No domingo passado, a Folha de S.Paulo deu capa para um ruidoso e antigo escândalo de corrupção que a mídia tucana evita investigar mais a fundo. Segundo a reportagem, “Empresa alemã Siemens delata cartel de licitações do metrô de SP”. O assunto bombástico, porém, não mereceu qualquer repercussão nos outros jornalões e, na sequência, o próprio diário da famiglia Frias abortou a continuidade da denúncia. A tendência, como sempre, é que a mídia tucana – que adora escandalizar a política, principalmente contra o chamado “lulopetismo” – abafe novamente o caso.
Segundo a matéria, assinada por Catia Seabra, Juliana Sofia e Dimmi Amora, “a multinacional alemã Siemens delatou às autoridades antitruste brasileiras a existência de um cartel - do qual fazia parte - em licitações para compra de equipamento ferroviário, além de construção e manutenção de linhas de trens e metrô em São Paulo e no Distrito Federal. Gigante da engenharia, a empresa já foi condenada em outros países por conduta contra a livre concorrência. A Folha apurou que o esquema delatado pela companhia envolve subsidiárias de multinacionais como a francesa Alstom, a canadense Bombardier, a espanhola CAF e a japonesa Mitsui”.
Através de combinações ilícitas, elas elevavam os preços dos serviços – “entre 10% e 20%, segundo estimativas”. No início deste mês, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) realizou busca e apreensão nas sedes das companhias delatadas. A chamada Operação Linha Cruzada executou mandados judiciais em São Paulo, Diadema, Hortolândia e Brasília. “Segundo as denúncias, o cartel atuou em ao menos seis licitações. Mas ainda não se sabe ao certo o tamanho real, alcance, período em que atuou e o prejuízo causado. Ao entregar o esquema, a Siemens assinou acordo de leniência, que pode garantir à companhia e a seus executivos isenção caso o cartel seja condenado”.
As denúncias contra a Siemens e outras multinacionais são antigas. Elas sempre envolveram negócios bilionários e sinistros com o Metrô paulista, comandado há duas décadas pelos tucanos. Elas inclusive resultaram na troca da direção mundial da Siemens, acusada por pagar propinas a políticos em vários países e por formação de cartel. No caso da investigação em curso, ela envolve pelo menos seis concorrências – como a da construção da Linha 5-Lilás e da extensão da linha 2-Verde do Metrô e da compra de trens pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Diante das graves denúncias, “o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que o governo dará todas as informações e fará investigação própria” – informa a compreensível e “imparcial” Folha. É como se o caso fosse recente e tivesse pegado de surpresa o grão-tucano. A operação abafa - já utilizada nos escândalos da privataria tucana, do aspone Paulo Preto e de tantos outros - está em curso novamente!
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