É possível ficar longe deste indesejável companheiro mudando a maneira de encarar os problemas que surgem no dia-a-dia. É difícil encontrar alguém que não se queixe da vida estressante que leva. O estresse é o conjunto de respostas orgânicas e fisiológicas diante dos agentes estressores. Do ponto de vista físico, são as reações que ocorrem no corpo quando este é estimulado com exercícios, por exemplo. Já o psicológico é desencadeado pelas tensões, medos e preocupações do dia-a-dia.
Segundo o psicólogo José Roberto Leite*, estes mecanismos são úteis em nossas vidas, pois nos impulsionam e nos protegem do perigo, mas quando se prolongam e tornam-se crônicos, acabam pressionando o organismo de tal maneira que acabam provocando doenças.
Cada um responde de forma diferente à pressão dos estressores, mas de modo geral o estresse intenso enfraquece o sistema imunológico desencadeando variados tipos de problemas de saúde: úlcera, gastrite, síndrome do intestino irritável, hipertensão, doenças cardíacas e respiratórias.
A reação aos estressores também varia de acordo com a maneira que cada um encara as adversidades. Enquanto alguém acha extremamente desagradável ficar em um congestionamento, outro, que aceitou este fato como parte da vida de quem mora em uma cidade maior, simplesmente relaxa ouvindo música ou as notícias do dia.
"O segredo não está em mudar as situações, mas a forma de encará-las. Aquela pessoa que fica nervosa no trânsito vai se incomodar em qualquer lugar, mesmo que resolva ir para um local paradisíaco, pois até chegar lá provavelmente enfrentará estradas lotadas, mal conservadas ou filas nos aeroportos", diz o médico.
O estresse também não é regional. Há quem acredite que somente quem mora em grandes centros se vê às voltas com ele, mas um agricultor que vive distante das metrópoles também pode sofrer com este mal.
"Ele pode não se preocupar com a quantidade de carros nas ruas ou com a violência, mas por outro lado se desespera pela dificuldade de quitar um financiamento no banco, pela falta ou excesso de chuva, que o fará ter uma colheita melhor ou pior, por exemplo."
Por isso, mudar para um local mais tranqüilo não adianta se o objetivo é se livrar do estresse, garante o psicólogo. A solução, para ele, é dar adeus aos estressores através de psicoterapia e de práticas de relaxamento e meditação.
"O terapeuta ajuda o paciente a mudar a maneira de encarar as situações e ficar em um estado de conforto. E os procedimentos de meditação e relaxamento colaboram ao desviar o foco dos estímulos exteriores e fazer a pessoa se voltar mais para o seu íntimo."
Seguindo este conceito, ele diz que viajar nem sempre ajuda. Se você tem medo de avião ou se irrita facilmente com filas, ir para a Europa ou passar o feriado prolongado em uma badalada cidade nas montanhas ou na praia pode deixá-la ainda mais estressada. Mas buscar ajuda é fundamental.
"Se a pessoa anda ansiosa ou irritada demais com as pessoas, o trânsito, as filas, e não tem mais paciência para nada, é sinal de que precisa procurar ajuda de um profissional para lidar com o problema."
José Roberto Leite
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