DESESPERANÇA
Quando o homem alcança o
estado de desesperança, ele age por desespero. Como a própria palavra diz
"desesperar" é deixar de esperar, é chegar ao limite ou fim de alguma
coisa.
Agir por desespero é
tomar atitudes que, se pensadas, jamais se tomaria. É se deixar levar por
emoções que acabam comandando nossas ações. Há pessoas que desesperam-se
facilmente, são mais frágeis e vivem uma vida de inquietudes.
Mas a ação por desespero
pode ser mais complicada, porque nunca vem sem consequências.
Age-se por desespero
quando a esperança acaba e nada mais resta. Então procura-se outras
alternativas para que a dor desse fim diminua. Uns tentam mesmo acabar com a
vida, nem sempre como desejo de acabar, mas muitas vezes como um grito de
socorro. Quase sempre as pessoas não querem morrer, querem simplesmente chamar
a atenção para elas e sua infelicidade.
Há os que casam-se por
desespero, medo de que a dor da solidão seja pior que ficar com quem não se
ama; ou para sair de casa, para ter mais liberdade... que engano! trocam
frequentemente uma prisão por outra ainda pior e mais difícil de sair e solidão
quando se está ao lado de alguém é tão dolorida e verdadeira quanto a de se
estar sozinha... pior até, pois tendemos a culpar sempre a pessoa que está do
lado.
Age em desespero também o
que se acomoda a uma vida infeliz. Este tipo de ação é passivo, mas se bem
refletido é uma decisão, então, ato.
Age por desespero somente
aquele que já não vê o horizonte, que não consegue dar um passo sozinho e não
conhece ou não confia na Palavra de Deus.
Quem age por desespero
porque acha que já não há mais escolhas, deve saber que sempre há escolhas. Nós
fazemos nossa vida, embora os minutos e as horas nos atropelem. Mas somos nós
que construímos, ou destruímos, dependendo do caminho escolhido.
Somos nós os artistas da
nossa vida e se optamos pelo vermelho, amarelo ou cinza só nós somos
responsáveis.
E quando dentro de você a
desesperança se mostrar inevitável, encare-a de frente! Se ainda te resta um
sopro de emoção dentro do peito e uma ansiedade de viver a vida e ser feliz, é
que no seu interior ainda vive a fé, a esperança e o amor. Dê a mão a esses
três aliados e segure bem forte!... Mesmo se você não percebe, os braços do
Deus Pai estão em volta de você. Tenho certeza que uma nova tela branca vai
aparecer na sua frente e os pincéis e variadas cores para que você possa se dar
uma nova chance.
E bem lá no alto os anjos
estarão em festa, porque uma esperança perdida se reconciliou com a vida.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2015
PORQUE SOFREMOS
Sofremos pelo que
não temos, e muitas vezes,
pelo que
acreditamos que era nosso,
e na verdade, nunca
foi.
Sofremos, pela
incerteza do amanhã
que não nos
pertence,
mas que tentamos
controlar.
Sofremos pelas
amizades e afinidades
que tentamos
dominar, possuir sem medidas,
e que se afastam de
nós.
Sofremos pela
doença que podemos ter,
pela gripe que pode
virar bronquite,
e nos abatemos.
Sofremos pelo medo
do imponderável,
pelo que não
podemos medir,
pelo que não vemos,
mas as vezes, podemos ouvir,
e nos trancamos.
Sofremos pelas
nossas faltas,
e nos abatemos com
as dificuldades que criamos,
e estagnamos.
Por isso,
as notas que não
tiramos, as provas que não passamos,
os amores que não
vivemos, o abraço que perdemos,
os cadernos
amarelados, os cheiros da infância,
a velha chupeta
guardada ou perdida,
são doces
lembranças, mas até nelas, sofremos.
Sofremos, porque
não queremos nada simples,
nem simplesmente
viver,
em simplesmente
amar.
Temos medo de nos
entregarmos
definitivamente ao
amor,
medo de sofrer uma
dor maior,
por isso, sofremos,
até pelo que não
sabemos.
E, hoje,
sabendo que o
sofrer é uma antecipação da dor que nem sempre viveremos,
vou procurar
conquistar aquilo que realmente me cabe,
e se a dor me
visitar, vai me encontrar mais forte,
porque tenho a
exata medida de tudo o que já passei,
e sou o fruto
maduro dessa árvore chamada, vida.
Autoria de Paulo
Roberto Gaefke
www.meuanjo.com.br
sábado, 10 de janeiro de 2015
O GRITO
Não sei o que está acontecendo comigo, diz a
paciente para o psiquiatra.
Ela sabe.
Não sei se gosto mesmo da minha namorada, diz um
amigo para outro.
Ele sabe.
Não sei se quero continuar com a vida que tenho,
pensamos em silêncio.
Sabemos, sim.
Sabemos tudo o que sentimos porque algo dentro de
nós grita. Tentamos abafar esse grito com conversas tolas, elucubrações,
esoterismo, leituras dinâmicas, namoros virtuais, mas não importa o método que
iremos utilizar para procurar uma verdade que se encaixe em nossos planos: será
infrutífero. A verdade já está dentro, a verdade se impõe, fala mais alto que
nós, ela grita.
