A maioria das crianças gosta de comer, mas algumas têm
um apetite insaciável e querem cada vez mais comida, fato que preocupa
médicos e pais, principalmente de acordo com o crescimento das crianças.
Em entrevista ao site da BBC, uma mãe comentou que já
pegou a filha comendo pão de batata congelado durante a madrugada. "Não
podemos ter alguns tipos de alimentos em casa porque ela come tudo. Me
lembro quando ela colocou uma cenoura gigante no bolso da saia para ir à
primeira aula de teatro e disse que era para comer no caso de ter fome.
Em sua primeira semana na escola, ela estava almoçando duas vezes,
então comecei a mandar o que ela podia comer, embalado nas quantidades
certas", contou.
Recentemente, estudos apontaram que, na última década,
houve um aumento de quatro vezes no número de crianças e adolescentes
que procuraram o hospital por problemas relacionados à obesidade.
Segundo os cientistas, o apetite é diferente de pessoa para pessoa, por
isso é um problema difícil de ser tratado. "Nós fomos feitos para sermos
diferentes e isso vale tanto para o exterior como para o interior do
corpo", comenta o professor Stephen Bloom, especialista em obesidade da
College London. De acordo com ele, é problemático estar nos dois
extremos da escala, ser alguém que come demais ou que escolhe demais o
que vai comer.
E, vale lembrar, que as crianças podem chegar à
obesidade mesmo não comendo tudo o que gostariam. A mãe de um menino de
11 anos diz que é "frustarante e exaustivo" ter que cuidar de um filho
com problemas de alimentação. "Sempre acabo nervosa e brigando com ele
por causa de comida e ele também sempre fica bravo. Não tem nada de
errado com o meu filho, nenhum problema médico. Ele é genuinamente
faminto, simplesmente gosta demais de comer. Ele não está acima do peso
agora porque eu controlo absolutamente tudo o que ele come, mas ele não
viverá na minha casa para sempre e isso me deixa muito preocupada",
afirmou.
A falta de informações sobre o controle do apetite é um
dos grandes desafios do tratamento. "Nós sabemos muito pouco sobre o
assunto porque é uma coisa muito complicada. Mas o que sabemos é que o
apetite é uma condição herdada, onde há grande importância dos
componentes genéticos, mas também é influenciado pelo ambiente e
comportamento, entre outras coisas", explica a professora de metabolismo
da Universidade de Cambridge, Sadaf Farooqi.
Além da quantidade, o que é ingerido também é
preocupante porque alguns alimentos têm o sabor nada apreciado pelas
crianças, por isso elas se acostumam a comer sempre as mesmas
coisas. Outro tema discutido é o comportamento dos pais, que tendem a
dar às crianças porções que são válidas para adultos e fazer com que
elas comam em pratos de tamanho grande.
Especialistas explicam que a criança é consciente quanto
ao seu corpo e que elas devem comer somente a quantidade que deseja.
"Crianças normalmente só comem a quantidade que precisam. Se você
deixá-los tomarem suas próprias decisões, eles vão aprender a regular a
comida e, se ele estiver ganhando peso, é porque está se exercitando
menos do que deveria. É tudo uma questão de balancear a energia que
entra e a que sai", comenta Tam Fry, porta-voz do Centro Nacional de
Obesidade.
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