Para evitar exposição dos titulares, meia e goleiro dão coletiva e dizem que não há crise emocional no grupo
Martha Esteves
e Vitor Machado
Rio - A Seleção junta os cacos de seu lado
emocional. No lugar de nervos de aço, os jogadores que enfrentaram o
Chile mostraram estrutura psicológica de vidro, no momento mais tenso da
Copa até aqui: frágil e transparente. Para evitar maior exposição dos
titulares, principalmente depois do mal-estar causado pelas declarações
de Thiago Silva, apenas os reservas Ramires e Victor deram a cara para
bater. Se não há mordaça, existe pelo menos a lei do “ninguém sabe,
ninguém viu”. O capitão do time ter admitido que pediu para
ser o último a bater pênalti, depois até de Julio Cesar, por estar sem
confiança, não pegou bem internamente. O técnico Luiz Felipe Scolari
exigiu a volta da psicóloga Regina Brandão e pediu socorro a alguns
jornalistas. Ramires, numa espécie de mundo paralelo, viu a Seleção
jogar bem contra os chilenos e garantiu não haver qualquer abalo
emocional:
Brasil não vem tendo boas atuações na Copa do Mundo
Foto: André Luiz Mello
“Faz parte do futebol. Alguém tem que
ganhar. Não podemos criar uma coisa que não tem. O próximo jogo será
difícil, mas podemos ganhar nos 90 minutos. E se formos para outra
disputa de pênaltis, estaremos preparados. Estava (contra o Chile) todo
mundo tranquilo, confiante para bater, confiante de que iria passar de
fase. Um ou outro se emociona mais porque estão todos tensos.”
LEIA MAIS: Notícias e bastidores da Copa do Mundo Durante o Hino Nacional, o choro entre os
jogadores da Seleção já virou protocolo. No entanto, o que antes parecia
apenas o afloramento da emoção de jogar a Copa em casa passou a ser
encarado como fraqueza. A imagem de Thiago Silva sentado sobre a bola,
sozinho, antes das cobranças de pênaltis, é retrato fiel da fragilidade
de um grupo que precisa escolher entre o desejo de ser campeão e o medo
do fracasso. Julio Cesar também preocupou a todos quando
apareceu na TV, aos prantos, antes de cumprir sua missão. Mas seu feito
heroico, logo em seguida, serve de prova para quem garante que a Seleção
está com a cabeça no lugar. “Estão falando dessa parte emocional como um
peso, mas não vejo dessa forma. Vejo que os jogadores estão vivendo de
forma muito intensa e acabam extravasando em forma de choro. Mas não é
tão ruim. Pode virar motivação. O Julio chorou e fez o que fez. Não vejo
de forma negativa, mas com intensidade, com orgulho de representar seu
país”, disse Victor, que afirma ter perfil mais frio, embora admita já
ter deixado escapar algumas lágrimas durante o hino. ENTREVISTADOS IGNORAM O ASSUNTO A reunião convocada por Felipão com alguns
jornalistas parece ter virado assunto proibido. Embora o conteúdo da
conversa esteja estampado nos jornais, Ramires e Victor garantem ignorar
o assunto. O treinador expôs fragilidades táticas, técnicas,
emocionais, pediu apoio da imprensa e ainda admitiu ter se arrependido
de um dos 23 nomes convocados, segundo noticiou o jornal ‘Folha de S.
Paulo’. “Estou sabendo agora. Ele não comentou nada com
a gente. Ele é quem pode falar melhor sobre isso”, disse Ramires. “Ele
não comentou nada disso. Não repercutiu entre nós porque não ficamos
sabendo do conteúdo da conversa. Ele falou com a gente sobre o Chile”,
garantiu Victor. Ramires, porém, ressalta a importância do treinador nesse trabalho mental. “Ele motiva bastante, percebe quando o jogador
se abate com um jogo, quando não rende. Dá força, procura colocá-lo para
cima, mostra que confia nele”, afirmou.
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