer que a Polícia Federal não sabia que o ex-ministro estava no hospital acompanhando a mulher é demais para a inteligência brasileira. Toda a imprensa senhorial estava lá de plantão, preparada para o banquete macabro.
Ele mandou soltar horas depois por causa da repercussão negativa, avassaladora, nacional e internacional.
Trabalhei anos da minha vida ajudando no combate à corrupção, em CPIs, no Congresso Nacional, denunciando, escrevi livro sobre a corrupção, mas não posso me conformar com o que meia dúzia de pessoas da Lava Jato está fazendo no Brasil.
Será que, com o arcabouço jurídico e institucional que o país dispõe, não é suficiente para um trabalho digno e justo, precisa reduzir tudo a espetáculo?
Essa gente não me parece preocupada com uma mudança cultural perene da sociedade, de compromisso ético com a República, com com o bem público, com a educação, mas com notoriedade, com câmeras e holofotes, como se estivessem vivendo um delírio narcísico, dentro de um filme enlatado qualquer, da feira deHollyood.
As ações espetaculosas parecem coisas de banditismo judicial. A perseguição política está escancarada, escalando graus de violência em todos os sentidos. A Constituição, as leis, os direitos humanos, o exercício da advocacia não valem mais nada?
Por que, com todas as provas, não prendem Eduardo Cunha, a mulher e a filha? Por que nada acontece com os senadores Aécio Neves, Romero Jucá, Renan Calheiros, com os ministros Eliseu Padilha, Moreira Franco e tantos outros envolvidos em escândalos? Porque são golpistas?
O que está passando para a sociedade é que instituições de fiscalização e controle e judiciais, salvo raras exceções, estão entregues a gente desprovida de cidadania, de pensamento raso, dominado por índole policialesca, despreparada para o exercício das funções públicas, tão valiosas para a consolidação da democracia, da cidadania, e para a civilização.
O bom aluno na escola, aquele que passa nos primeiros lugares nos concursos públicos nem sempre está preparado para o exercício de certas funções públicas.
Algo precisa ser feito urgentemente para deter os rastaqueras, abusos de prerrogativas e de poder de certos integrantes da Lava Jato.
Esses órgãos não são propriedades privadas a serem usadas para fins políticos. A sociedade precisa defender às instituições da República e preserva-las dos desvirtuamentos.
Erguer o Ministério Público, conferir-lhe poderes, autonomia, imparcialidade e credibilidade, assim como as inovações do judiciário, na Constituição de 1988, custaram muito caro à sociedade brasileira. São conquistas de uma jornada de luta histórica pela democracia.
O Ministério Público e o judiciário não podem ser desmoralizados e maculados por ambições desmedidas, delirantes, de quem quer que seja, e muito menos servir de laboratório para formulações mirabolantes criminalizando pessoas inocentes em nome do combate à corrupção, para satisfazer egos perversos e vaidosos.
Nem todo o judiciário, nem todo o Ministério Público, nem toda a Polícia Federal concorda com o que está sendo feito no Brasil.
Ao invés do combate à corrupção e elevar o Brasil ao nível das nações desenvolvidas, a imagem do país está cada vez pior, tendo em vista as injustiças, o ativismo político no judiciário e a violação do Estado democrático de direito.
Em países de cidadania avançada, Dallangnol e Moro certamente não fariam parte dos quadros de servidores públicos nas funções de procurador e juiz.
Uma nação se constrói com justiça e democracia.
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