Estudo realizado pela UFF, em parceria com a Fiocruz, traz esperança para a cura da doença
Rio - ‘Quem sabe Deus não me colocou nessa situação para mostrar às pessoas que a doença existe e que é muito importante se cuidar?”. Com um sorriso sempre no rosto,
é assim que a fotógrafa e cinegrafista Lilia Pereira, de 61 anos, lida
com a leucemia, o mais comum câncer do sangue e que pode afetar pessoas
de todas as idades. Pouco conhecida, a doença representa ainda um
desafio para a Medicina. Mas uma pesquisa realizada pela UFF, em
parceria com a Fiocruz, pode mudar essa realidade: três moléculas de uma
substância chamada quinona, extraída da casca do ipê, se mostraram
capazes de combater a doença.
“Entender que uma célula é maligna e atacar
somente essa célula estranha, preservando as sadias, é algo muito
difícil”, explica Fernando de Carvalho, professor do Instituto de
Química responsável pelo estudo. Ele alerta que a pesquisa ainda é
inicial: “São estudos preliminares. Não existe a cura ainda.Para que um
dia essas moléculas possam ir à frente como medicamento, é importante
aprofundar o conhecimento sobre elas.”
Enquanto a
cura não é descoberta, o principal tratamento é o transplante de medula.
O Brasil realiza cerca de 2.500 transplantes todos os anos. Só no
Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome),
terceiro maior do mundo, são quase quatro milhões de doadores.
Para
o coordenador do Redome, o médico Luís Fernando Bouzas a situação
evoluiu no Brasil: “Desde 2003, as chances de se encontrar um doador
compatível aumentaram de 15% para cerca de 80%”. Mas esse avanço
representa também um problema. Apesar de o número de leitos ter
aumentado nos últimos oito anos, eles ainda não são suficientes para a
demanda das cirurgias. “Encontramos muitos doadores compatíveis, então, é
preciso aumentar a utilização dos leitos. Deveríamos estar fazendo em
torno de 600 transplantes por ano, contra os 300 atuais”, conclui. Exame simples pode detectar
A descoberta da leucemia foi por acaso, ao fazer um exame de sangue de rotina. Silenciosa, a doença ainda não havia se manifestado. “Até hoje não sinto nada, apenas esqueço algumas coisas. Se não fizesse o exame, talvez, quando a doença se manifestasse, fosse fatal. A pessoa tem que fazer exames regularmente.Não se pode trabalhar, viver, sem saber como está sua saúde”, conta Lilia, irmã de médicos.
Moradora de Macaé, ela está se tratando no Rio. Desde que foi internada no Hospital da Unimed, na Barra, em setembro, conta com o apoio de amigos e familiares para superar a doença. Uma campanha para doação de sangue mobilizou a cidade. “As pessoas começaram a vir de Macaé para doar sangue. Parecia até procissão!”, brinca. A ajuda foi tanta que os médicos do hospital agradeceram a ela. “O estoque do Hemorio estava baixo, e as doações foram suficientes para ajudar outras pessoas”, contou, emocionada.
Lilia resolveu “assumir a carequice” antes que os cabelos começassem a cair com a quimioterapia. “Mandei cortar já antes que caia e fique sujando tudo. Sou doida mesmo. Cabelo cresce”, diz, sempre com bom humor.
Reportagem da estagiária Marina Brandão
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