9.25.2010

Imagem é tudo?

 Sobre a estética, há um alto índice de investimento de libido em nosso ego.
Estávamos refletindo sobre os impactos da contemporaneidade. Discorrendo sobre a globalização, vemos que a tecnologia é altamente pragmática, há uma dicotomia entre o que é útil x inútil, tudo para satisfazer o incentivo ao consumo. Tudo deve ser útil. Daí cai sobre nós a responsabilidade de algo que nos frustra, somos ou fomos “inúteis”.
O sofrimento é evidente, pessoalmente nos relações estão desgastadas, utilizando a lógica da utilidade, se tu serve pra alguma coisa, tu és meu amigo, afinal “amizade é pra essas coisas, né!?”
No nível profissional, o mercado de trabalho exige alto grau de utilitarismo. Você precisa ser um bom líder, trabalhar em equipe, tomar iniciativa, ao mesmo tempo, apesar dos seus valores, submeter-se à hierarquia, etc.
O sintoma mais evidente é uma insatisfação que não se sabe: “Me parece que sua vida precisa de mais desafios”, “tenho tudo, mas me falta alguma coisa”. Pessoas bem-sucedidas, após conquistarem tudo o que almejaram sentem um vazio existencial. Pensando nos aposentados por tempo de serviço, quando seria o tempo de parar e “curtir” tudo o que se economizou ou se previdenciou, o sentimento de “inutilitarismo” toma conta no processo de envelhecimento.
 A sociedade prega que precisamos cultuar o nosso corpo, dar vazão ao prazer, independentemente dos valores humanos. Há um vazio moral e um aumento na cultura narcísica.
A cultura narcísica implica em que o sujeito que só consegue olhar a própria imagem e não consegue reconhecer que o outro é diferente de si e tem direito de ser assim!
Pensar virou um problema? A imagem substitui o pensamento. O “ter” é mais importante que “ser”, pois, a imagem, a marca, é a identificação do grupo…
Antes a imagem era um acessório, hoje a imagem é tudo! Conseqüência do valor social. Quem quer parar pra pensar, refletir? Tudo isso causa angústia, mas evita cairmos na compulsão de reproduzir aquilo que nos fazem agir “dessa maneira” (agir sem reflexão).
Fica evidente que “a Sabedoria está gritando nas ruas e nas praças” e “quem a ouvir terá segurança, viverá tranqüilo e não terá motivo para ter medo de nada” ², ou seja, terá uma vida em abundância, o “ser” completo (investimento à longo prazo) e despreendido do “ter” (que é passageiro e transitório).

Nenhum comentário: