Desde que assumiu o modelo neoliberal, a direita teve um momento de apoio popular, quando convenceu a maioria dos brasileiros de que o problemas central da crise do pais eram os gastos do Estado. Durante uma década – nos governos Collor e FHC -, os governos colocavam em pratica ajustes fiscais para o controle da inflação, prometendo que a retomada do desenvolvimento, a geração de empregos, viriam como consequência dos ajustes.
Quando essa promessa não se cumpriu, a direita ficou desarmada como propostas, perdeu quatro eleições seguidas enfrentada a um projeto de desenvolvimento econômico com distribuição de renda, perdendo popularidade. Foi essa situação que promoveu o desencontro entre a direita brasileira e a democracia, marco em que a participação popular levou à suas derrotas.
O golpe foi a confissão explicita de que a direita não teria condições de recuperar o governo através da democracia. A retomada dos desgastados programas de ajuste fiscal confirmaram que a direita não tinha nada a propor que pudesse conquistas apoio popular e, assim, voltar a ganhar as eleições.
Quando se aproximam as novas eleições, esse dilema se torna agudo para a direita. Submeter-se ao voto popular com o ônus dos desgastes do governo atual e com a reiteração da promessa de continuidade do modelo neoliberal, e' caminho seguro de derrota Um candidato como Alckmin, com o ônus do governo federal e do seu próprio governo, munido das mesmas propostas neoliberais que caracterizaram os tucanos, faz dele um candidato pouco competitivo – que, no máximo, poderia chegar ao segundo turno – diante das propostas de retomada do projeto de sucesso ao longo de três mandatos, que representa o PT.
Então, por um lado, se desenvolvem correntes claramente antidemocráticas, como as representadas por Bolsonaro, com suas milícias e a ação dos ruralistas. Sua nova ofensiva violenta marca uma aliança explicita entre milícias fascistas como as do MBL, com os ruralistas, como expressão da elite que mais diretamente se identifica com as propostas de Bolsonaro para tentar brecar a esquerda. Nem sequer se pode dizer que tenham propostas. Se concentram em tentar impedir o retorno da esquerda, para dar continuidade ao modelo neoliberal.
Por outro, se desenvolve o desdobramento do golpe, com a ação judicial, policial, midiática, tentando desqualificar ao Lula – como expressão mais clara do modelo vitorioso – e os outros eventuais candidatos do PT. A Lava Jato, a PF e o Ministério Publico são os agentes dessa vertente de ação da direita, sempre apoiados na ação de propaganda e de denuncias da mídia.
Nesse cenário, a esquerda tem, mais do que nunca, que lutar pelo resgate dos espaços democráticos, mesmo nas difíceis condições atuais, como forma de abrir espaço de novo para a ampla expressão da vontade do povo. E a direita, busca fecha-los, seja pela perseguição a candidatos do PT, seja por casuísmos que pudessem descaracterizar a vontade do povo – com formas de parlamentarismo, com o fim do voto obrigatório, entre outros.
O certo é que a democracia é o ar que oxigena a vontade popular e o projeto de esquerda, enquanto a direita se asfixia com a democracia. Quando mais democracia, quanto mais ampla e legitima a participação popular, mais possibilidades de vitória da esquerda e de derrota da direita. A eventual quebra do consenso de Curitiba, com as novas decisões do STF, podem ser uma via, se acompanhadas da intensificação das mobilizações populares – de que as Caravanas do Lula são um eixo central, porque articulam mobilização do povo, com avanço da sua consciência políticas e elaboração de projeto alternativo para o pais.
O vetor fundamental da estratégia democrática gira em torno do Lula e do seu direito de ser candidato à presidência. A direita sabe disso e concentra sobre ele seu ódio e sua violência. A esquerda deve ter também essa consciência e defender o direito do Lula ser candidato como o vetor fundamental do resgate da democracia e da retomada do projeto nacional, democrático e popular para o Brasil.
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