Blitze para pegar motorista embriagado
estarão em pontos de acesso ao bairro: Ipanema, Lagoa e Botafogo.
Bilhete do Metrô é disputado com longas filas nas estações
O Dia- Angélica Fernandes |
Quem estiver planejando estacionar seu carro em um dos
acessos de Copacabana para assistir à queima de fogos na praia terá que
brindar a chegada do Ano Novo com bebida sem álcool para não ter dor de
cabeça na volta para casa. O bairro estará cercado com blitze da
Operação Lei Seca: serão pelo menos quatro, em Ipanema, Lagoa e duas em
Botafogo. Nos outros pontos da cidade, o reforço será mantido por 250
agentes em 14 equipes, o dobro do ano passado. R$ 230 milhões: Resultado da Mega-Sena da Virada sai nesta segunda-feira
As operações, que devem tornar ainda mais lenta a saída
da festa, são um estímulo a mais para que a população use transporte
público. No primeiro réveillon da nova Lei Seca, com multa de R$ 1.915,
140 operações serão montadas na capital e região metropolitana. Maíra Coelho / Agência O Dia
Paulo Henrique, de Campos, já previa que enfrentaria fila para comprar bilhetes do Metrô
O objetivo é abordar mais de 2 mil motoristas
na virada. No réveillon passado, 747 condutores passaram pela Lei Seca.
Já no Natal deste ano, 1.610 foram abordados e 1.454 fizeram teste do
bafômetro. Ao todo, 223 foram multados.
Veja interdições: Réveillon em Copacabana deve reunir 2 milhões de pessoas São Paulo vai ter esquema especial de trânsito para São Silvestre e Ano Novo
No mar, o cerco contra a bebida e direção também será
intensificado. A partir desta manhã, a Capitania dos Portos vai garantir
20 lanchas e 110 militares para realizar teste do bafômetro nos
condutores de embarcações. Mais de 250 barcos particulares devem atracar
só na Praia de Copacabana na Virada e 45 mil pessoas vão curtir a festa
a bordo dos 13 transatlânticos que enfeitarão o mar. Metrô
Único meio de transporte com entrada livre no bairro da
maior festa de réveillon da cidade e sem o risco de ser pego pelo
bafômetro, o Metrô foi disputado ontem, penúltimo dia para comprar
bilhete especial para ir e voltar da festa. A espera nas filas era de
mais de uma hora nas estações da Central, Carioca e Largo do Machado.
Até a noite deste domingo, mais de 130 mil cartões já
haviam sido vendidos — e para os horários entre 21h e 22h foram
esgotados. Até as 21h de domingo, restavam menos de 13 mil bilhetes em
outros horários. Paulo Henrique do Nascimento, de 56 anos, veio de
Campos dos Goytacazes pela quarta vez para passar a Virada no Rio de
Janeiro.
“Vim com minha família comprar os ingressos, mas já
estava prevendo a demora, por isso trouxe minha cadeira de praia para
esperar aqui na fila”. Depois de uma hora e meia, Paulo comprou sete
bilhetes de ida e volta. Para quem deixou para a última hora, a venda se
encerra hoje às 19h ou até terminarem os bilhetes. Só embarcarão a
partir das 19h os passageiros que estiveram portando o cartão especial.
Dermatologista ensina o bê-á-bá para sobreviver ao sal e ao sol
Por Minha Vida
Atravessar o verão
com a pele linda é um desafio e tanto. Primeiro, o sol (que todo mundo
adora e nem pensa em desprezar), depois o cloro e o sal do mar completam
uma receita que tem tudo para terminar em ressecamento, linhas de
expressão carregadas e, entre as descuidadas, envelhecimento antes da
hora. Mas não precisa ser assim.
Tomando as precauções certas, dá
para ficar bronzeada e curtir a praia sem sofrer o resto do ano, de
arrependimento. Como? A dermatologista Letícia Lenci, da Clínica
Guilherme de Almeida, em São Paulo, ensina. Veja a seguir uma série de
dicas para evitar manchas, manter a hidratação e até riscar os pelos
encravados da sua lista de preocupações nesta fase, quando a diversão é o
que mais importa!
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Evite qualquer tratamento que danifique a camada mais superficial da sua pele (epiderme). Esse
é o caso de jatos com laser e peelings químicos. O sol, nesta época do
ano, pode causar algumas manchas em resposta negativa ao tratamento. É o
que os especialistas chamam de hipercromia pós-inflamatória.
Previna-se contra
o ressecamento dos cabelos e da pele, muito exposta ao sol e mar. Para
isso, a solução é simples: uma loção hidratante após o banho e o uso
mais rotineiro dos cremes de cabelo sem enxágüe. Também podem surgir
espinhas, devido ao uso freqüente do filtro solar sem higienizar a pele
adequadamente. Para evitar isso, não deixe de passar um tônico no rosto
ao menos uma vez por dia e esfoliar a pele semanalmente. O mesmo
tratamento ainda controla os pêlos encravados, comuns após depilações
feitas com um intervalo muito curtos.
Aproveite para fazer esfoliações semanais. Mas
sempre de forma leve, sem agredir a sua pele. É uma boa indicação,
inclusive, devido ao excesso de filtros solares usados nesta época do
ano, principalmente na face. Vale fazer em casa desde que, antes, você
tenha sido orientada pela sua esteticista ou por um médico
dermatologista. Também tome cuidado com a procedência de ingredientes
contidos em fórmulas caseiras, que podem manchar sua pele ou até causar
reações alérgicas.
