11.04.2015

Processo de cassação pode ter como relator cabo eleitoral de Eduardo Cunha

Vinícius Gurgel e Fausto Pinato fizeram campanha para o peemedebista no início do ano

Leandro Resende
Rio - Dois dos três deputados cotados para relatar o processo de cassação no Conselho de Ética do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foram cabos eleitorais e entusiastas da candidatura do peemedebista ao comando da Casa. Vinícius Gurgel (PR-AP) e Fausto Pinato (PRB-SP) fizeram campanha para Cunha, no início do ano.
Gurgel chegou a participar e organizar ato favorável ao peemedebista no Amapá. Evangélico, Pinato é o preferido de Cunha para ser o relator do processo.Nesta terça-feira, em sua página no Facebook, Pinato compartilhou notas de sites que o colocaram como favorito ao posto. O deputado Zé Geraldo é o único dos três frontalmente contrário a Cunha, a quem se refere como ‘presidente falido’.

À CPI da Petrobras, Cunha disse que não tinha contas bancárias no exterior
Foto: Gustavo Lima / Câmara dos Deputados

Gurgel, Pinato e Zé Geraldo fazem parte de uma lista tríplice, de onde sairá hoje o nome com a responsabilidade de elaborar um relatório para opinar se o peemedebista quebrou o decoro parlamentar ao dizer que não possui contas bancárias na Suíça.
Investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção e lavagem de dinheiro, Cunha se tornou alvo de processo na Câmara, graças à representação feita pelo Psol e pela Rede. Caberá ao presidente do Conselho de Ética, José Carlos de Araújo (PSD-BA) a escolha do relator.
Ser alvo da Suprema Corte não é exclusividade do presidente da Câmara. Vinícius Gurgel, por exemplo, foi condenado pelo STF neste ano por cometer crime eleitoral: ele foi fotografado na cabine de votação, em 2014, e sua esposa, eleita deputada estadual no Amapá, postou a imagem nas redes sociais. O STF condenou Gurgel a pagar R$ 15 mil de multa pelo delito, previsto na Lei das Eleições. O parlamentar, também respondeu na Corte por crimes contra a ordem tributária em 2013.
Se Fausto Pinato for escolhido relator, o destino de Cunha passará pelas mãos de um parlamentar que responde no STF por falso testemunho. Contra o deputado Zé Geraldo consta apenas uma notificação no Conselho de Ética, mas pesa contra ele seu tom agressivo na defesa do governo.
‘Escolhidos’ para pressão
Os postulantes ao posto de relator afinaram os discursos após a reunião do Conselho de Ética, e disseram estar prontos para suportar as pressões do governo, da oposição e do próprio Eduardo Cunha . Zé Geraldo e Vinícius Gurgel disseram ser contrários ao arquivamento sumário do processo nos próximos dez dias, uma das possibilidades estabelecidas pelo Conselho de Ética. Já Fausto Pinato preferiu não emitir opinião antes da escolha do relator e se disse “independente” e pronto para absolver o correntista do banco na Suíça Eduardo Cunha.

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