Durante simpósio
ocorrido na Academia Nacional de Medicina no dia 29 de outubro, foi
desmistificado e atualizado o uso da Eletroconvulsoterapia – o famoso
eletrochoque – na depressão refratária e grave, pelo psiquiatra e
Acadêmico Antonio Nardi.
Este tipo de tratamento é sempre questão
de grande preconceito, mas todo preconceito é fruto do desconhecimento.
Salientou que a eletroconvulsoterapia é, em toda a medicina, o assunto
onde existe maior distância entre o conhecimento leigo e o conhecimento
científico. Os filmes de Hollywood e a imprensa sensacionalista
persistem em maldizer e colocar o eletrochoque como procedimento de
tortura, mas na realidade ele é seguro para o paciente e é muito eficaz.
Pode-se contabilizar nos últimos 60 anos, mais de 50 filmes famosos,
nos quais a eletroconvulsoterapia aparece como procedimento desumano.
Hoje em dia, sabe-se que certamente é o tratamento mais eficaz para
depressão grave. Supera todos os antidepressivos e suas
potencializações. O Acadêmico Nardi apresentou um levantamento das
aplicações de eletrochoque realizadas de 2005 a 2007 no Instituto de
Psiquiatria da UFRJ – único hospital público no Rio de Janeiro a
oferecer este tipo de tratamento. Ao longo dos últimos anos o
eletrochoque tem sido muito aperfeiçoado, e aquela imagem do paciente
sendo contido por quatro a cinco enfermeiros e com um chumaço de gaze na
boca, é coisa do passado.
Atualmente
utiliza-se um médico anestesista, sedação com agentes de curta duração,
relaxantes musculares, pré-oxigenação cerebral e eletroencefalograma
para monitoração da crise, bem como melhores dispositivos e melhores
formas de onda de choque para ministrar o eletrochoque transcraniano.
A
Associação Brasileira de Psiquiatria, em seus princípios básicos
publicados em 2005, considerou o eletrochoque (eletroconvulsoterapia)
consagrado ao longo do tempo como tratamento seguro e eficaz. Apresenta
uma taxa de resposta de 80% a 90% como primeiro tratamento e de 50% a
60% em pacientes refratários aos medicamentos. Afirmou ainda que a
eletroconvulsoterapia é o tratamento mais seguro e eficaz para a
depressão em mulheres grávidas e em pacientes cardiopatas, condições em
que os medicamentos estão muitas vezes contraindicados.
Concluiu
que o método é a primeira escolha para depressão grave com risco de
suicídio e outras indicações em quadros com gravidade significativa. É
eficaz em mais de 50% dos pacientes refratários à farmacoterapia, e
passou a ser a primeira escolha em alguns casos, como: 1) Depressão
grave com sintomas psicóticos, 2) Estupor catatônico, 3) Risco de
suicídio, 4) Recusa alimentar com grave desnutrição e 5) Depressão grave
durante a gravidez.
A figura abaixo mostra as principais
indicações para o uso de eletrochoque no Instituto de Psiquiatria da
UFRJ nos últimos oito anos.
O
presidente da Academia Nacional de Medicina, Acadêmico Francisco
Sampaio, lembrou que um dos maiores problemas da depressão é o seu
desconhecimento. Disse ainda que os filmes fantasiosos de Hollywood, bem
como modalidade de aplicação do método há 60 anos atrás, sem o uso de
anestesia e sem relaxamento muscular, causou por vezes algumas
complicações, inclusive fraturas, o que levou à criação de forte
preconceito ao método em todas as camadas sociais da população,
inclusive entre os médicos. Elogiou a iniciativa dos psiquiatras e
Acadêmicos, Costa e Silva, Hoirisch & Nardi, de terem organizado
este importante simpósio e contribuído para a eliminação do preconceito
quanto à doença e seus tratamentos, como o eletrochoque, por exemplo.
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