Limpe a pele diariamente. Mesmo
que seu rosto apresente uma aparência mais ressecada, é importante
retirar as impurezas com um produto específico. Duas vezes ao dia, lave a
face com sabonetes líquidos e não abra mão de um bom demaquilante.
Essas loções retiram a maquiagem sem remover a oleosidade natural da sua
pele (importantíssima no verão).
Pegue leve na limpeza de pele feita na esteticista. Ela
não deve ser muito agressiva para evitar formação de manchas,
provocadas pela exposição solar. Nada de muito apertão e cutucões
doloridos. Peça a sua esteticista que retire o excesso e nem pense em
sair da clínica sem um bom protetor solar.
Prefira loções tônicas a fórmulas adstringentes.
Estas últimas só são indicadas para quem realmente tem a pele oleosa
demais e sofre com o acúmulo de impurezas. Se ficou na dúvida, marque
uma consulta com o dermatologista antes de experimentar qualquer
produto.
Espirre jatinhos de água termal no rosto, durante o dia. O
produto é vendido em forma de spray e garante uma aparência refrescada e
mais viçosa. Isso porque a água termal é rica em minerais, que
funcionam como antioxidantes e têm efeito calmante.
Chama-se respiração
artificial ao processo mecânico empregado para restabelecer a respiração, que
deve serministrado imediatamente,
em todos casos de asfixia, mesmo quando houver parada cardíaca. Os casos de
asfixia começam com uma parada respiratória e podem evoluir para uma parada
cardíaca. Garantindo-se a oxigenação pulmonar, há grande probabilidade de
reativação do coração e da respiração.
A respiração artificial só obterá êxito se o paciente for atendido o
mais cedo possível. Se o paciente for atendido nos primeiros dois minutos, a
probabilidade de salvamento será de 90%. Portanto, o atendimento deve ser
imediato, no próprio local do acidente e por qualquer pessoa presente.
Não se deve interromper a respiração artificial em um acidentado
asfixiado até a constatação da morte real, que só pode ser verificada por um
médico.
Respiração
Artificial ( Boca a boca )
Como o nome indica,
trata-se de uma técnica simples em que o socorrista procura apenas encher os
pulmões do acidentado, soprando fortemente em sua boca.
Para garantir a livre entrada de ar nas vias respiratórias a cabeça do
acidentado tem que estar na posição adequada ( o pescoço deve ser erguido e
flexionado para trás ).
Técnica:
-mantendo
a cabeça da vítima para trás, aperte as narinas para evitar que o ar escape
-coloque
a boca aberta sobre a boca do paciente, e sopre com força até notar a expansão
do peito da vítima
-afaste
a boca para permitir a expulsão do ar e esvaziamento dos pulmões doacidentado
-repita
a manobra quantas vezes for necessário, procurando manter um ritmo de 12
respirações por minuto
Em caso de asfixia por gases ou outros tóxicos, não é aconselhável
usar o método boca a boca, pelo perigo de envenenamento do próprio socorrista.
Em casos de ferimentos nos lábios, pratique o método
boca-a-nariz. Esse método é quase igual ao boca a boca, com a diferença de
exigir o cuidado de fechar a boca do acidentado enquanto se sopra o nariz.
Reanimação Cardíaca
A asfixia pode ser
acompanhada de parada cardíaca. Nesses casos graves deve-se tentar reanimar os
batimentos cardíacos por meio de um estímulo exterior, de natureza mecânica,
fácil de ser aplicado por qualquer pessoa.
A parada cardíaca é de fácil reconhecimento, graças a alguns sinais
clínicos, tais como:
-inconsciência
-ausência
de batimentos cardíacos
-parada
respiratória
-extremidades
arroxeadas
-palidez
intensa
-dilatação
das pupilas
A primeira providência antes da chegada do médico, é a massagem cardíaca.
Trata-se da compressão ritmada do tórax do paciente, na altura do coração,
por efeito de pressão mecânica. Em casos de asfixia, o procedimento pode e
deve ser combinado com a respiração boca a boca e deve ser realizado
continuamente até a chegada do médico ou no caso de morte comprovada da vítima.
Técnica:
-deite
o paciente de costas, sobre uma superfície plana e rígida.
-faça
a pressão sobre o bordo inferior do esterno, aproximadamente dois centímetros
acima de onde ele termina, para comprimir o coração de encontro ao arco costal
posterior e à coluna vertebral.
-descomprima
rapidamente
-repita
a manobra, em um ritmo de 60 vezes por minuto, até batimentos espontâneos ouaté a chegada do médico.
Ressuscitação
cardiopulmonar ( RCP )
As finalidades da RCP são:
-irrigação
imediata, com sangue oxigenado, dos órgãos vitais através de técnicas de
ventilação pulmonar e massagem cardíaca
-restabelecimento
dos batimentos cardíacos
A RCP realizada por 1 socorrista consta de 15 compressões cardíacas por
2 insuflações pulmonares.
A RCP realizada por 2 socorristas consta de 5 compressões cardíacas por
1 insuflação pulmonar.
Hemorragia
É a perda de sangue por rompimento de um vaso, que tanto pode ser uma
veia quanto uma artéria.
