7.01.2014

Sarkozy é detido em investigação por suposto tráfico de influência

Polícia investiga se ex-presidente prometeu cargo em troca de informações.
Ele deve ficar detido por 24 horas para prestar esclarecimentos no caso.

Do G1, em São Paulo
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Ex-presidente chega à Assembleia Nacional, em Paris, durante evento no último dia 25 de junho (Foto: Gonzalo Fuentes/Reuters)Ex-presidente chega à Assembleia Nacional, em Paris, durante evento no último dia 25 de junho
(Foto: Gonzalo Fuentes/Reuters)
O ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, foi detido para um interrogatório nesta terça-feira (1º) e colocado sob custódia da Polícia Judiciária de Nanterre, cidade próxima a Paris, pelas suspeitas de sua relação em um caso de tráfico de influências e violação do sigilo da investigação.
Segundo a imprensa francesa, os agentes o colocaram em regime de "garde à vue" (prisão preventiva), uma medida inédita para um ex-presidente e durante a qual ficará detido pela Polícia Judiciária, com direito à assistência jurídica, o que permite que seja interrogado em até 48 horas.
Ao fim do interrogatório, Sarkozy pode ser liberado sem acusações ou transferido a um juiz de instrução para o início de um processo.
Os investigadores tentam determinar se o ex-chefe de Estado e algumas pessoas de seu entorno criaram uma "rede" de informações que o deixava a par da evolução dos processos judiciais que o envolviam entre 2007 e 2012.

Sarkozy chegou à sede policial pouco depois das 8h locais (3h de Brasília) e um dia depois que foram interrogados seu advogado, Thierry Herzog, e dois juízes do alto escalão da Corte de Apelação francesa, Gilbert Azibert e Patrick Sassoust, que permanecem em regime de prisão preventiva.

Azibert, que é ligado ao advogado do ex-presidente, é suspeito de receber informações de conselheiros do Supremo Tribunal francês sobre os avanços na investigação do suposto financiamento ilegal da campanha que levou Sarkozy à Presidência.
De acordo com essa tese, o defensor de Sarkozy prometeu ao magistrado, em contrapartida, que o ex-presidente o ajudaria a conseguir um cargo na administração de Mônaco.
O caso investiga, entre outros assuntos, se Sarkozy recebeu financiamento ilegal para sua campanha presidencial por parte da multimilionária herdeira do grupo de cosméticos L'Oréal, Liliane Bettencourt, e do deposto ditador líbio Muammar Kadafi.
A investigação estava relacionada, originalmente, com as averiguações iniciadas em abril de 2013 para determinar se parte da campanha que levou Sarkozy à Presidência foi financiada pelo regime líbio.
Além disso, como parte de uma investigação iniciada em 26 de fevereiro, os investigadores querem apurar se Sarkozy foi informado ilicitamente de que a justiça havia autorizado a escuta de suas conversas telefônicas.
A decisão sobre a escuta nos telefones de Sarkozy foi tomada em setembro do ano passado pelo juiz que investiga as acusações de que o então dirigente líbio Muamar Kadhafi financiou a campanha eleitoral do conservador em 2007.
Sarkozy, de 59 anos, foi derrotado nas eleições de 2012 pelo socialista François Hollande.
A atual investigação pode complicar seriamente qualquer tentativa de retorno ao cenário político, nas eleições de 2017.

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