1.06.2016

Bebida alcoólica corta o efeito dos analgésicos? Veja mitos e verdades

Bia Souza
Do UOL, em São Paulo
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Tomar analgésico e beber mais tarde corta o efeito do remédio. MITO: O álcool não interfere na ação dos analgésicos. O que ocorre é que, por ter um efeito diurético, o álcool faz o organismo excretar mais rapidamente os medicamentos. O efeito parece reduzido porque o organismo já eliminou o medicamento. "O uso de bebida alcoólica intervém no processamento hepático, o que pode acelerar o metabolismo dos analgésicos e assim interferir diretamente no tempo de duração desses fármacos. Porém não se pode dizer que corta o efeito", explica o médico anestesiologista Erick Curi Arte/UOL
Tratar dores de cabeça e musculares com analgésicos é uma prática comum, uma vez que para adquirir os do tipo não narcótico (dipirona, paracetamol e ácido acetilsalicílico) não é preciso ter receita, mas os médicos alertam para os perigos da ingestão descontrolada destes medicamentos, que pode causar doenças e até matar.
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Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, tomar analgésicos constantemente pode causar lesões no fígado e nos rins, além do risco de provocar gastrite, úlcera ou mesmo uma hepatite medicamentosa. "Todo mundo generaliza que grávidas podem tomar paracetamol à vontade. Mas nenhuma pessoa de qualquer idade deve usar analgésicos de forma regular", diz o neurologista Abouch Krymchantowski, diretor do Centro de Avaliação e Tratamento da Dor de Cabeça do Rio de Janeiro.
Algumas pessoas acreditam que as bebidas alcoólicas cortam o efeito dos medicamentos, no entanto o álcool não interfere na ação dos remédios. O que ocorre é que, por ter um efeito diurético, o álcool faz o organismo excretar mais rapidamente os analgésicos, interferindo na duração da ação desses fármacos.
Outro mito sobre a combinação de bebidas alcoólicas e analgésicos é que a mistura causaria um efeito semelhante ao uso de entorpecentes. "O álcool tem uma potente ação sobre o nosso sistema nervoso. A ingestão de bebidas alcoólicas altera a percepção do indivíduo a vários estímulos, entre eles o estímulo doloroso. Assim, ocorre uma falsa impressão de potencialização do efeito dos analgésicos", afirma o médico anestesiologista Erick Curi, diretor administrativo da Sociedade Brasileira de Anestesiologia.
A cafeína, um estimulante do sistema nervoso, está presente em diversos analgésicos por contribuir para a melhora das dores de cabeça, mas a ingestão dos medicamentos não é recomendada com uma xícara de café. "O excesso de cafeína no organismo pode provocar taquicardia e até uma piora da dor", afirma a neurologista Carla Jevoux, membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia.
Segundo a neurologista, o uso de analgésicos para tratar dores de cabeça constantes pode torná-las ainda piores. A médica explica que o aumento dessas substâncias faz com que o corpo fique mais vulnerável aos estímulos que provocam dores, como o abuso de luminosidade ou a falta de sono. Como resultado, o paciente pode adquirir uma doença chamada "cefaleia por excesso de medicação", diz a médica.

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