Qualquer
hemorragia deve ser controlada imediatamente. Hemorragias abundantes podem levar
a vítima à morte em 3 ou 5 minutos se não forem controladas. As hemorragias
devem ser controladas através de estancamento.
Técnica:
-aplique
uma compressa limpa de pano, lenço, toalha ou gaze sobre o ferimento e
pressione com firmeza. Use uma tira de pano, atadura, gravata ou cinta para
manter a compressa firme no lugar.
-se
o ferimento for pequeno estanque a hemorragia com o dedo, pressionando-o
fortemente sobre o corte.
-se
o ferimento for em uma artéria, ou em um membro, pressione a artéria acima do
ferimento para interromper a circulação, de preferência apertando-a contra o
osso.
-em
caso de hemorragia abundante em braços ou pernas, aplique um torniquete,
sobretudo se houve amputação parcial pelo acidente.
Torniquete:
-faça
um nó em uma faixa ou cinto. Coloque um pedaço de madeira e repita um segundo
nó por sobre esta madeira.
-faça
uma torção do graveto de madeira até haver pressão suficiente da atadura
para interromper a circulação.
-fixe
o torniquete com outra atadura e marque o tempo de interrupção da circulação.
Nunca use arames ou fios.
-deixe
o torniquete exposto, não o cubra.
Marque o tempo de interrupção da circulação. A cada 15 minutos,
desaperte o torniquete com cuidado. Se a hemorragia parar, deixa-se o torniquete
no lugar, porém frouxo, de forma que possa ser apertado no caso do sangue
voltar.
Se o paciente tiver sede, deve-se dar-lhe de beber, exceto se houver lesão
no ventre ou se estiver inconsciente.
Transporte de
Acidentados
A remoção ou movimentação de um acidentado deve ser feita com o máximo
cuidado para não agravar as lesões já existentes. Antes de transportar o
paciente, devem se tomar as seguintes providências:
-controle
a hemorragia. Na presença de hemorragia abundante, a movimentação da vítima
pode levá-la rapidamente ao estado de choque.
-se
houver parada respiratória, inicie imediatamente a respiração boca a boca.
-no
caso de parada circulatória, faça massagem cardíaca associada à respiração
artificial
-imobilize
as fraturas.
-movimente
o acidentado o menos possível.
-evite
arrancadas bruscas ou súbitas paradas durante o transporte.
Mantenha
a calma, o transporte deve ser feito sempre em baixa velocidade, é mais seguro
e mais cômodo para o paciente.
-não
interrompa, sob nenhum pretexto, a respiração artificial ou a massagem cardíaca,
se estas forem necessárias. Nem mesmo durante o transporte.
O que fazer diante de uma
situação de emergência? Qual é a melhor forma de prestar socorro a
pessoas com doenças cardiovasculares? Múcio Tavares, cardiologista do
Incor, explica os procedimentos corretos
Juliana Santos
Em situações de emergência, o pronto-atendimento é essencial para
aumentar as chances de sobrevivência e reduzir possíveis sequelas dos
pacientes. As doenças cardiovasculares são responsáveis por grande parte
dos atendimentos emergenciais no país, além de ser a principal causa de
óbitos. O Acidente Vascular Cerebral (AVC), quadro em que ocorre a
perda de funções neurológicas devido ao entupimento ou rompimento de
vasos sanguíneos no cérebro, é a doença cardiovascular que mais causa
mortes no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, a maior parte das
pessoas que sobrevivem a um AVC necessita de reabilitação para as
sequelas neurológicas. Aproximadamente 70% não retornam ao seu trabalho e
30% precisam de ajuda para caminhar. Outras emergências cardiovasculares recorrentes são a parada
cardiorrespiratória e o infarto. No primeiro caso, a realização da
massagem cardíaca é essencial para aumentar as chances de salvamento da
vítima. Múcio Tavares, cardiologista e diretor da Unidade Clínica de
Emergência do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da
USP), explica nos vídeos abaixo quais devem ser os procedimentos em cada
situação de emergência cardíaca, além da forma correta de realizar a
massagem cardíaca em adultos e crianças.
Inspirado pela entrevista da Beatriz Mendes com os irmãos Márcio e Lô Borges (clique aqui),
passei o último fim de semana lendo, num fôlego só, o livro “Os Sonhos
Não Envelhecem – Histórias do Clube da Esquina”. Cheguei quase 16 anos
atrasado, já que a primeira edição do livro escrito pelo irmão mais
velho, Márcio Borges, é de 1996.
Capa do álbum Clube da Esquina, disco de cabeceira da música brasileira
Mas os 40 anos do lançamento de Clube da Esquina, um dos
discos de cabeceira de qualquer coleção da música popular, me levaram de
braços abertos ao relato sobre um grupo, uma localidade e um período
únicos da história brasileira. Foi no “quarto dos meninos” do 17º andar
do edifício Levy, centro de Belo Horizonte, em plena ditadura militar,
que os irmãos Borges (eram 11 no total) viram arvorecer o gênio de
Bituca, mais tarde conhecido como Milton Nascimento.
Saí do livro um tanto bêbado, de tanto ler o quanto aquele povo bebia
enquanto pulava de boteco em boteco na capital mineira, entre garrafas
de cerveja, batidas de limão, toadas despretensiosas no violão e
conversas sobre cinema, música, presente e futuro – um futuro que tinham
nas mãos e há muito virou passado. Passei a entender um pouco mais os
motivos que me levam a ter Clube da Esquina (versões 1 e 2) entre minhas dez canções favoritas em todos os tempos, línguas e gêneros.
