9.06.2016

Justiça solta manifestantes em SP

Atuação da Polícia Militar de Geraldo Alckmin é criticada por juiz. Corporação nega ter exagerado

São Paulo - Em audiência de custódia no Fórum da Barra Funda, o Juízo do Departamento de Inquéritos Policiais decidiu pela liberdade do grupo de 18 manifestantes detido domingo num centro cultural.
A prisão, uma das polêmicas envolvendo a polícia de Geraldo Alckmin no ato contra o governo Temer, foi considerada irregular. Um jornalista da BBC Brasil também acusa PMs de agressão. “Vivemos dias tristes para nossa democracia. Triste do país que seus cidadãos precisam aguentar tudo de boca fechada”, afirmou o juiz Rodrigo Tellini. A PM nega ter havido excessos.
No Largo da Batata, no fim da manifestação, polícia forma cordão e solta bombas de gás lacrimogêneo alegando vandalismo que não houve Mídia Ninja
O grupo foi cercado e detido antes mesmo do início da manifestação, porque, segundo a Secretaria de Segurança de SP, carregava “uma barra de ferro, câmeras, celulares, toucas, lenços, máscaras e diversos frascos contendo líquidos”, itens que caracterizam o grupo como pertencente a uma “associação criminosa”.
Em relatos de testemunhas, contudo, os jovens carregavam máscaras, vinagre e kit de primeiros socorros. Além disso, um dos acusados alega que a barra foi ‘plantada’ pela polícia. Advogados constataram outros abusos, como a incomunicabilidade dos detidos por oito horas e o impedimento de ingresso dos defensores na delegacia.
O senador Lindbergh Farias, o deputado Paulo Teixeira e o ex-presidente do PSB Roberto Amaral disseram que vão entrar com recurso na Corte Interamericana de Direitos, da Organização dos Estados Americanos, denunciando a violência da PM. “Parece algo orquestrado do governo Temer”, declarou Lindbergh. “Não podemos aceitar essa escalada autoritária.”
Horas antes, milhares de pessoas — 100 mil, segundo os organizadores — marcharam em paz contra Temer Mídia Ninja
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), também criticou a repressão. “Quem participou até o final reportou à prefeitura que não houve nenhum gesto, por parte dos manifestantes, que pudesse justificar uma ação repressiva.” Haddad pedirá que o Ministério Público apure se houve “violência desmedida”.
Em nota, a Polícia Militar de SP alegou ação de vândalos: “Em manifestação pacífica, vândalos atuam e obrigam a PM a intervir com uso moderado da força e munição química.” Não foi registrada, porém, depredação. 
Abert critica agressão a jornalistas
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão classificou como ‘intoleráveis’ as agressões sofridas por profissionais de imprensa por parte de PMs e de um manifestante do ato no Rio.
No protesto na capital paulista, o repórter da BBC Brasil Felipe Souza foi agredido por policiais. “O jornalista estava identificado com colete e crachá, mas, ainda assim, foi vítima de pelo menos quatro policiais que deveriam zelar pela segurança do protesto. Seu celular foi danificado”, diz nota.
O texto cita também o episódio com a reportagem do jornal ‘O Estado de S.Paulo’ no Rio, onde o engenheiro Rubem Ricardo Outeiro de Azevedo Lima, de 58 anos, se aproximou do veículo do jornal aos gritos de “jornal fascista” e “golpista”. Ele chutou o carro, amassando o porta-malas e a porta do motorista.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse ontem que o número de pessoas que protestaram contra o governo Michel Temer foi “substancial”, mas representa uma parcela minoritária da população. “Já tivemos manifestações muito maiores.”
Com informações dos sites Justificando e Mídia Ninja

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