Os físicos italianos Antonio Ereditato e Dario Autiero, líderes do projeto Opera, apresentaram sua renúncia nesta sexta-feira
Antonio Ereditato, porta-voz do experimento Opera
(Martial Trezzini/Keystone/AP)
O Instituto Nacional de Física Nuclear (INFN), na Itália, anunciou
nesta sexta-feira que o físico italiano Antonio Ereditato renunciou ao
cargo de porta-voz do projeto Opera. Este experimento apontou neutrinos
viajando mais rápido do que a luz, mas os resultados não convenceram a
comunidade científica, uma vez que contradizem a Teoria da Relatividade
formulada por Albert Einstein. Dario Autiero, do Instituto de Física de
Lyon e um dos líderes do projeto, também apresentou sua renúncia nesta
sexta-feira.Saiba mais
O que é um neutrino?Neutrinos são partículas subatômicas (como o elétron e o próton), sem carga elétrica (como o nêutron), muito pequenas e ainda pouco conhecidas. São gerados em grandes eventos cósmicos, como a explosão de supernovas, em reações nucleares no interior do Sol e também por aceleradores de partículas. Viajam perto da velocidade da luz e conseguem atravessar a matéria praticamente sem interagir com ela. Como não possuem carga, não são afetados pela força eletromagnética. Existem três "sabores" de neutrinos: o neutrino do múon, o neutrino do tau e o do elétron.
Por que um corpo com massa não é capaz de atingir a velocidade da luz?
De acordo com as equações da Teoria da Relatividade, quanto mais um corpo se aproxima da velocidade da luz, mais energia é necessária para que ele continue ganhando velocidade. Essa energia teria que ser infinita — uma quantidade maior, por exemplo, do que a existente no universo — para que esse corpo fosse acelerado até a velocidade da luz.
Entenda o experimento Opera
Os pesquisadores enviaram neutrinos, um tipo de partícula subatômica, dos laboratórios do CERN, na Suíça, para outras instalações a 732 quilômetros em Gran Sasso, na Itália, e descobriram que elas chegaram 60 bilionésimos de segundo antes da luz. A equipe fez a medição 16.000 vezes e chegou a um nível estatístico que a ciência aceita como descoberta formal. Mas depois foi descoberta uma falha nos equipamentos.
Em setembro, o Opera surpreendeu o mundo da física ao constatar que neutrinos gerados na Suíça teriam percorrido a distância de 732 quilômetros pela crosta terrestre até a Itália e chegado 60 bilionésimos de segundo antes da luz. De acordo com a Teoria da Relatividade, isso seria impossível: a velocidade da luz é considerada o limite máximo.
Em fevereiro deste ano, “fontes familiarizadas com o experimento” declararam que os cálculos feitos pelo Opera poderiam estar errados. A diferença de 60 nanossegundos teria vindo de um mau contato entre uma placa de computador e um cabo de fibra ótica que conecta o receptor de GPS usado para corrigir o tempo de viagem dos neutrinos.
Um mês depois, o experimento Iacrus, do laboratório italiano de Gran Sasso, realizou nova medição da velocidade dos neutrinos em jornada igual ao do teste anterior. Os resultados mostraram um tempo de voo equivalente à velocidade da luz, e não maior, como sugeria o experimento Opera, refutando suas conclusões preliminares.
Ao site da revista Nature, Autiero negou que a renúncia fosse motivada pelo erro na medição da velocidade dos neutrinos.
(Com agência EFE)
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