Aquele quarto era a prova material, em notas e acordes, da teoria dos
seis graus de separação – segundo a qual são necessários no máximo seis
laços de amizade para duas pessoas quaisquer do mundo estarem ligadas.
Ali não era preciso ir muito longe: Marílton conhecia Wagner Tiso, que
conhecia Milton, que conheceu Fernando Brant, que conheceu Márcio, que
era irmão de Lô, que conhecia Beto Guedes, que conhecia Flávio
Venturini, que conheceu Milton, que um dia conheceu Jeanne Moreau, que
um dia fez um filme com François Truffaut, que um dia inspirou uns
meninos que se reuniam no mesmo quarto sem saber que produziriam música
para o resto do mundo.
Das veredas daquele apartamento, mais tarde migradas para a esquina
das ruas Divinópolis com Paraisópolis, em Santa Tereza, BH, nasceram
encontros e amizades com o que tinha de melhor daquele tempo: Elis
Regina, Caetano Veloso, Chico Buarque, Raimundo Fagner, Belchior, Raul
Seixas, Rogério Sganzerla. A impressão é que o mundo tinha no máximo 500
habitantes, metade de Minas.
Ao fim, fiquei com muitas perguntas na cabeça: como a música
conseguiu reunir tanta gente boa num único período e espaço? É possível
que um grupo como aquele surja novamente algum dia e provoque os mesmos
frutos?
Milton: gênio forjado pelo processo coletivo. Foto: Divulgação
Me leve a mal se quiser, mas as respostas não são nada animadoras – e
faço um parêntesis para explicar o porquê. Em certa cena de As Invasões Bárbaras,
obra-prima de Denis Arcand, os personagens se queixam da mudança dos
tempos e da vigência de um período sombrio, marcado pela ignorância,
pelo preconceito e pelo mau gosto. É quando um dos personagens responde:
os gênios são frutos de períodos únicos, que convergem influências,
coragem e disposição para colocar tudo de cabeça pra baixo e fazer
revoluções. Citam a Florença do Renascimento como exemplo. E lamentam
terem nascido numa era de vacas magras, longe de grandes poetas e
artistas.
Guardadas as devidas proporções, tivemos momentos férteis em solo
nacional. A terceira leva do modernismo, por exemplo, gestou na mesma
barriga Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto e Clarice Lispector.
Hoje temos Augusto Cury, e um ou outro autor consagrado reclamando em
velhos espaços de jornais da emergência das classes populares (décadas
atrás, os gênios eram porta-vozes das classes populares, mas isso é papo
pra outra conversa).
Para ficar no exemplo da música brasileira, basta lembrar da reunião
de bandas muito acima da média surgidas, entre o fim dos anos 70 e
começo dos 80, nas garagens de Brasília ou no Circo Voador, no Rio. Ou
na Ipanema da bossa nova, a Bahia da Tropicália, a Recife do mangue beat…
São exemplos de que a obra de arte é um ofício coletivo.
E hoje?
Bom, hoje as coisas de fato mudaram. Na Belo Horizonte dos irmãos
Borges e Bituca, todos pareciam minimamente livres para tatear talentos e
escolher rumos com calma. Como cantou Beto Guedes, um dos caçulas do
grupo: era possível “dar um tempo de prestar atenção nas coisas, fazer
um minuto de paz, num silêncio que ninguém esquece mais”. A própria
ideia de tempo era outra, e ele parecia jogar a favor.
Entre os fatos que mais me impressionaram no relato de Márcio Borges
está a narração de uma certa “falta de privacidade” nos espaços em que
vivia: a casa sempre tomada por amigos (dele e dos irmãos), sempre
dispostos a criar sons no tempo livre, compartilhar ideias, influências;
todos pareciam interessados em cinema, em discutir Truffaut, em ler e
citar Garcia Llorca e outras novidades vindas de toda parte do mundo.
Lô, Fernando Brant, JK, Milton e Márcio Borges (no alto). Foto: Semana JK 2010/Flickr
Outro fato digno de nota: Borges tinha quase 20 anos quando despertou
para a música, mas mal conseguia terminar o terceiro colegial. Em
nenhum momento ele relata qualquer tipo de pressão, dos pais ou de quem
quer que seja, para tomar um rumo, fazer algo de útil, deixar de lado
uma possível vagabundagem.
Algo impensável para os padrões de hoje, em que o ócio criativo
recebe bordoadas assim que se manifesta. Llorca? Só se estiver na lista
de vestibular. Truffaut, preto e branco e em 2D? Conta outra. Reunião
com amigos ao fim da tarde? Melhor correr pra academia. Hoje é mais útil
gastar tempo e dinheiro com cursos de inglês, informática, caratê e
domar a hiperatividade com remédios. O resultado é que, anos depois, nos
tornamos velhos e manifestamos, tarde da vida, as inquietações mais
infantis em nossas redes – porque jamais fomos capazes de sonhar uma
linha além daquela já traçada antes de nascermos. O estado da música
popular de hoje, de versos comerciais e descartáveis, é talvez o maior
exemplo dessa incapacidade expressiva.
