Pedido de CPI da máfia das próteses avança na Assembleia do RS
Deputado conseguiu 9 assinaturas necessárias para análise de comissão.
Reportagem do Fantástico mostrou esquema de propina com médicos.
Esquema também envolvia cirurgias
desnecessárias para pacientes (Foto: TV Globo)
Um pedido de instauração de uma CPI para investigar a máfia das
próteses ganhou nesta sexta-feira (9) nove assinaturas necessárias para
que a Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa
analise o requerimento. A solicitação já havia sido protocolada na
terça-feira (6), dois dias após uma reportagem de Giovanni Grizotti, no
Fantástico, revelar um esquema de pagamento de propina entre médicos e
indústrias de próteses.desnecessárias para pacientes (Foto: TV Globo)
Autor do pedido, deputado estadual Vanderlan Vasconselos (é assim mesmo que essa figura se chama Vasconselos com "s") (PSB) ressaltou que caso a comissão aprove o requerimento por maioria na próxima legislatura, a partir de fevereiro, a CPI terá início. "Foi um crime hediondo o que essa máfia praticou contra o estado. Acredito que Assembleia com esse protocolo não vai se omitir", disse o parlamentar ao G1.
Vanconselos deixará o cargo a partir do próximo mês, já que não foi reeleito. Segundo ele, por isso, um dos nove deputados que assinaram o pedido devem assumir como novo proponente da CPI. "A ideia é convocar médicos suspeitos citados, policiais e membros do Ministério Público que investigam o caso", afirmou o parlamentar.
Além de Vasconselos, assinaram o requerimento os deputados estaduais Catarina Paladini (PSB), José Sperotto (PTB), Stela Farias (PT), João Fischer (PP) e Gabriel Souza (PMDB).
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RS) vai investigar a participação de advogados na indústria de liminares que obriga o Estado e os planos de saúde a arcar com a colocação de próteses superfaturadas e, às vezes, até desnecessárias. As informações são do RBS Notícias (veja o vídeo).
A seccional gaúcha da OAB pediu à Procuradoria-Geral do Estado a lista de advogados que assinavam as liminares com pedidos de cirurgia. São pelo menos três profissionais que terão de dar explicações sobre os documentos falsos com orçamentos superfaturados.
Os pacientes desviados do SUS eram encaminhados a escritórios de advocacia pelo ortopedista Fernando Sanchis, suspeito de falsificar assinaturas de colegas nos documentos enviados à Justiça.
A paciente Rosane Pinheiro de Mello é uma das vítimas do esquema. Ela relatou que a advogada que pode ter participação na fraude demorou para entrar com a liminar, que mais tarde foi negada. Enquanto isso, o estado de saúde dela piorou.
“Quanto mais rápido eu pagasse, mais rápido ela entraria [com a liminar]. E aí eu depositei no outro dia, só que ela não entrou com nada. Entrou seis meses apos eu ter estado lá”, conta a técnica em enfermagem.
Médico suspende atendimento em hospitais da Região Metropolitana
O médico Fernando Sanchis suspendeu nesta quarta-feira (7) os atendimentos que prestava em dois hospitais da Região Metropolitana de Porto Alegre: o Dom João Becker, de Gravataí, e o Nossa Senhora das Graças, de Canoas.
O profissional deve ser investigado por uma CPI aberta por vereadores de Gravataí para apurar possível desvio de dinheiro público em cirurgias e procedimentos feitos no Dom João Becker pelo SUS e no Instituto de Previdência e Assistência de Gravataí (Ipag).
Na Câmara dos Deputados, já tramita um projeto de lei para proibir médicos de receber vantagens da indústria de medicamentos e próteses. No domingo (4), a reportagem do Fantástico mostrou que alguns profissionais chegavam a ganhar R$ 100 mil por mês em comissões.
No Rio Grande do Sul, uma campanha do Sindicato Médico (Simers) realizada há dois anos vai ser retomada. A ideia é conscientizar alunos dos cursos de medicina a não aceitar presentes e vantagens da indústria farmacêutica e de próteses.
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