11.07.2016

Alckmin é responsável e deve investigar ação violenta contra o MST

Quando as forças armadas e policiais agem sem a devida observância da Constituição e das leis do país, são bando armado e assim devem ser considerado pela sociedade e pela justiça.
As imagens dos policiais, de fuzis em punho, invadindo a Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema, São Paulo, percorreram o mundo mostrando um lado do Brasil que não cabe no século XXI.
Como pode uma escola ser invadida por policiais fortemente armados, atirando, dando socos e pontapés em professores, sem mandado judicial, como se as pessoas que lá trabalham e estudam fossem bandidos? Mais de 200 alunos, muitos deles de vários países, em aula regular, presenciaram a patética cena.
Coisa de gente sem educação. Se os policiais tivessem estudado na Escola Nacional Florestan Fernandes, seguramente isso não teria acontecido.
Os portais da grande imprensa silenciaram e o gabinete do governador somente no final do dia soltou uma nota que não corresponde com a realidade dos fatos.
Parece que o episódio ocorreu à revelia do governo do Estado e causou um desgaste político de proporções inesperadas.
O governador Geraldo Alckmin e as demais autoridades competentes são responsáveis pelo que aconteceu, porque têm sido omissas com a escalada da violência policial contra movimentos sociais em São Paulo, deixando transparecer que há conivência com o Estado de exceção.
O governador, o Ministério Público e a Assembleia Legislativa têm obrigação legal de investigar esse caso e punir os criminosos. Há de se garantir as leis e a democracia. A uma sociedade sem regras, resta-lhe os tacapes.
Certamente os policiais não conhecem a Escola e muito menos a vida e a obra do mestre Florestan Fernandes. Se conhecessem, possivelmente não teria acontecido episódio tão degradante.
O ódio de classe manifestado pelos policiais, ao ponto de tomarem atitude tão bárbara contra a Escola e seus próprios irmãos de classe pode ter origem no quartel onde lhes ensinam antigas lições ou em redes sociais nas quais bestas fascistas dão aula na praça eletrônica.
Desde o início da colonização, as forças armadas e policiais são formadas nos quartéis com base na ideologia do inimigo interno, que por sua vez forma a doutrina de segurança pública.
Ou seja, os movimentos sociais e suas lideranças, na visão delas, seriam os inimigos internos.
Não há registro de invasão semelhante à que ocorreu na Escola Nacional Florestan Fernandes contra escolas mantidas por banqueiros, por grandes empresários e grandes proprietários de terra, que formam os militantes do mercado financeiro, do grande empresariado e do agronegócio.
É muito comum policiais e militares falarem fino com os ricos, tratam-lhes de Senhor e Senhora. Diferentemente de como são tratados os negros, os indígenas, e os pobres do campo e das favelas. Para esses, tiros e algemas.
Seria interessante a Escola Nacional Florestan Fernandes convidar os policiais envolvidos nesse caso a fazerem os mesmos cursos oferecidos pela Escola aos trabalhadores rurais sem terra.
Os professores são de alta graduação acadêmica (filósofos, sociólogos, historiadores, geógrafos, economistas e muitas outras categorias).
Os policiais teriam a oportunidade de conviver com os trabalhadores rurais sem terra e ver que eles não são bandidos, mas cidadãos da mesma classe de origem dos próprios policiais, que lutam por direitos e dignidade.
A Escola poderia criar uma modalidade de curso para categorias das forças armadas e policiais. Por que não?
Quem sabe os fantasmas que pairam sobre as cabeças de tantos policiais e militares desapareçam de vez e entendam que eles deveriam estar do lado dos de baixo e não do lado dos de cima protegendo os privilégios deles?

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