A substituição da poesia cantada por “eu quero tchu eu quero tchá” é
parte das mudanças nas próprias formas de relacionamento – e não só das
propostas antes e depois das gravações. No Brasil de 2012 não imagino
uma casa como aquela que reunia Wagner Tiso, Milton Nascimento e Lô
Borges no mesmo espaço. Os apartamentos hoje, como tudo na vida, têm
seus espaços funcionais: pequenos e confortáveis, mas impróprios para
visitas, reservadas para a área gourmet, onde a galera se reúne pra
jogar Playstation e o síndico reclama se alguém resolve cantar. Ninguém conseguirá fazer poesia se só souber empinar pipa pelo ventilador.
Hoje os passeios pelas ruas, depois de pular de bar em bar parecem
programas do século passado. (Tecnicamente são). Com medo das ruas,
andamos de carro, mesmo que sejam só dois quarteirões. As conversas
reservadas ficam para o MSN, meio pelo qual é possível medir o que se
diz e guardar o que se ouve de maneira privativa. Tivessem 20 anos hoje,
os amigos Milton e Márcio provavelmente deixariam de lado as parcerias
surgidas no meio da noite, entre álcool e caminhadas, para expressar
seus sonhos sóbrios em 140 caracteres no Twitter. Quarenta anos depois,
ninguém se lembraria deles.
Porque, se algo mudou dos 40 anos desde Clube da Esquina pra
cá, foi a guinada na ideia de privacidade para o topo das preocupações
humanas. Isso mudou as formas de relacionamento (dos que ainda se
relacionam, claro) e, por ironia, dinamitaram a cultura do
compartilhamento – o que, em tempos de Facebook, parece uma contradição.
Porque a gênesis do disco era o compartilhamento, não de links, mas de
ideias, palavras, acordes e letras escritas a muitas mãos – sempre a
partir da vivência, e não de refrões para tocar no rádio ou convencer
empresários.
Reunidas, criavam uma unidade, uma linha própria a um mundo que pedia
para ser cantado e alcançado. É a ideia dos jovens reunidos, “pela
última vez, à espera do dia, naquela calçada, fugindo pra outro lugar”.
Da mesma forma que perdemos atletas magistrais por não criar
condições e espaços adequados para treinamento e capacitação, perdemos
também talentos artísticos em escalas industriais. Não só por causa da
miséria, mas por incutir nas jovens cabeças a ideia de que a vida só
vale a pena se for seguida em linha reta; se crescermos e aparecermos o
quanto antes, em voos solo, e cultivar nossos próprios espaços com
conquistas pessoais.
O que sobrou daquele tempo, fora as memórias? Em 40 anos, Lennon
morreu, a guerra seguiu (só mudou de lugar) e a liberdade aguardada após
o fim da ditadura não veio. Os sonhos cantados em Clube 2
envelheceram. E os novos são rasgados assim que desabrocham. Ganhou a
aposta quem acreditou que, a partiu daqueles dias, nada mais seria como
antes…
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O cenário político internacional em 2012 foi dominado pela
crise econômica internacional, que se acentuou nos países da zona do
euro (17 nações que adotam a moeda única), pelo agravamento dos
conflitos na Síria, que duram 21 meses, e pela Conferência das Nações
Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Também tiveram
destaque as disputas eleitorais intensas em nações como os Estados
Unidos e a França, além de uma série de ocorrências na América Latina,
como a integração da Venezuela ao Mercosul e a suspensão do Paraguai do
bloco.
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, em entrevistas
concedidas nos últimos dias, destacou ainda o reconhecimento da
Palestina como Estado observador da Organização das Nações Unidas (ONU) e
a frustração das negociações em busca de um acordo entre palestinos e
israelenses. “Infelizmente há uma paralisia no processo”, ressaltou ele.
“Existe a necessidade de se repensar os mecanismos de gestão de paz”,
disse.
A seguir, os principais temas que ocuparam as discussões no cenário internacional em 2012: Crise econômica internacional
A presidenta Dilma Rousseff, nas discussões no exterior, destacou a
necessidade de se buscar mercados alternativos na tentativa de amenizar
os efeitos da crise. Segundo ela, é fundamental associar ações de
austeridade a medidas de crescimento econômico e inclusão social. A
busca pela manutenção de financiamentos externos e apoio levou vários
países, como a Grécia e a Espanha, a implementar medidas de austeridade
criticadas pela sociedade civil. Protestos violentos nas ruas de várias
cidades europeias se tornaram frequentes ao longo do ano. Agravamento dos conflitos na Síria
Desde março de 2011, a Síria vive sob um clima de guerra em
decorrência da disputa política que envolve o governo do presidente
sírio, Bashar Al Assad, e oposição. De acordo com organizações não
governamentais, mais de 40 mil pessoas morreram, inclusive crianças e
mulheres. Há denúncias de torturas, prisões irregulares e assassinatos. A
Síria é alvo de várias sanções da comunidade internacional.
Paralelamente, a Liga Árabe (que reúne 22 nações) tenta encontrar uma
solução para a crise. Rio+20
Por nove dias, em junho, o mundo se voltou para o Rio de Janeiro
durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20. Chefes de Estado e de Governo, negociadores e
representantes da sociedade civil de mais de 190 países se reuniram para
fechar o documento final, contendo 49 páginas, denominado O Futuro que Queremos.
