11.11.2016

TSE prepara “acareação” para provar propina à Temer


O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) marcou para a próxima semana uma acareação entre Otávio Marques de Azevedo, ex-presidente da construtora Andrade Gutierrez e um dos delatores da Lava-Jato, e o ex-ministro Edinho Silva, que foi tesoureiro da campanha da ex-presidente Dilma Rousseff em 2014. Os dois foram chamados para explicar a doação de R$ 1 milhão que a empreiteira fez para a campanha. Em depoimento, o empreiteiro disse que o dinheiro foi repassado ao PT. Mas um cheque apresentado pela defesa de Dilma mostra que a quantia teria passado pelo PMDB, para o presidente Michel Temer.
O empreiteiro declarou em depoimento ao TSE que a Andrade Gutierrez fez doação de R$ 1 milhão ao PT em março de 2014. O valor teria sido pago como parte de um acerto de propina de 1% dos contratos da Andrade com o governo federal. Ainda segundo o delator, como a doação foi feita fora do período eleitoral, esse dinheiro só teria sido transferido do partido para a campanha de Dilma em julho do mesmo ano.
No entanto, a defesa de Dilma apresentou ao tribunal um cheque atestando o repasse de R$ 1 milhão do Diretório Nacional do PMDB para “Eleição 2014 Michel Miguel Elias Temer Lulia vice-presidente” em julho de 2014. Na prestação de contas da campanha, não há qualquer outro registro de movimentação do mesmo valor que tenha passado pelas contas do PT. Além do cheque, a defesa de Dilma também apresentou documentos da prestação de contas de campanha atestando que o PMDB recebeu R$ 1 milhão da Andrade Gutierrez. Há recibo da campanha com o valor e também comprovante de depósito em conta bancária do PMDB.
O cheque nominal para Temer pode derrubar a tese do presidente, que pediu ao TSE que julgue em separado as contas apresentadas pela campanha eleitoral de 2014. Segundo o ministro Herman Benjamin, relator do processo que pode resultar na cassação da chapa, há discrepância entre o depoimento prestado pelo empreiteiro e a prestação de contas da campanha. A acareação foi pedida pela defesa de Dilma e foi autorizada pelo ministro. Os depoimentos serão tomados na próxima quinta-feira, em Brasília.

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