Sabemos se amamos ou não alguém, mesmo que esteja
escrito que é um amor que não serve, que nos rejeita, um amor que não vai
resultar em nada. Costumamos desviar esse amor para outro amor, um amor
aceitável, fácil, sereno. Podemos dar todas as provas ao mundo de que não
amamos uma pessoa e amamos outra, mas sabemos, lá dentro, quem é que está no
controle.
A verdade grita. Provoca febre, salta aos olhos,
desenvolve úlceras. Nosso corpo é a casa da verdade, lá de dentro vêm todas as
informações que passarão por uma triagem particular: algumas verdades a gente
deixa sair, outras a gente aprisiona e finge esquecer. Mas há uma verdade única
: ninguém tem dúvida sobre si mesmo.
Podemos passar anos nos dedicando a um emprego
sabendo que ele não nos trará recompensa emocional. Podemos conviver com uma
pessoa mesmo sabendo que ela não merece confiança. Fazemos essas escolhas por
serem as mais sensatas ou práticas, mas nem sempre elas estão de acordo com os
gritos de dentro, aquelas vozes que dizem: vá por este caminho, se preferir,
mas você nasceu para o caminho oposto. Até mesmo a felicidade, tão propagada,
pode ser uma opção contrária ao que intimamente desejamos. Você cumpre o ritual
todinho, faz tudo como o esperado, e é feliz, puxa, como é feliz.
E o grito lá dentro: mas você não queria ser feliz,
queria viver!
Eu não sei se teria coragem de jogar tudo para o
alto.
Sabe.
Eu não sei por que sou assim.
Sabe.
quinta-feira, 8 de janeiro de 2015
DEPRESSÃO
Dos males que têm assolado a humanidade, a depressão é um dos mais perigosos. Ela se infiltra de maneira hipócrita na vida das pessoas e se instala, conduzindo e condenando a sua vítima a uma vida quase vegetal.
No princípio, apenas uma tristeza; depois vem cansaço e desânimo até que aos poucos ela vai matando todas as forças vitais; a pessoa que sofre desse mal não vê nenhuma perspectiva para o futuro, acha que o presente não é interessante, não vê porta de saída e, pior, não sente vontade de vê-la.
A pessoa depressiva se
sente incompreendida e se isola. Se ninguém a entende não há por que tentar se
explicar. Por outro lado, o sentimento de abandono e solidão pode tornar-se
imenso e pesado. O simples fato de viver é um fardo pesado demais para se
carregar.
Ela pode ser causada por
várias coisas: perda, de uma maneira geral: a morte de alguém que se ama; perda
de um trabalho, amigo, namorado, enfim, de uma situação estável. O medo do dia
de amanhã, a incerteza do futuro. O sentimento de responsabilidade diante de um
nascimento, coisa comum entre as mulheres que acabam de dar à luz, explicado
clinicamente pela baixa de hormônios, também causa depressão. Há artistas
que não suportam o peso da fama. Uma vida monótona e vazia também conduz à
depressão.
Acredito que as pessoas
que levam a vida com mais seriedade tenham mais chance de tornarem-se
depressivas. As pessoas que pensam demais acarretam mais coisas sobre si
mesmas.
A ajuda clínica pode ser
benéfica, mas é preciso ir muito além para se ver livre dessa doença.
Conviver com um
depressivo é difícil, pois por mais que a gente diga para a pessoa reagir,
olhar para a frente, esta só vai sair desse buraco profundo se ela mesma sentir
que quer sair. Podemos, talvez, servir de muletas, mas não de cadeiras de rodas
para essas pessoas. Não podemos carregá-las nos braços o tempo todo, mesmo se
no mais íntimo do nosso coração é o que gostaríamos de fazer. Mas há pessoas
que não andam porque se recusam a andar; outras morrem porque decidem não mais
viver e não há nada que possamos fazer.
Podemos tentar ajudar a
pessoa a pensar positivo. Mas só pensar positivo não basta; é necessário agir
em função dos pensamentos. E é isso que precisamos compreender e fazer com que
compreendam.
E esse mal devastador
acaba não só com a pessoa atingida, mas se insinua em volta de todos aqueles
que o cercam. Lidar com um depressivo é duro, pois dá sentimento de
insuficiência, de incapacidade, de culpabilidade. Se não há um resultado,
acabamos nos perguntando se não poderíamos ter feito uma coisinha a mais para
ajudar, para levantar a pessoa e acabamos por nos sentir responsáveis, o que é
muito perigoso para o nosso próprio equilíbrio.
Mas, querem saber de uma
coisa? O importante é que façamos a nossa parte. Que estejamos do lado, que
estendamos a mão, que oremos, juntos ou sozinhos. O importante é que amamos e sabemos
que amamos a pessoa. Mas, ajudando, que saibamos estar o suficiente distantes
para não nos deixar contagiar. Talvez um cego entenda melhor o outro, mas ele
será melhor guiado por alguém que enxerga normalmente.
Nesse caso, melhor é
estar forte para tentar segurar a barra; estar firme caso o outro precise de
estaca; estar alegre caso um sorriso seja necessário; ter um canto nos lábios
para afastar a tristeza e um coração cheio de amor capaz de compreender,
aceitar e ajudar e ainda assim continuar inteiro.
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