Ao final da conferência, foram incluídos aspectos que tentam garantir o
desenvolvimento sustentável com erradicação da pobreza. No entando,
movimentos sociais e alguns líderes estrangeiros condenaram a falta de
ousadia do texto. Venezuela integrada ao Mercosul
Em julho, a Venezuela foi oficialmente integrada ao Mercosul (Brasil,
Argentina, Uruguai e Paraguai, que está momentaneamente suspenso). As
negociações levaram seis anos até a inclusão do país no bloco, pois os
parlamentos do Brasil e do Paraguai resistiam à adesão. Em Brasília, o
presidente venezuelano, Hugo Chávez, comemorou. Recentemente, ele foi
submetido a uma cirurgia para a retirada de um tumor maligno, na região
pélvica, e seu estado de saúde é considerado delicado, o que provoca
incertezas na política da Venezuela. Reeleito para o cargo, o presidente
tem a posse marcada para o dia 10. Mas a data pode ser alterada devido
ao seu estado de saúde. Colômbia e as negociações com as Farc
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, itensificou as
negociações para um acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia (Farc), que atuam no país há cerca de meio século. Uma
comissão especial foi organizada para conduzir os diálogos. Segundo
Santos, as negociações devem ser concluídas no final de 2013.
Autoridades de Cuba, da Noruega, do Chile e da Venezuela fazem a
mediação. A presidenta Dilma Rousseff também ofereceu apoio e o Brasil
deve colaborar com a experiência na área desenvolvimento agrário. Crise no Paraguai
Em 22 de junho, o então presidente paraguaio, Fernando Lugo, foi destituído do poder após aprovação doimpeachment pela
Câmara e pelo Senado. A iniciativa foi considerada o rompimento da
ordem democrática no país, de acordo com os líderes políticos
sul-americanos, que aprovaram a suspensão temporária do Paraguai do
Mercosul e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Sob a presidência
de Federico Franco, o país tenta ser reintegrado aos dois grupos. Em
abril, há eleições presidenciais no Paraguai. Lugo sinalizou que
concorrerá ao Senado, mas ainda não confirmou. Palestina
A Palestina foi reconhecida como Estado observador da Organização das
Nações Unidas (ONU). Para especialistas, a medida é um avanço e
colabora para que futuramente seja intensificado o debate sobre a
criação de um Estado autônomo e independente. Porém, a decisão ocorre em
um momento de acirramento entre palestinos e israelenses, pois o
governo de Israel ampliou a construção de assentamentos na Cisjordânia e
em Jerusalém Oriental – áreas reivindicadas pelos palestinos. O governo
do Brasil condenou a construção dos assentamentos. Transição Eleitoral
Em 2012, houve eleições nos Estados Unidos, na França, na Rússia e na
China, além do México, da Venezuela e da República Dominicana. Nos
Estados Unidos, o presidente Barack Obama foi reeleito em uma disputa
apertada com o republicano Mitt Romney. Na França, o socialista François
Hollande venceu o então presidente Nicolas Sarkozy. Na Rússia, Vladimir
Putin retomou ao poder pela terceira vez. Na China, os líderes mais
antigos dão lugar aos mais jovens. Agência Brasil
A
presidenta Dilma Rousseff solidarizou-se com a família do jornalista
Ottoni Guimarães Fernandes Júnior, diretor internacional da Empresa
Brasil de Comunicação (EBC). Em nota divulgada, ela ressaltou o
“espírito de luta” que o moveu durante sua vida.
O
jornalista Ottoni Guimarães Fernandes Júnior, diretor internacional da
Empresa Brasil de Comunicação (EBC), morto no domingo 30. Foto: Agência
Brasil
Ottoni morreu de infarto na manhã de domingo, durante viagem à
Patagônia, na Argentina. O jornalista estava na EBC desde março deste
ano. Antes, foi diretor de Comunicação do Instituto Lula, secretário
executivo da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da
República entre 2007 e 2010, na gestão do ex-ministro Franklin Martins, e
diretor de redação da revista Desafios do Desenvolvimento, do Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Trabalhou por 21 anos na Gazeta Mercantil, onde atuou de repórter a diretor-geral. Também foi redator-chefe da revista IstoÉ e editor da revista Exame.
Ex-guerrilheiro, Ottoni militou na Ação Libertadora Nacional (ALN)
durante os primeiros anos da ditadura militar, até ser preso em 1970. Em
2004, o jornalista lançou o livro O Baú do Guerrilheiro – Memórias da Luta Armada, no qual escreve sobre os anos de prisão.
Veja a íntegra da mensagem que a presidenta divulgou por ocasião da morte de Ottoni Fernandes Júnior:
“Externo minha tristeza e minha solidariedade pela perda de Ottoni à
toda a família e aos amigos desse grande companheiro. Neste triste
momento, devemos nos lembrar do desprendimento e do espírito de luta que
moveu Ottoni em toda sua vida, do semear da juventude, à colheita
recente no governo, onde, desde 2007, ajudou na luta para consolidar a
democratização da comunicação pública. Ottoni será sempre lembrado como
um dos brasileiros que ousaram sonhar e realizar, em prol do nosso
povo. Recebam meu abraço fraterno”.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua mulher, Marisa Letícia manifestaram pesar:
“Ottoni Fernandes Júnior foi um incansável lutador pela democracia e
justiça social no Brasil. No período mais difícil do regime militar,
arriscou a vida por seus ideais. Foi também um militante do jornalismo
ético e democrático. Na Secretaria de Comunicação Social da Presidência
da República, contribuiu para a democratização e uma distribuição mais
justa e regionalizada da publicidade do governo federal. Desenvolvia
atualmente um importante papel na Empresa Brasileira de Comunicação.
