11.08.2016

Cerveró diz que jamais recebeu pressão de Lula para obstruir delação


Em depoimento nesta terça-feira, 8, o ex-diretor Internacional da Petrobras Nestor Cerveró afirmou que recebeu pressões apenas do senador cassado Delcidio do Amaral, para que evitasse citar o ex-senador na delação premiada assinada pelo ex-funcionário da estatal; tanto Cerveró quanto sua advogada Alessi Brandão reafirmaram não terem nenhuma pressão para evitar menções ao ex-presidente Lula; todas as testemunhas ouvidas na audiência disseram desconhecer qualquer ação do ex-presidente Lula para obstruir a delação de Cerveró; depoimentos reforçam a tese de que que Delcídio agiu por interesse próprio ao tentar impedir a delação de Nestor Cerveró  O ex-executivo da Petrobras Nestor Cerveró e sua advogada, Alessi Brandão, afirmaram nesta terça-feira 8 que receberam pressões apenas de Delcidio do Amaral, para que evitassem citar o ex-senador na delação premiada assinada pelo ex-funcionário da estatal.
Segundo informações divulgadas pela defesa do ex-presidente Lula, as afirmações foram feitas em audiência realizada em Brasília, no processo penal em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre outros, é acusado por obstrução de Justiça. A informação desmonta a principal acusação contra Lula no processo, de que ele teria pressionado o ex-executivo da Petrobras para omitir fatos em sua delação premiada.
Tanto Cerveró quanto sua advogada reafirmaram não terem nenhuma pressão para evitar menções ao ex-presidente Lula ou ao banco BTG. Todas as testemunhas ouvidas na audiência disseram desconhecer qualquer ação do ex-presidente Lula para obstruir a delação de Cerveró.
Os depoimentos reforçam a tese de que que Delcídio agiu por interesse próprio ao tentar impedir a delação de Nestor Cerveró, que citava propinas de empresas privadas (G.E. e Alstom) recebidas pelo ex-senador, quando este era diretor da Petrobrás no governo Fernando Henrique Cardoso. E também de que o ex-senador teria desviado US$ 2.5 milhões para sua campanha ao governo de Mato Grosso do Sul em 2006.
A advogada de Cerveró, Alessi Brandão, relatou bastidores da sua relação com seu cliente, sobre a condução das negociações para que ele obtivesse uma delação premiada com os procuradores da Lava Jato. Ela acusou o advogado Edson Ribeiro, que representava Cerveró, de dificultar o acordo de delação, junto com o senador Delcídio do Amaral.
A advogada reiterou que só ouviu sobre suposta participação de Lula a partir da delação do senador Delcídio do Amaral. Cerveró também reiterou que não houve nenhuma outra pressão a não ser a de Delcídio do Amaral para que ele não fizesse delação.
"Delcídio, ao acusar Lula sem provas, conseguiu fechar ele próprio um acordo de delação que permitiu que o ex-senador saísse da cadeia e ficasse em liberdade. Ou seja, após atuar para impedir uma delação, bastou Delcídio acusar Lula sem provas para ele mesmo obter um acordo de delação premiada, ao atribuir a outro uma ação do próprio Delcídio", diz a defesa do ex-presidente Lula. 
Cerveró também confirmou que seu filho recebeu R$ 50 mil no primeiro semestre de 2015, que devolveu ao advogado Edson Ribeiro como pagamento e que segundo Edson, veio do Delcídio. Segundo Cerveró, seu filho não recebeu nenhum outro pagamento de Delcídio, nem pediu aqueles recursos, diferente do que foi dito em depoimento do ex-senador.

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