Por Miguel Lucas em Saúde e Bem-Estar
Você
anda ansioso, deprimido, triste, stressado, não consegue dormir bem,
sente-se agitado o tempo todo? Deve tomar medicação ou fazer alguma
coisa para tentar resolver esse mal-estar incapacitante? Às vezes, a
intervenção mais importante que um terapeuta pode fazer é convencer um
cliente a ter que tomar medicação psicotrópica.
Alternativamente, às vezes pode ser crucial desencorajar algumas
pessoas a buscar soluções médicas para os seus problemas emocionais.
Como é que você pode saber que direção tomar quando confrontado com esta
dualidade terapêutica?
EXISTE SEMPRE OPÇÃO DE ESCOLHA
A boa notícia é que nenhuma das
duas decisões é irreversível. Se a medicação psicotrópica não surtiu o
efeito desejado (recuperação do problema), sendo que usualmente é a
primeira opção que a grande maioria das pessoas opta, existe sempre a
possibilidade de recorrer à abordagem psicológica preferencialmente
através da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que geralmente leva a
resultados positivos. Inversamente, se inicialmente optou pela
abordagem psicológica e esta não produziu resultados
suficientes, aliar a terapia psicológica com medicação apropriada pode
produzir um excelente resultado . De facto, a sinergia da TCC combinada
com a medicação pode resultar em progressos mais rápidos e duradouros.
Ainda assim, como é que você
pode saber se um problema exige a “toma de alguma medicação” ou “fazer
algo para resolvê-lo”, ou, como sugerido acima, o tratamento combinado?
Primeiro, deixe-me esclarecer que “fazer algo para resolver o problema”,
seja um problema pessoal ou um problema psicológico,
refiro-me especificamente à abordagem psicológica tendo por base a
Terapia Cognitivo-Comportamental, porque há uma quantidade
impressionante de pesquisas científicas validando a
sua eficácia, indicando que é o tratamento não-médico mais escolhido
para a maioria dos problemas psicológicos.
Na verdade, uma série de pesquisas recentes de neuro-imagem têm
demonstrado que as alterações no metabolismo do cérebro que são
produzidas por medicamentos são também “produzidos” pela TCC.
A MEDICAÇÃO PODE SER ÚTIL, MAS QUASE SEMPRE TEMPORARIAMENTE
No entanto, se alguém está sofrendo de
transtorno bipolar, doença psicótica, depressão maior com pensamentos
suicidas, transtorno obsessivo-compulsivo incapacitante, ou ataques
de pânico extremos, geralmente é necessário iniciar o tratamento com
medicação apropriada. Mas, uma vez que os sintomas mais
incapacitantes tenham desaparecido, a pessoa pode beneficiar muito se
for acompanhada com terapia psicológica (TCC). Em muitos casos, a
medicação pode e deve ser reduzida e, por vezes interrompida
completamente.
A MEDICAÇÃO É CONTRAPRODUCENTE EM ALGUMAS CONDIÇÕES INCAPACITANTES
Se uma pessoa está sofrendo devido
ao stress da vida diária, se tem alguns problemas relacionados com a
ansiedade, tendo dificuldades para gerenciar alguns eventos de vida
significativos, ou está lutando com problemas de relacionamento,
alerto para o facto que a medicação não deve ser uma consideração
imediata (é minha opinião que não deve ser a primeira escolha). Pelo
contrário, a aprendizagem adaptativa de estratégias de enfrentamento, técnicas de relaxamento, reestruturação cognitiva, mudança de crenças inadequadas,
habilidades sociais, habilidades de resolução de problemas e/ou
técnicas de regulação emocional devem ser a primeira linha de
tratamento.
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