Foi nosso companheiro e parceiro na formulação e criação do Instituto
Lula. E foi, sobretudo, nosso grande e querido amigo. Neste momento de
perda, nos unimos na despedida a seus parentes, amigos e familiares.
Dona Marisa Letícia e Luiz Inácio Lula da Silva”
Nova Lei Seca prende 13 por embriaguez em SP e no Rio
Com a revisão na lei, polícia tem mais opções para provar embriaguez e multa quase mil motoristas nos primeiros dias
Do Portal Terra
Quase mil motoristas foram multados e 13 acabaram presos por
embriaguez no Rio de Janeiro e em São Paulo nos primeiros dias da nova
Lei Seca, que endureceu a punição aos condutores que dirigem após
ingerir bebidas alcoólicas. Segundo a polícia, em São Paulo, a
quantidade de motoristas que se recusam a fazer o teste do bafômetro é
muito pequena.
De sexta-feira até a madrugada do Natal, 883 pessoas fizeram o teste e só duas recusaram. As informações são doJornal da Globo.
Em São Paulo, 62 motoristas foram multados porque estavam embriagados, e
oito acabaram presos. No Rio de Janeiro, o fim de semana do Natal
também teve blitz da lei seca. Dos 5,7mil motoristas parados, 832 foram
multados, e cinco, presos. A Lei Seca, aprovada em 2008, reduziu
significativamente o número de acidentes de trânsito e de vítimas dos
acidentes, segundo estatísticas do Ministério da Saúde.
Entre as revisões feitas neste ano, destaca-se uma que permite que o
motorista envolvido em um acidente de trânsito seja submetido a todas as
provas necessárias para comprovar se consumiu álcool ou substâncias
psicoativas, como provas clínicas, e vídeos, além de depoimentos de
testemunha.
Até então, os usuários poderiam se negar a fazer o teste do bafômetro,
que pune motoristas com mais de 0,6 g de álcool por litro de sangue, e
os policiais têm agora mais opções para provar que um motorista está
embriagado.
Sancionada lei que reajusta salário de ministros do STF
AE
A presidente Dilma Rousseff sancionou a lei que
estabelece o reajuste, escalonado, para o salário dos ministros do
Supremo Tribunal Federal (STF) ao longo dos próximos três anos. A
elevação do subsídio aos ministros da Corte eleva, consequentemente, o
teto de remuneração do serviço público. A lei,
aprovada pelo Senado Federal no último dia 18, foi sancionada sem vetos.
A partir desta terça-feira (01, o salário dos ministros do STF será de
R$ 28.059,29. O valor será elevado para R$ 29.462,25 a partir de 1º de
janeiro de 2014 e chegará a R$ 30.935,36 no início de 2015. Isso
representa um aumento escalonado de 15,7% no salário dos ministros. A
presidente também sancionou a lei que estabelece o reajuste do salário
do Procurador-geral da República. Os valores são os mesmos definidos
para os ministros do Supremo. As duas leis, que foram
publicadas na edição desta segunda-feira do Diário Oficial da União,
estabelecem que a partir de 2016, o valor mensal dos salários dos
ministros do STF e do Procurador-geral da República será definido por
lei de iniciativa do STF e da Procuradoria-Geral, seguindo os parâmetros
fixados nas respectivas previsões orçamentárias.
Queima de fogos em Copacabana deve bater recorde de público
Cidade está lotada de turistas para o réveillon
Rafael Galdo
Selma Schmidt
Thamine Leta
Banhistas disputam a areia, colorida por guarda-sóis, e até espaço na
água na Praia do Leblon, às vésperas do réveillon que deverá reunir 2,3
milhões de pessoas /
Márcio Alves / O Globo
RIO - Tradicionalmente o réveillon do Rio é de números superlativos.
Mas, este ano, novos recordes já foram batidos e outros ainda serão. A
marca de dois milhões de pessoas dos últimos anos na virada em
Copacabana deve ficar para trás, garante o prefeito Eduardo Paes. O
secretário municipal de Turismo, Antonio Pedro Figueira de Mello, chega a
cravar que serão 2,3 milhões de espectadores. Só no mar, o público dos
13 transatlânticos que ficarão fundeados será de 45 mil turistas, contra
os 30 mil trazidos pelos 12 navios na queima de fogos do ano passado.
Ao todo, a cidade deve receber 752 mil turistas (5,6% a mais do que os
712 mil do último ano), que devem gastar mais e deixar por aqui US$ 557
milhões (um aumento de 5,8% em relação a 2012).
Ícones do Rio,
como o bondinho do Pão de Açúcar e o Corcovado, estão superando todas as
expectativas. Na última sexta-feira, a Companhia Caminho Aéreo Pão de
Açúcar registrou movimento 16% maior nesse período de festas do que na
mesma época do ano passado. Neste domingo, já foi batido o recorde
histórico de visitantes: cerca de 10 mil num único dia. No Cristo
Redentor, o crescimento foi de 11%, como atestam as longas filas no
Cosme Velho, com 10 mil turistas diários. Isso mesmo com o horário de
visitação estendido: das 7h às 21h, em vez de 8h às 20h, das altas
temporadas anteriores. Paes: desafio é manter crescimento
Para Eduardo Paes, o show de Natal com Gilberto Gil e Stevie Wonder ajudou a dar um gás no turismo da cidade:
—
Ampliamos muito a oferta hoteleira da cidade, e isso deve acontecer,
ainda de forma constante, até 2016, o que significa uma condição melhor
para receber turistas. Obviamente, o bom do Rio chama mais turistas.
