3.30.2012

O desafio do Google+


  • Por Renato Cruz
Google Plus
Ninguém pode acusar o Google de não tentar. A empresa já cancelou cerca de um terço dos produtos que lançou em sua história. O Google Wave – que tinha a pretensão de matar o correio eletrônico e que, no final, ninguém entendeu direito para que servia – foi lançado em 2009 e abortado no ano seguinte.
O Buzz, uma reposta ao Twitter, trouxe à empresa mais reclamações sobre privacidade que audiência. O Orkut continua por aí, mas, se você vivesse fora do Brasil, provavelmente nem saberia do que se trata. Fiz uma visita ao Vale do Silício em agosto de 2011, para fazer uma série de reportagens para o Estadão. Ouvi muito palavras de ordem como “fail fast, fail forward” (fracasse rápido, fracasse adiante). Um dos segredos do sucesso é não ter medo de errar. Outro é aprender com os próprios erros.
O Google aproveitou suas experiências anteriores no Plus, lançado em junho de 2011. Depois dos problemas com o Buzz, a nova rede social reforçou recursos de privacidade, com a divisão dos contatos em círculos e a possibilidade de selecionar com quem se quer compartilhar conteúdo.
Paul Allen, fundador da Ancestry.com (e homônimo do cocriador da Microsoft), divulgou estimativas sobre a audiência do Google+ em dezembro de 2011. Naquele mês, segundo ele, o serviço tinha 62 milhões de usuários, e seu crescimento se acelerava, com 625 mil adesões por dia. Um quarto da base tinha menos de um mês.
Allen estimou que o Google+ atingiria 100 milhões de usuários em fevereiro deste ano e 400 milhões no fim de 2012. O Google não comentou os números. A última informação oficial era de que o serviço tinha ultrapassado 40 milhões em outubro. Quando o Google+ chegar aos 400 milhões, a briga começará a ficar interessante. (O Facebook tinha, no final de 2011, cerca de 800 milhões.)
Mas o desafio do Google+ é maior, pois conseguir engajamento é tão importante quanto adesão. Buscador é um lugar por onde se passa, rede social um lugar em que se fica. Se não conseguir fazer com que as pessoas usem de verdade seu serviço de rede social, o Google corre risco de perder sua posição dominante na internet.
A estratégia do Facebook é simples e ambiciosa: substituir a própria rede, tornar‐se o ponto de  entrada, sem saída, da experiência das pessoas na internet. A relevância do buscador é estatística, vem da rede. O Facebook oferece um jardim murado com curadoria de amigos, tornando a relevância uma coisa mais pessoal. E o Google sabe disso, tanto que
resolveu integrar o que é publicado no Plus aos resultados das buscas.
A experiência (pelo menos até agora) mostrou que rede social tem prazo de validade. (Lembra‐se do Friendster? Do MySpace?) Resta saber se o Google+ conseguirá ter tração suficiente para crescer e se consolidar até um eventual declínio do líder.
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O texto acima é minha contribuição ao livro eletrônico Para entender as mídias sociais vol. 2, organizado pela Ana Brambilla, que foi lançado ontem. Ele pode ser baixado gratuitamente.
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