Um vaivém de emoções desencontradas
Por Pedro Boschi
A mídia brasileira se divide numa missão de caráter ambíguo. No entanto, com o mesmo propósito de sempre: a audiência.
Sensibilizar, chocar, impressionar e, se possível, fazer chorar. Em decorrência do acidente do dia 17/07 com o avião da TAM que, se estima, levava 186 passageiros, a mídia, travestida de porta-voz da vida brasileira, está tendo que revelar todo o seu potencial de cinismo. Os noticiários gravitam do tom fúnebre e melancólico, para um frenesi histérico. Diante de um acidente desta magnitude, que acontece durante a realização do Pan, a mídia nitidamente perde o prumo.
Por força da realidade eletrizante dos Jogos Pan-americanos, as emissoras são guiadas, por uma espécie de desejo inconsciente e ímpeto dourado das conquistas das medalhas dos atletas, a vibrarem de alegria e se esquecem da tragédia. O vaivém das emoções desencontradas opera como distúrbio cognitivo por excelência.
O mais bizarro é que alguns apresentadores, devido a uma óbvia inexperiência para lidar com uma situação tão diametralmente oposta, se deixam contaminar pela euforia e calor dos fatos, o que deixa no ar um verdadeiro descompasso entre a cobertura jornalística e o distanciamento crítico.
Imaturo e acríticoÉ perfeitamente compreensível que o jornalista, como ser humano comum que é, se emocione ou sinta pena das vítimas. No entanto, o que não tem cabimento é que dentro de um mesmo bloco de telejornal se transmute de um velório para o pódio. Esse tipo de cobertura deixa transparecer um mundo meramente virtual e que nada, nem ninguém, existe de fato. Fico perplexo ao ver na mídia essa aura fantasmática que só se rende à notícia e não pondera o lado humano da vida.
Esse tipo de situação paradoxal serve para expor as vísceras de um jornalismo imaturo e acrítico, que se presta a representar todos os tipos de personagens para alcançar o primeiro lugar em "nossos corações" e, principalmente, a medalha de ouro da audiência.
Por que tanta briga, afinal? Por que tanta discórdia? Será que cada
pessoa em particular consegue mesmo se convencer de ser a única entre o
céu e a terra experimentando emoções desencontradas no mais íntimo de
seu coração?Sensibilizar, chocar, impressionar e, se possível, fazer chorar. Em decorrência do acidente do dia 17/07 com o avião da TAM que, se estima, levava 186 passageiros, a mídia, travestida de porta-voz da vida brasileira, está tendo que revelar todo o seu potencial de cinismo. Os noticiários gravitam do tom fúnebre e melancólico, para um frenesi histérico. Diante de um acidente desta magnitude, que acontece durante a realização do Pan, a mídia nitidamente perde o prumo.
Por força da realidade eletrizante dos Jogos Pan-americanos, as emissoras são guiadas, por uma espécie de desejo inconsciente e ímpeto dourado das conquistas das medalhas dos atletas, a vibrarem de alegria e se esquecem da tragédia. O vaivém das emoções desencontradas opera como distúrbio cognitivo por excelência.
O mais bizarro é que alguns apresentadores, devido a uma óbvia inexperiência para lidar com uma situação tão diametralmente oposta, se deixam contaminar pela euforia e calor dos fatos, o que deixa no ar um verdadeiro descompasso entre a cobertura jornalística e o distanciamento crítico.
Imaturo e acríticoÉ perfeitamente compreensível que o jornalista, como ser humano comum que é, se emocione ou sinta pena das vítimas. No entanto, o que não tem cabimento é que dentro de um mesmo bloco de telejornal se transmute de um velório para o pódio. Esse tipo de cobertura deixa transparecer um mundo meramente virtual e que nada, nem ninguém, existe de fato. Fico perplexo ao ver na mídia essa aura fantasmática que só se rende à notícia e não pondera o lado humano da vida.
Esse tipo de situação paradoxal serve para expor as vísceras de um jornalismo imaturo e acrítico, que se presta a representar todos os tipos de personagens para alcançar o primeiro lugar em "nossos corações" e, principalmente, a medalha de ouro da audiência.
A notícia corre solta e é absolutamente verdadeira, não há alma que possa se livrar desta condição, as emoções misturadas e desencontradas que todos sentimos é uma experiência real, pois se há algo que não aceita questionamentos é justamente a emoção.
Não poderia ser diferente, se o mundo está como está, de pernas para o ar e absolutamente virado do avesso, todos temos de ser informados sobre isso através das emoções que experimentamos em nossa intimidade. E o que sentimos são emoções misturadas e desencontradas, não sabemos mais se gostamos do que gostamos ou se odiamos o que odiamos. Tudo está sob questionamento.
Melhor assim, pois do questionamento sincero e honesto surgirá a verdade e a força necessária para ir além do momento atual.
Porém, quem poderia se gabar de sinceridade e honestidade? Geralmente as pessoas normais não aceitam o desencontro das próprias emoções, buscam culpados para maltratar, como se fossem os outros, os eternamente misteriosos “outros” os culpados das experiências mais íntimas que sentimos. Isso é impossível.
Se você fizer o esforço durante este período para assumir e aceitar a parte que toca a você experimentar, sem tentar empurrar a responsabilidade de seus sentimentos a outrem, então terá dado assim um passo firme na direção daquela sociedade mais justa com que todos sonhamos, uma que seria impossível realizar senão houvesse esse primeiro passo.
Às 20h08 de quinta-feira 29-3-12 a Lua ingressou em Câncer e está em trígono com Netuno, quadratura com Urano, sextil com Marte e oposição a Plutão até 14h48 de sexta-feira 30-3-12, horário de Brasília.
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