O desafio, diz Paes, é criar condições para que esse crescimento seja sustentável a longo prazo:
—
Estamos avançando na imagem e na percepção da cidade. Também avançamos
na informação. A rede hoteleira vai melhorar. Ainda temos que melhorar
nos serviços, na sinalização e na infraestrutura.
Mesmo com muito a
fazer, segundo o secretário Antônio Pedro, a tendência é de que a
cidade bata recorde atrás de recorde nos próximos anos, devido aos
megaeventos que receberá a partir de 2013. Já neste fim de ano, até a
previsão de 752 mil turistas pode ser superada.
— Muitos
visitantes que chegam não são mensurados nas contas oficiais. Há os que
vêm no próprio carro, alugam apartamentos pela internet ou se hospedam
na casa de amigos e parentes. Em Copacabana, nos últimos dias, já vemos
mais turistas do que nos últimos anos — disse ele, acrescentando que o
Rio está de olho em atrair turistas nem tão habituais, como chineses e
russos.
Até o tempo embarcou na onda. O Climatempo não tem dúvidas
de que a virada hoje será mais quente do que a do 31 de dezembro de
2011, quando choveu e a temperatura oscilou entre 24 e 25 graus. Dessa
vez, não deve ter chuva, e os termômetros vão ficar entre 26 e 28.
A
família de Helenita Carlos, de Minas Gerais, depois de pesquisar o
preço de hotéis e pousadas, optou por uma barraca de camping. A família
“estacionou” na Praia do Leme, na beira do calçadão, à sombra de
coqueiros.
— Não tinha jeito de vir ao Rio pagando um hotel. É caríssimo. Tivemos que encarar o perrengue — disse Helenita.
Apesar
de os preços de hotéis estarem impraticáveis para alguns, em Copacabana
a ocupação chega a 95%, acima dos 90% esperados, de acordo com a
Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-RJ). Mais famoso, o
Copacabana Palace está com todos os 250 apartamentos ocupados para a
virada.
— Este ano, a cidade ganhou quase mil novos quartos — explicou Alfredo Lopes, presidente da ABIH-RJ.
Em
frente ao Copacabana Palace, ficará o palco principal da festa, que, em
ritmo de recordes, terá o maior painel usado numa passagem de ano na
orla carioca. Com mil metros quadrados e pequenas placas com 110 mil
minilâmpadas de LED, trazidas da Bélgica, o painel gigante começou a ser
testado no fim da noite deste sábado. O equipamento é semelhante ao
utilizado nas cerimônias dos Jogos Olímpicos de Londres. Aqui, ficará
dos dois lados do palco e numa faixa acima do telhado.
— Olhando o
palco de frente, o painel vai ter o efeito de um grande vitral, com
imagens em movimento. O público verá efeitos de videografismo.
Patrimônios do Rio como o Pão de Açúcar, os Arcos da Lapa, o Cristo
Redentor e o calçadão de Copacabana serão mostrados, de forma
estilizada, desde o início da festa (a partir das 18h) — explica Flavio
Machado, sócio-diretor da SR Com, responsável pela organização da festa. Segurança aposta em tecnologia
Quando
o assunto é segurança, nem todos os números são recordes, mas novidades
como o balão “grande irmão”, que vigiará tudo do alto com visão de 360
graus, são justificativas da Polícia Militar que aposta, desta vez, em
tecnologia. O efetivo da Guarda Municipal é maior: são 1.744 agentes de
controle urbano e trânsito em Copacabana e seus acessos — mais do que os
1.611 do réveillon passado. O número total de homens da PM, no entanto,
será menor do que o efetivo dos últimos três anos. Nesta segunda-feira à
noite, 1.169 PMs vão patrulhar o bairro na virada, quase 25% a menos do
que no último réveillon e 16,5% menor do que na virada de 2010 para
2011.
Tantos superlativos, em alguns casos, têm um custo.
—
Copacabana está muito cheia. Estava num quiosque ontem (sábado) à noite
em que faltou copo de chope. Os garçons pegavam o copo das pessoas que
queriam um segundo ou terceiro chope, lavavam e enchiam de novo — conta
Horácio Magalhães, presidente da Sociedade Amigos de Copacabana. — São
muitas pessoas cruzando as ruas, o trânsito está complicado e, os
supermercados, lotados.
Os preços também estão nas alturas. Um
coco, que varia entre R$ 3 e R$ 4, não sai por menos de R$ 5, e o
tradicional biscoito de polvilho, de R$ 3, passou a custar R$ 4, mesmo
valor de um copo de mate. Tem estacionamento em Copacabana cobrando até
R$ 250 na virada. E quem quiser assistir à queima de fogos na festa da
laje no pacificado Pavão-Pavãozinho vai desembolsar R$ 1 mil, 300% acima
do que era cobrado no ano passado.
Nada que desanime o alemão Tomas Berger e a mulher, a mineira Maria Luiza Novaes, que fazem sua estreia.
—
Estou ansiosa. Queremos ficar até o fim dos shows — disse Luiza, que
verá uma queima de fogos de 16 minutos, graças a 24 toneladas de bombas.