Segundo relatos, ao menos de 200 cães foram retirados do instituto e páginas na internet foram criadas para adoção Foto: Edison Temoteo / Futura Press
Na última sexta-feira, ativistas de direitos dos animais
invadiram o Instituto de Pesquisa Royal, em São Roque (SP), para
libertar centenas de cachorros da raça beagle que seriam usados em
testes para a fabricação de medicamentos. Mas por que esta raça de
cachorro é utilizada nas pesquisas?
A resposta, segundo a professora de farmacologia e
toxicologia veterinária da Universidade de São Paulo (USP) Silvana
Gorniak está na padronização genética dos beagles. "Para testar a
eficácia de um medicamento não se pode pegar um animal gordo, outro
magro, um grande, outro pequeno. Com cacarcterísticas diferentes, as
respostas também seriam diferentes. Então precisa-se ter um padrão igual
para não ter variável", explica a pesquisadora.
Segundo ela, os beagles têm esse padrão porque
correspondem a uma raça muito antiga, que já se fez o mapeamento
genético. "O cruzamento é feito de maneira racional, controlada. Eles
são geneticamente iguais", afirma a especialista, que também é
representante do Conselho Federal de Medicina Veterinária. Silvana
diz que também conta na decisão de usar os beagles o porte dos animais –
são cachorros pequenos – e a característica de serem dóceis.
Sobre a utilização de cachorros – em vez de camundongos,
por exemplo – ela explica que em alguns casos se faz necessário por
apresentarem fisiologia mais próxima do ser humano. "Quando o
medicamento vai ser usado por muito tempo, como oncológico (para tratar o câncer),
ou anti-aids, o teste em cachorros é preciso para preservar a saúde do
ser humano", afirma ao ressaltar que os testes em ratos, ou apenas em
culturas de laboratório, podem não ser tão eficientes.
Ela ainda explica que qualquer pesquisa com animais precisa passar pela avaliação do Conselho Nacional de Experimentação Animal (Consea),
ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia. Entre as exigências do
conselho estão que as pesquisas não causem nenhum tipo de maus-tratos
aos animais e que seja formado um comitê dentro de cada local de teste,
composto por um veterinário, um biológo, um pesquisador e um
representante de ONG de proteção animal. Cada teste passa,
necessariamente, pela supervisão deste comitê
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